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Manuel Gonçalves

Manuel Gonçalves, o tanoeiro

Está à frente de uma empresa que tem duas atividades bem distintas: a construção civil e a tanoaria. Manuel Gonçalves, filho e neto de tanoeiros, quis seguir as pisadas familiares e manter um negócio que tem conseguido fazer prosperar. As barricas da Tacopal tanto servem para armazenar vinho em França como no Japão. Eis o seu testemunho.

Instalações da Tacopal em Palaçoulo
Instalações da Tacopal em Palaçoulo ©Tiago Cerveira

“Sempre acreditei: vamos para a frente, e seja o que Deus quiser”

Sou Manuel Gonçalves e sou um dos responsáveis da Tacopal, uma empresa de tanoaria e construção. Sou gerente, tal como foi o meu pai antes de mim, e o meu avô antes dele. A nossa é uma empresa familiar, com raízes profundas: começou com o meu avô, passou para o meu pai, e hoje está nas minhas mãos e nas do meu irmão, que é também meu sócio. E com os olhos postos na geração seguinte — a minha filha e o meu sobrinho já trabalham connosco. O nosso objetivo é que eles deem continuidade a este esforço, a este legado que vem de trás.

A Tacopal tem duas áreas principais de atividade: a tanoaria e a construção civil. No ramo da construção, fazemos obras de raiz até à entrega final — casas familiares, sobretudo. No que toca à tanoaria, fabricamos barricas de vários tamanhos, capacidades e tipos de madeira. Trabalhamos para muitos mercados, em várias partes do mundo.

Costumo dizer que estamos longe de Portugal, mas perto da Europa. Espanha é aqui ao lado.

Manuel Gonçalves

Estar em Palaçoulo tem as suas vantagens. É uma aldeia já com alguma tradição industrial, o que nos diferencia de outras zonas mais isoladas. Mas claro que estamos no interior do país, numa região menos favorecida. Costumo dizer que estamos longe de Portugal, mas perto da Europa. Espanha é aqui ao lado. Foi por isso que, quando peguei no negócio e criei a marca Tacopal, dei logo o salto para fora. Comecei por Espanha — também porque falava um pouco a língua — e a partir daí fui expandindo: França, Alemanha, Europa… e depois outros continentes.

Tacopal Palaçoulo
Barricas produzidas pela Tacopal ©Tiago Cerveira

Palaçoulo, lá fora, é sinónimo de qualidade. Os nossos produtos, e outros feitos por cá, são reconhecidos internacionalmente. Isso enche-me de orgulho. Sinto que há aqui um espírito empreendedor, uma capacidade de trabalho que vem de longe. Já se falou por aí numa “geração de ouro”, e eu concordo. No fundo, Palaçoulo é o que é hoje graças a três pessoas: o meu pai, Abel Gonçalves, o José Maria Martins, da cutelaria, e o Manuel António Martins, conhecido como Simão. Foram eles que resistiram à tentação de emigrar, que ficaram e lançaram as bases para o que temos hoje. Depois, vieram outros filhos da terra, alguns regressados da emigração, e o ciclo foi-se alimentando.

Hoje, claro, também temos dificuldades. A mão de obra é uma delas. Vivemos numa região desertificada, com menos gente jovem, e com pouca formação especializada. Acaba por ser na própria empresa que as pessoas aprendem. Mas não deixamos de ser um polo de emprego. Não só para Palaçoulo, mas também para as aldeias vizinhas e até para os concelhos em redor. Muitos dos que aqui trabalham vêm de fora e fazem diariamente o trajeto para cá.

Tacopal Palaçoulo
Tacopal ©Tiago Cerveira

Esta atividade já conta com mais de 100 anos. Começou com o meu avô, ainda de forma muito artesanal, com produção sazonal, voltada para os pequenos produtores de vinho. Vendia-se localmente, nas feiras, sobretudo na época das vindimas. O mercado era muito diferente, muito localizado. Ainda no tempo do meu pai vinham muitos espanhóis cá comprar barricas — uma, duas, cinco, dez… E foram-se criando relações de amizade que ainda hoje existem.

Quando chegou a minha vez de gerir a empresa, percebi que esse mercado tradicional estava a esgotar-se. Ou abandonava, ou apostava. E eu optei por apostar. Em vez de esperar que os clientes viessem até cá, fui eu até eles. Comecei por Espanha, onde já tinha alguns contactos, e fui alargando o leque. Houve uma altura em que o nosso principal mercado era mesmo Espanha. E depois, naturalmente, surgiram oportunidades noutros países.

Manuel Gonçalves
Manuel Gonçalves no seu escritório ©Tiago Cerveira

Nunca fui muito apologista de grandes campanhas de marketing. Sempre preferi que os nossos próprios clientes fossem o nosso cartão de visita. É um crescimento mais lento, sim, mas muito mais sustentável. Para isso, é preciso garantir qualidade. Servir um bom produto, cumprir os compromissos, ser sério nos negócios. Quando assim é, as pessoas falam bem de nós. O famoso boca-a-boca.

Claro que houve momentos de dúvida. Houve propostas para sair, para mudar de vida — boas propostas, com boas condições. Mas nunca equacionei essa hipótese. Isto está-me no sangue. É uma herança familiar. Para mim, seria impensável que um dia se dissesse: “o tio Abel deixou-lhe as portas abertas e o Manuel fechou-as”. O meu pai nunca me exigiu que seguisse os passos dele, mas eu sabia o quanto isso o deixaria feliz. Por isso, nunca pensei em desistir. Sempre acreditei: vamos para a frente, e seja o que Deus quiser.

Tacopal Palaçoulo
Pormenor de uma barricas da Tacopal ©Tiago Cerveira

Sempre preferi dar passos seguros. Nunca fui de arriscar além do que posso. Tenho noção de que, se tivesse apostado de outra forma, podia ter ido mais longe — mas também podia ter corrido mal. Esta foi a minha estratégia: crescer com solidez, apostar na qualidade e na confiança. E os resultados estão à vista: os nossos produtos estão espalhados pelo mundo.

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Tanoaria J M Gonçalves

Palaçoulo, a aldeia industrial

É uma aldeia industrial. Bastaria esta afirmação para a distinguir de todas as outras. Palaçoulo, em Miranda do Douro, é conhecida internacionalmente pelos produtos que dali seguem para os quatro cantos do mundo. Em pleno planalto mirandês, onde outrora parecia que as estradas não chegavam e o tempo estagnava, uma longa reta – a Avenida da Indústria – acolhe cutelarias e tanoarias, algumas ainda de cariz artesanal. Palaçoulo é também terra de pastores e de pauliteiros. E de monjas.

Ler Artigo Palaçoulo, a aldeia industrial

José Francisco, pastor em Palaçoulo

José Francisco, o pastor de Palaçoulo

Tem uma ou duas preocupações: ver as suas ovelhas sempre bem estimadas e bem vestidas, e saber se os seus amigos de sempre, os que, como ele, não têm família por perto nem gente com quem partilhar a casa, andam bem. Gosta de conversar e conhecer pessoas, e de pagar cafés a quem com ele conversa.

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Giusy Maffini

Irmã Giusy Maffini, a Madre Superiora

Está à frente de uma comunidade de 10 monjas, que se mudou de Vitorchiano, em Itália, para Palaçoulo, em Miranda do Douro, para se instalar no primeiro mosteiro trapista construído em Portugal. A expectativa que trouxe foi a de construir uma casa que acolha muitas monjas portuguesas, que floresça como uma comunidade local, alegre, fecunda e “portadora da beleza da vida cristã”. E diz que há qualquer coisa especial em Palaçoulo. A começar pelo céu.

Ler Artigo Irmã Giusy Maffini, a Madre Superiora

Maria Buendía e Xavier Rodrigues

Maria Buendía e Xavier Rodrigues, os Caramonicos

Ele é presidente da Lérias – Associação Cultural, ela da Associação Cultural dos Caramonicos, a que pertencem os Pauliteiros de Palaçoulo. Xavier Rodrigues é de Palaçoulo, Maria Buendía é de Múrcia e ambos são um casal à espera da primeira filha em comum. São os grandes dinamizadores da vida cultural da aldeia. E pais da próxima criança a nascer.

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Altino Gonçalves

Altino Martins, o mirandês

Começou a trabalhar na oficina do pai ainda miúdo, teria uns dez anos. passava os verões a trabalhar. Lembra-se da primeira tarefa que lhe deram ( grosar o cabo de uma navalha) e da primeira cicatriz que ganhou (a lâmina desprendeu-se e fez-lhe um golpe no braço). Mas todo o tipo de marcas e tatuagens que a vida lhe foi deixando sempre lhe aumentou a “proua” de ser mirandês.  E o orgulho de ser de Palaçoulo. Altino é, também, um exímio contador de histórias.

Ler Artigo Altino Martins, o mirandês

Daniel Cruz

Daniel Cruz, o jovem cuteleiro

Tem 27 anos de idade e diz que fará as maratonas que for preciso. “A vida é feita de maratonas e desafios. Se não for assim, não tem piada”. Ter nascido em Palaçoulo, terra de empreendedores, desenhou-lhe o destino. Com a conclusão do secundário terminou os estudos e começou a ajudar o pai na cutelaria que criou do zero. Não tem irmãos nem sócios, aceito o “mando” que o pai lhe deu. E está apostado em fazer a cutelaria José da Cruz crescer.

Ler Artigo Daniel Cruz, o jovem cuteleiro

Eliseu Fernandes

Eliseu Fernandes, o velho artesão

Tem 78 anos e quase sempre um cigarro entre os dedos. Bebe muito, fuma mais, dorme pouco. Mas não há mãos que lhe tremam quando está a fazer uma das artes de que mais gosta: fazer navalhas. Eliseu Fernandes é um dos últimos artesãos de Palaçoulo, que constrói “navalhinhas” de forma artesanal. Não só talha os troncos para fazer punhos, como pega em ferro velho para fazer lâminas. Só faz navalhas quando lhe apetece – ou quando precisa de dinheiro para tabaco.

Ler Artigo Eliseu Fernandes, o velho artesão

Alberto Martins

Alberto Martins, o gestor

É o filho mais novo de José Maria Martins, a família que está à frente da fábrica Martins, a maior cutelaria de Palaçoulo, que emprega cerca de meia centena de pessoas. Alberto Martins deixou uma carreira de professor para profissionalizar a gestão da empresa familiar e, em conjunto com os irmãos, fazer crescer a empresa.

Ler Artigo Alberto Martins, o gestor

Francisco Cangueiro

Francisco Cangueiro, o cuteleiro escultor

O gosto e o talento para esculpir começaram numa fábrica de marcenaria, mas cedo chegou às facas. Francisco Cangueiro começou a trabalhar numa das fábricas da aldeia, mas acabou por sair e por se dedicar às peças de coleção, já há 41 anos. O processo não tem nada de industrial. E tem tudo de artístico. Já vendeu falcatas a valer mais de 2.500 euros.

Ler Artigo Francisco Cangueiro, o cuteleiro escultor

Felismina Gonçalves

Felismina Gonçalves, a tanoeira

Filha e neta de tanoeiros, esposa e nora de cuteleiros, pôde escolher em que indústria trabalhar. Experimentou as duas, mas foi na indústria da tanoaria que escolheu fazer caminho, e partilha com os irmãos a gestão da maior empresa de tanoaria de Portugal. Viveu em França, foge das cidades e da vida apressada.

Ler Artigo Felismina Gonçalves, a tanoeira


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Por Luísa Pinto 15/06/2025
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