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Vista aérea de Bravães

Bravães, a aldeia dos gaiteiros

Em Bravães, freguesia do concelho de Ponte da Barca, a história continua a escrever-se com o som do sino, o cheiro do alecrim e a vontade firme de manter vivas as tradições. A romaria de São Gregório, a bênção dos instrumentos musicais, as gaitas de foles e os ensaios improvisados no átrio da antiga escola fazem parte de um calendário afetivo onde fé, cultura e comunidade se cruzam. Entre os que sempre cá estiveram e os que escolheram ficar, há um lugar que se renova sem se esquecer de quem é.

Mosteiro de Bravães
Vista exterior do Mosteiro de Bravães ©Tiago Cerveira


Ao som do sino e da gaita

Alípio Pereira tem 76 anos e no bolso guarda a chave de um dos mais importantes monumentos românicos portugueses. É ele quem abre a porta da Igreja de São Salvador, a igreja matriz de Bravães, freguesia do concelho de Ponte da Barca. Fundada no século XII como mosteiro beneditino, foi despromovida a igreja paroquial em meados do século XV.

Dos claustros e da vida monástica restam poucas marcas — hoje, a Estrada Nacional 203 passa praticamente colada ao templo e ao seu adro. Ainda assim, continua a ser um exemplar notável da arquitetura românica portuguesa, com destaque para o portal principal, adornado com esculturas e motivos decorativos, incluindo figuras humanas — raras nesta época.

Alípio Pereira
Alípio Pereira na aldeia de Bravães ©Filipe Morato Gomes

Alípio começou a frequentar as atividades da igreja aos 12 anos. Se lhe perguntam há quantos anos é sacristão, diz apenas que já lá vão mais de 40. Uma das suas funções, além de abrir a porta a quem visita o mosteiro (muito procurado por apreciadores do românico e dos frescos), é tocar o sino. “Nunca gostei de coisas eletrónicas. Modernices, só quando não puder. Enquanto tiver forças, faço como sempre se fez.”

Alípio trata dos sinos à mão, sem automatismos. Não tocam a todas as horas, como noutras igrejas. “Só tocam em momentos certos: às quartas e sextas à tarde, que é quando há missa, e aos domingos de manhã, às 7h30.” A rotina é firme. “Ao domingo, acordo cedo, são seis, seis e meia. Saio de casa, venho cá abrir tudo.” A missa começa às 8h30, mas o sino toca uma hora antes. “Durante a semana, toco meia hora antes, para dar tempo às pessoas.”

Mosteiro de Bravães

Pormenor do Mosteiro de Bravães ©Tiago Cerveira

Mosteiro de Bravães

Mosteiro de Bravães ©Filipe Morato Gomes

Mosteiro de Bravães

Exterior do Mosteiro de Bravães ©Filipe Morato Gomes

Garante que tudo funcione: a missa, os sinos, as portas abertas. Como quem sabe que a fé também se alimenta destes gestos pequenos, constantes, quase invisíveis — mas que fazem toda a diferença. E o sino não serve apenas para chamar à missa. Quando alguém da freguesia morre, Alípio faz soar um toque arrastado, lento, imediatamente reconhecido por todos. É o aviso da morte, sinal de luto e respeito.

Nessa véspera do Dia da Ascensão — uma quinta-feira que já foi feriado nacional (religioso, claro) e que hoje é assinalada apenas pelos mais devotos, que celebram também o Dia da Espiga — morreu um filho da terra. E quando morre um filho da terra, todas as tradições ficam em suspenso. O respeito pelo defunto e pelos seus familiares sobrepõe-se a tudo. Alípio tocou o sino como lhe competia, ainda antes de saber o impacto que isso teria na romaria a São Gregório, celebrada nesse mesmo dia.

Maria da Purificação junto à Capela de São Gregório
Maria da Purificação junto à Capela de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Para Maria da Purificação, mulher de Alípio, quase a chegar aos 80 anos, pouco se altera. Desde que viera dos Arcos de Valdevez para casar com Alípio, que ouve falar da capela de São Gregório e dos milagres que o santo faz. Nunca lhe falhou uma visita. “Tenho muita devoção a São Gregório. Vou todos os anos acender uma velinha. Durante muitos anos ia sozinha, quase não encontrava cá ninguém”, conta, franzina, a dizer bem da vida e mal dos ossos, por ter trabalhado tanto em jovem. “Custa subir até cá acima, mas venho devagar. Faltar à vela a São Gregório é que não.”

A devoção ao santo já passou por várias fases. “A minha sogra morreu com quase 101 anos. Dizia que isto, em tempos, era uma maravilha. Havia procissões lindas, vinham pessoas de todo o lado: de Lavradas, de Bravães, de Corvães. As mulheres traziam os filhos ao colo, a dar de mamar — diziam que São Gregório lhes curava da gota e os meninos ficavam bem.”

Interior da Capela de São Gregório

Interior da Capela de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Capela de São Gregório, Bravães

Rafael e a filha espreitando para dentro da Capela de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Ao lado, o marido escuta, mas não precisa de ouvir muito: sabe tudo o que a mulher conta, talvez com outras palavras, outras memórias. Alípio foi mordomo da romaria muitas vezes. “As pessoas vinham depois de comer, por volta das duas da tarde, e rezava-se o terço. Estava sempre muita gente.”

A capela, situada na linha imaginária que divide duas freguesias de Ponte da Barca, tem o corpo em Bravães e a porta em Lavradas. Essa particularidade ditava a coreografia da romaria. Todos os anos, no Dia da Ascensão, saíam procissões das duas freguesias que se encontravam junto à capela, onde se celebrava o ato religioso principal.


Cresci no campo, mas não era como aqui. Havia florestas, mas não tinham esta força, esta beleza valente que encontrei em Bravães. Talvez seja a montanha, talvez o verão. Há coisas que não se explicam.


Stephanie Loison

Mas o que mais intrigava — e acabaria por ditar o fim da tradição — era uma prática que hoje soa insólita, mas que durante muito tempo foi levada a sério. “Durante a missa, entre o momento em que o padre erguia o cálice e a hóstia, dava-se de mamar leite de mãe e filha à mesma criança”, conta Jaime Ferreri, professor, homem de mil ofícios e com talento para contar histórias e encenar peças de teatro. Acreditava-se que esse leite, partilhado entre duas gerações da mesma família, tinha propriedades curativas. Às vezes era uma menina ou menino; outras vezes, até um animal doente recebia o leite.

Professor Jaime Ferreri
Professor Jaime Ferreri na Capela de Nossa Senhora da Pegadinha ©Filipe Morato Gomes

A prática perdurou até à chegada de um novo padre, vindo da Correlhã. “Assustou-se com o que viu”, recorda Jaime. “Proibiu imediatamente, e a romaria deixou de se fazer.” Já lá vão mais de 70 anos.

Com o tempo, até a procissão desapareceu. A romaria ficou suspensa, mergulhada no silêncio da memória. Mas o espírito comunitário persistiu — e encontrou novo fôlego através da música. A iniciativa de recuperar a romaria partiu da Associação dos Canários e da Associação do Paço de Lima, com o apoio da comunidade musical local.

Romaria de São Gregório

Romaria de São Gregório ©Tiago Cerveira

Romaria de Bravães

Romaria de São Gregório ©Tiago Cerveira

Romaria de Bravães

Romaria de São Gregório ©Tiago Cerveira

Romaria de Bravães

Benção dos instrumentos na romaria de São Gregório ©Tiago Cerveira

Padre Filipe

Padre Filipe durante a bênção dos instrumentos ©Filipe Morato Gomes

“Decidimos recuperar a romaria com uma nova centralidade: a bênção dos instrumentos musicais”, conta Jaime. O desafio foi lançado ao padre Filipe Sá, pároco de Bravães e Lavradas há oito anos. “Achei a proposta muito interessante. Era algo diferente, original, com raízes nas pessoas, nos afetos e na música”, diz o padre.

“É uma cerimónia simples, não é uma eucaristia formal, mas sim uma celebração comunitária, com os músicos da região, com as suas gaitas e rabecas. É importante começar devagar, passo a passo, respeitando o tempo da comunidade.” Com o crescimento das escolas de música e a diversificação dos instrumentos ensinados — cavaquinhos, violas braguesas, entre outros —, a bênção passou a incluí-los a todos. “A bênção é simbólica, claro”, sorri Jaime. “Mas acreditamos que pode abrir o talento de cada músico. E quem sabe? Talvez daqui saiam grandes artistas.”

Romaria de Bravães

Romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Romaria de Bravães

Romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Romaria de Bravães

Romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Romaria de Bravães

Romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Romaria de Bravães

Romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Romaria de Bravães

Romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Romaria de Bravães

Romaria de São Gregório ©Tiago Cerveira

Romaria de Bravães

Romaria de São Gregório ©Tiago Cerveira

Romaria de Bravães

Romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

No fim da cerimónia, em tom de brincadeira, o padre Filipe Sá avisa os jovens músicos: a bênção não faz milagres — o talento precisa de trabalho.

Em 2025, porém, não houve procissão de Lavradas nem de Bravães. As gaitas e os bombos ficaram calados. Não pôde haver festa. Mas houve velas acesas a São Gregório, houve capela enfeitada, houve bênção dos instrumentos. Rafael Freitas, um dos mais ativos dinamizadores culturais da freguesia — gaitista, gaiteiro, arquiteto, professor de música, músico e pai — explica, sucintamente, que o respeito pelos que partem, e pelo sofrimento dos que ficam, é uma tradição tão importante quanto fazer a festa, homenagear um santo ou reencontrar amigos.

Espigas, gaitas e batuques

A festa não se fez na capela de São Gregório, mas o encontro da comunidade fez-se. Stephanie Loison, uma francesa que vive em Bravães há mais de quatro anos não escondia as saudades que tinha daquele encontros.

Flores para decorar a capela em dia de romaria

Flores para decorar a capela em dia de romaria ©Tiago Cerveira

Flores para decorar a capela em dia de romaria

Flores para decorar a capela em dia de romaria ©Tiago Cerveira

Stephanie Loison nos preparativos para a romaria

Stephanie Loison nos preparativos para a romaria ©Tiago Cerveira

Muito antes da cerimónia começar era vê-la empoleirada numa escada a aprender a dizer em português o nome das plantas com que queriam enfeitar o São Gregório. Stephanie é muita coisa – gestora de Projetos, Marketing e Eventos, professora de yoga, e nos últimos tempos, também, herbalista. Ela sabe a importância das plantas, mas não conhecia o significado do Dia da Espiga.

É Mariana (coimbrã que conheceu Rafael na Universidade, e se juntou a ele na vida e na música) e Lúcia (que veio viver para Ponte da Barca por causa de um amor; o amor foi-se, mas ela, mesmo divorciada, quis ficar longe da Lisboa onde nasceu) quem lhe explica o significado de cada elemento que compõe o ramo: Espiga (pão), malmequer (fortuna), papoila (amor), oliveira (paz), alecrim (saúde), videira (alegria).

Capela de São Gregório, Bravães
Capela de São Gregório, Bravães ©Tiago Cerveira

“Estávamos com saudades”, diz Stephanie, logo secundada por Rafael. Houve menos ensaios, menos espetáculos, menos encontros. Houve menos disponibilidade do sempre hiperativo e agitador Rafael que esteve ocupado a ser pai pela segunda vez e que foi obrigado a estar uns meses fora, a construir e montar casas, porque essa é a sua atividade principal. É arquiteto.

Rafael Freitas e Mariana Campos são pais de Rosinha, de 4 anos, e de António, de 4 meses. Rafael diz que tem sorte por ter conhecido Mariana na Faculdade de Arquitetura da Universidade de Coimbra. Ambos tiveram experiências em cidades, no estrangeiro, mas foi em Lavradas que quiseram ficar.

António

António ©Filipe Morato Gomes

Rosinha

Rosinha ©Tiago Cerveira

Mariana, mulher de Rafeal

Mariana, mulher de Rafeal ©Filipe Morato Gomes

“Não sei se é por ser minhoto, não sei se é por ter nascido na família em que cresci, mas a verdade é que sou um homem muito de raiz. Sou uma planta autóctone com pouca resistência e competitividade noutros meios climáticos. E tive a sorte de a Mariana, uma coimbrinha, criada no seio urbano, também gostar da ruralidade, da música tradicional, de todas estas coisas”, diz Rafael.

O casal articula-se para puderem ser ambos pais e arquitetos, numa vila muito perto da fronteira, e com uma intensa atividade cultural. “Pai sou todos os dias. Mas decidi que à quarta-feira não sou arquiteto, posso ser músico e fazer tudo o que gosto”, diz Rafael. Porque ser músico não é uma profissão, mas é muito mais do que um escape. É um modo de vida. “Eu acho que acaba por haver mais oportunidades de qualidade de vida nestes meios mais pequenos. Se realmente quisermos fazer alguma coisa, aqui é muito fácil fazermos a diferença com pouco”, continua Rafael.

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca ©Filipe Morato Gomes

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca ©Filipe Morato Gomes

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca ©Filipe Morato Gomes

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca ©Filipe Morato Gomes

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca ©Filipe Morato Gomes

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca ©Filipe Morato Gomes

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca

Grupo Baquetas ao Rubro, APPACDM de Ponte da Barca ©Filipe Morato Gomes

As atividades de Rafael fazem diferença, mas não se pode dizer que seja pouco o seu empenho, dedicação e entrega. Começa com a escola de Gaiteiros de Bravães – onde Rafael entrou apenas como formando – mas continua com o Grupo dos Gaiteiros, com as aulas que dá na APPACDM de Ponte da Barca – onde criou o projeto Baquetas ao Rubro – com a dinamização de festivais como o Anda à Varanda ou aquela mesma romaria em honra de São Gregório. Todos os pretextos são bons para tirar os instrumentos da caixa, e fazer-se a festa.


Se calhar não sou o melhor professor do mundo, mas sei tocar as pessoas — talvez melhor do que os instrumentos.


Rafael Freitas

“Aqui, como há tão pouca coisa a acontecer, o simples facto de nós querermos pintar a porta de uma capela ou reativar uma romaria já é uma coisa grande e um motivo de contentamento porque não há mais nada”, afirma Rafael Freitas.

Rafael Freitas, gaiteiro de Bravães
Rafael Freitas, gaiteiro de Bravães ©Filipe Morato Gomes

Isso não significa desvalorizar os acontecimentos – porque o que começou como a vontade de pintar uma porta que estava a cair, resultou numa romaria ressuscitada e, depois disso, uma capela totalmente reabilitada. Este verão, com o apoio de um patrocinador como a Secil (que deu apoio técnico e material), a capela de São Gregório foi reabilitada.

A verdade é que todas estas iniciativas acabam por criar comunidade. E numa altura em que as atividades comunitárias que uniam toda a aldeia, como a sementeira e todo o trabalho e produção do linho, são pouco mais do que memórias, são as tradições religiosas e as atividades culturais que voltam a juntar as pessoas.

Celeste Silva demonstrando o ciclo do linho
Celeste Silva demonstrando o ciclo do linho ©Tiago Cerveira

Celeste Silva é uma das melhores guardadoras das memórias de linho – guarda para mostrar a todos os que quiserem ver um álbum de memórias que é um tesouro coletivo, das atividades que então juntavam toda a gente da freguesia.

“Hoje em dia já quase não há agricultura no concelho. Nem de linho, nem de mais nada”, afirma, apontando para os pés de linho que, teimosamente, insiste em plantar. Com quase 80 anos ainda gosta de colher a semente, tratar o fio. Para não esquecer, claro. Mas também para valorizar a atividade, sempre.

Celeste Silva demonstrando o ciclo do linho

Celeste Silva demonstrando o ciclo do linho ©Tiago Cerveira

Celeste Silva demonstrando o ciclo do linho

Celeste Silva demonstrando o ciclo do linho ©Filipe Morato Gomes

Um dos seus seis filhos, Pedro Silva, foi quem, enquanto presidente da Junta de Freguesia de Bravães, criou em conjunto com o município a Escola de Artes e Ofícios. “Uma das oficinas que quisemos desenvolver foi precisamente a da construção da gaita de foles de Bravães e eu fui um dos primeiros formandos. Hoje, o grupo Gaiteiros de Bravães está integrado na Associação Cultural e Desportiva Os Canários de Bravães. O nosso objetivo é divulgar a gaita de foles de Bravães e, com ela, promover o nosso património, a nossa cultura, as nossas tradições”, explica.

Pedro diz que na sua infância já não se ouvia muito a gaita – as concertinas já tinham começado a tomar conta de todas as romarias.

Pedro Silva Bravães
Pedro Silva fotografado junto à Capela de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Certo é que, se a associação Os Canários de Bravães surgiu em 1994 ligada a um clube de futebol, agora é chapéu para muitos outros grupos: um grupo de bombos e Zés Pereiras, Os Imparáveis de Bravães, o rancho folclórico, que também nasceu de uma recriação de um rancho antigo, dos anos 50, e depois a escola de construção de gaitas de Bravães e, depois ainda, o próprio grupo de Gaiteiros.

“Hoje, Bravães mudou. Há mais gente de fora a escolher viver aqui. Antigamente, a freguesia era habitada quase só por gente da terra e por quem cá chegava por casamento. Mas, nos últimos anos, temos recebido muitos estrangeiros, gente que vem comprar casa, passar férias, viver. Já há uma diversidade de famílias, de culturas. E isso também nos enriquece”, diz Pedro Silva.

Construção de gaitas de Bravães

Construção de gaitas de Bravães ©Filipe Morato Gomes

Construção de gaitas de Bravães

Construção de gaitas de Bravães ©Filipe Morato Gomes

Antiga Escola Primária de Bravães, atual sede de diversas associações culturais da freguesia

Antiga Escola Primária de Bravães, atual sede de diversas associações culturais da freguesia ©Filipe Morato Gomes

É essa diversidade de famílias e culturas que vai permitindo, também, que as tradições não se percam. Como a que Jaime Ferreri criou, há quase 20 anos: encenar a Paixão de Cristo, todas as quintas-feiras santas, no átrio do Mosteiro de Bravães, recrutando os atores entre os moradores da freguesia. Ou como o Anda à Varanda, uma festa de música popular realizada no Monte da Pegadinha, em pleno inverno. Sim, janeiro é um bom mês para concertos, oficinas, comunicações, bailes, foliadas, mercado de instrumentos — e comes e bebes.

Os comes e bebes são sempre importantes. E neste ano de 2025, em que o dia de São Gregório coincidiu com a véspera do funeral de um vizinho da capela que o homenageia, não houve arraial no adro até às três da manhã, como no ano anterior.

Festa no final da romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Festa no final da romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Festa no final da romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Festa no final da romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Romaria de São Gregório

Rafael tocando uma gaita de Bravães no final da romaria de São Gregório ©Tiago Cerveira

Festa no final da romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Romaria de São Gregório

Rafael tocando uma gaita de Bravães no final da romaria de São Gregório ©Tiago Cerveira

Festa no final da romaria de São Gregório ©Filipe Morato Gomes

Mas nada se perdeu: os comes e bebes que já tinham sido comprados não se estragaram. Num ajuntamento mais modesto, com a ajuda do luar e de uma luz improvisada “roubada” à antiga escola primária de Bravães — hoje sede da associação Os Canários e de todos os seus grupos — foi no átrio da escola que se comeu e bebeu, cantou e dançou.

E a Stephanie e a Lúcia puderam matar as saudades.

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Rafael Freitas, o arquiteto gaiteiro

Pai, arquiteto, músico autodidata, é o rosto por trás da oficina de gaitas de foles de Bravães, em Ponte da Barca. Entre aulas, construção de instrumentos e encontros de música tradicional, Rafael promove a cultura local como ferramenta de inclusão e pertença, com raízes fundas no território que o viu nascer.

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Nasceu e cresceu na aldeia de Bravães, habituou-se à lida no campo e tem saudades dos tempos em que o trabalho do linho era, também, uma festa. Hoje em dia, a festa só existe em recriações, mas, no seu dia a dia, o linho está sempre presente. Gosta, sobretudo, de partilhar tudo o que viveu e o tanto que sabe.

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Por Luísa Pinto 16/08/2025
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