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Altino Gonçalves

Altino Martins, o mirandês

Começou a trabalhar na oficina do pai ainda miúdo, teria uns dez anos. passava os verões a trabalhar. Lembra-se da primeira tarefa que lhe deram ( grosar o cabo de uma navalha) e da primeira cicatriz que ganhou (a lâmina desprendeu-se e fez-lhe um golpe no braço). Mas todo o tipo de marcas e tatuagens que a vida lhe foi deixando sempre lhe aumentou a “proua” de ser mirandês.  E o orgulho de ser de Palaçoulo. Altino é, também, um exímio contador de histórias. Eis o seu testemunho.

Cutelaria MAM
Antiga placa para a fábrica de navalhas MAM ©Tiago Cerveira

“A história está nas ruas, nos ofícios, nas mãos de quem trabalha”

Chamo-me Altino Martins, e sou cuteleiro. A tradição da cutelaria em Palaçoulo faz parte da minha história familiar há várias gerações. Tudo começou com o meu tetravô, Simão, que era ferreiro. Por necessidade e também por gosto, começou a expandir o seu trabalho, fabricando facas e canivetes. Naquela altura, quem trabalhava com metal tinha de ser versátil. Se não havia relhas para forjar, fazia-se outro tipo de utensílios. Assim nasceu a nossa ligação à cutelaria, que foi passando de geração em geração até chegar a mim.

A evolução da cutelaria em Palaçoulo foi um processo lento, condicionado pela falta de eletricidade e pelos meios rudimentares de produção. No início, tudo era feito manualmente ou com motores a gasolina.

Altino Martins

O nome da nossa marca, MAM, vem do meu pai, Manuel António Martins. No entanto, o meu tetravô, como não havia uma regulamentação clara de marcas na altura, marcava as suas peças simplesmente com o nome Simão. Curiosamente, hoje tenho um neto que também se chama Simão, porque o meu filho gostou da história do seu antepassado e quis homenageá-lo.

Cutelaria MAM, Palaçoulo
Cutelaria MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

A evolução da cutelaria em Palaçoulo foi um processo lento, condicionado pela falta de eletricidade e pelos meios rudimentares de produção. No início, tudo era feito manualmente ou com motores a gasolina. Foi só quando o meu pai, que chegou a ser presidente da Junta de Freguesia por três mandatos, conseguiu trazer eletricidade para a aldeia que a produção começou a ganhar outro ritmo. Com a chegada da luz elétrica, houve um crescimento significativo e alguns dos que trabalhavam connosco acabaram por abrir as suas próprias oficinas. Hoje, Palaçoulo tem vários artesãos, cada um com o seu estilo, mantendo viva esta tradição.

A tecnologia também trouxe mudanças significativas ao setor. O aço moderno é mais adequado à cutelaria e possui características que prolongam a durabilidade do corte. O segredo está em saber tratar cada tipo de aço conforme as suas especificidades. O processo envolve a escolha da dureza ideal e o uso de fornos com atmosfera controlada para garantir um tratamento térmico preciso. Se a faca ou o canivete forem bem temperados, terão uma performance muito superior. Cada detalhe conta, desde a composição do aço até ao seu acabamento final.

Cutelaria MAM, Palaçoulo

Cutelaria MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

Cutelaria MAM, Palaçoulo

Cutelaria MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

Cutelaria MAM, Palaçoulo

Cutelaria MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

No que toca à minha história pessoal, comecei a trabalhar muito cedo. Cresci numa casa pequena, com uma oficina de 10 por 5 metros no andar de cima. Depois de terminar a quarta classe e fazer a admissão, decidi não continuar os estudos e entrei diretamente para a produção de canivetes. O meu pai tinha feito uma parceria com um amigo, que mais tarde viria a fundar outra fábrica na região. Foi nesse ambiente que aprendi o ofício. Aos 10 anos, já passava os verões a trabalhar.

Lembro-me perfeitamente da primeira tarefa que me deram: grosar o cabo de uma navalha, segurando-a num torno e usando uma grosa e uma lima. Foi nesse período que ganhei a minha primeira cicatriz, quando uma lâmina se desprendeu e me cortou. Um pequeno acidente que se tornou numa tatuagem permanente da minha infância.

A primeira morada da fábrica de navalhas MAM na aldeia de Palaçoulo
A primeira morada da fábrica de navalhas MAM na aldeia de Palaçoulo ©Tiago Cerveira

A parceria do meu pai acabou por se desfazer, e cada um seguiu o seu caminho. Continuei a trabalhar na oficina familiar, primeiro com o meu irmão Domingos, até que ele teve de partir para o serviço militar em Angola. O outro jovem que trabalhava connosco, José Foguete, foi mobilizado para Moçambique. De repente, fiquei sozinho na oficina. Mas foi assim que aprendi, com as dificuldades e desafios do ofício, até fazer do fabrico de navalhas e canivetes a minha vida.

Tiveram de ir, não era opcional. Ou desapareciam para Espanha, França ou Alemanha, se não quisessem cumprir o serviço militar, ou tinham de ir obrigatoriamente. Na altura era assim. Foi então que um rapaz, que já trabalhava noutra fabriqueta com o irmão, veio trabalhar comigo. Encontrámos mais um e ficámos assim durante três anos, três anos e meio, até aos meus 15 ou 16 anos.

Cutelaria MAM, Palaçoulo
Cutelaria MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

Depois, o meu irmão regressou de Angola e continuou a trabalhar connosco. Foi nessa altura que começámos a comprar mais máquinas e ferramentas para cortar as lâminas já com o design que escolhíamos – o chamado cortante. Fomos renovando e modificando as facas e canivetes que fazíamos. Muitas vezes era uma invenção: “Olha, vi isto no mercado, vi aquilo…”. Mas não havia os meios de hoje para investigar, captar ou visualizar as tendências. Tudo era mais limitado. 

A cutelaria acabou por se impor, mas esta região tem muitas tradições. Na minha juventude fui pauliteiro, talvez uns 10 ou 12 anos. Fizemos atuações em vários sítios, estivemos na FIL em Lisboa por duas vezes e até fomos atuar para os presos na cadeia de Bragança. Lembro-me especialmente dessa visita porque um dos presos era um conhecido meu. Foi um momento marcante. 

Cutelaria MAM, Palaçoulo

Cutelaria MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

Fotografia do pai de Altino Gonçalves, fundador da MAM

Fotografia do pai de Altino Gonçalves, fundador da MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

Ser pauliteiro exige técnica. A dança tem um esquema bem definido, com oito elementos: guia direito, guia esquerdo, pião direito, pião esquerdo, divididos em dois grupos de quatro. Quem está nos extremos lidera a dança. Os movimentos têm de ser precisos, senão, em vez de bater no pau, bate-se no dedo. Durante uns 14 ou 15 anos fomos um grupo ativo, mas depois a tradição perdeu-se por uns tempos. 

Mais tarde, recuperámos a tradição graças a um antigo pauliteiro que teve paciência para nos ensinar. Depois, outro senhor, amigo de um gaiteiro, juntou-se a nós. Cheguei a ir buscar o gaiteiro várias vezes no meu carro. Mas quem corre por gosto não cansa. Estávamos decididos a não deixar o pauliteiro desaparecer. Hoje, há dois grupos em Palaçoulo: um sénior e um júnior. Miúdos de oito ou nove anos já andam a bater os paus e adoram. 

Pauliteiros de Palaçoulo
Pauliteiros de Palaçoulo ©Tiago Cerveira

É um pouco como o mirandês, que quase se perdeu, mas agora está a ser recuperado. As pessoas voltaram a gostar de falar a língua, e quem souber falar português e mirandês tem mais uma riqueza. Há até quem pergunte como se aprende o mirandês, interessado em manter viva esta herança cultural.

Quando eu era mais novo, os bailes na aldeia eram simples, mas animados. Havia a caixa, o bombo, a gaita a tocar, ou então um gira-discos. O meu irmão até tinha um alto-falante, e era numa casa no centro da aldeia que tudo acontecia. A nossa casa era uma referência: o meu pai tinha um souto, um comércio e uma taberna. Mas era no largo, junto ao cruzeiro, que se punha o altifalante e que a festa ganhava vida.

Quando havia um casamento, no dia seguinte os noivos tinham de pagar o vinho à aldeia. Se não pagassem, vinham os castigos: a chocalhada. Pegávamos em badalos grandes, como os das ovelhas, e fazíamos barulho pela noite dentro, à porta dos pais dos noivos, se eles também fossem da aldeia.

Altino Martins
Navalhas MAM, Palaçoulo
Pormenor das navalhas MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

Lembro-me bem das trovas do Carnaval. Era um momento muito esperado. Cada moço e cada moça tinham o seu par e, entre brincadeiras, organizávamos casamentos fictícios. Os versos, sempre em quadras, eram pensados ao detalhe: uns mais picantes, outros mais suaves, mas sempre com cuidado para não magoar ninguém. Em certos anos, chegámos a escrever mais de 170 versos! Falávamos das raparigas da aldeia, algumas levavam uma picadela aqui e ali, mas tudo fazia parte da tradição.

As trovas eram declamadas de uma forma curiosa. Não havia microfones, então usávamos um funil grande, o embude. O som saía amplificado e assim toda a aldeia ouvia. No final, dizíamos o que cada um levava de dote, sempre em tom de brincadeira. Era um momento de muita risota e, claro, tudo era dito em mirandês.

Navalhas MAM, Palaçoulo

Cutelaria MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

Cutelaria MAM, Palaçoulo

José Martins, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

Outra tradição forte era o “pagabinho”. Quando havia um casamento, no dia seguinte os noivos tinham de pagar o vinho à aldeia. Se não pagassem, vinham os castigos: a chocalhada. Pegávamos em badalos grandes, como os das ovelhas, e fazíamos barulho pela noite dentro, à porta dos pais dos noivos, se eles também fossem da aldeia. Se não havia badalos, improvisávamos. Usávamos as tampas de bidões, que faziam um estrondo imenso quando rolavam estrada abaixo.

Houve um caso caricato: um casal de emigrantes casou e não pagou o vinho antes de partir. Os pais foram responsabilizados, mas também não pagaram. Então, organizámos a chocalhada. Às tantas, já passava da meia-noite, e um dos pais, cansado do barulho, apareceu à porta: “Quanto é que querem?”. Assim que pagou, a festa acabou, o bidão foi recolhido e nunca mais se falou no assunto.

Cutelaria MAM, Palaçoulo
Cutelaria MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

Estas eram as nossas tradições. Eram tempos de menos recursos, mas de mais união. Hoje, algumas destas práticas já se perderam, mas o espírito da aldeia, esse, mantém-se vivo.

O tempo mudou muita coisa, mas algumas tradições ainda se cumprem. Os casamentos, por exemplo, sempre vão acontecendo, mas há muitos jovens que já não querem casar. Cada um tem a sua maneira de pensar. Antigamente, os padres ficavam zangados porque tinham pouca clientela. Hoje em dia, é diferente. Antes, o casamento e o batizado eram momentos fundamentais, que davam vida à aldeia. Agora, há outras distrações e outros ritmos de vida.

Cutelaria MAM, Palaçoulo
Produção de navalhas na Cutelaria MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

O futuro? Bem, isso nunca se sabe. Mas queremos continuar, claro. Criar novos modelos, novas ideias. O nosso trabalho é evoluir e acompanhar o que os clientes procuram. Há sempre quem prefira um modelo mais tradicional, outros querem algo mais moderno. Por isso, fabricamos diferentes tipos de canivetes, para satisfazer todos os gostos.

Esta empresa já vai na quarta geração e esperamos que continue. Se Deus quiser, haverá continuidade.

Além disso, sempre me envolvi na vida da aldeia. Estive na direção da Caixa Agrícola, na cooperativa agrícola e na zona de caça associativa. Quando começámos com a Caixa Agrícola, foi um grande desafio. 

Navalhas MAM, Palaçoulo
Cutelaria MAM, Palaçoulo ©Tiago Cerveira

Tivemos de lutar para construir a sede, ir a Lisboa, a Santarém, reunir, negociar. Durante três mandatos, fiz parte da direção, e lembro-me bem de quando, no último mês, os cargos passaram a ser remunerados. A minha esposa até me disse: “Agora que começam a pagar, é que sais?” E eu respondi: “Pelo menos ninguém pode dizer que estive lá por interesse.”

Aqui em Palaçoulo, a história não está apenas nos livros. Está nas ruas, nos ofícios, nas mãos de quem trabalha. E isso, espero eu, nunca se vai perder.

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Por Luísa Pinto 18/06/2025
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