A história da aldeia de Provesende ajuda a contar a história de todo o Douro vinhateiro. Situada no concelho de Sabrosa, a cinco quilómetros do Pinhão, a aldeia mantém muitas das tradições que desde há séculos a transformaram numa das mais importantes do Douro, ao mesmo tempo que vai acomodando a inovação tecnológica, as alterações climáticas e a procura turística.
O dia ainda não ocupou o lugar da noite, mas o negro do céu já começa a deixar-se tomar por um tom azulão que anuncia que o sol vai nascer. É mais ou menos por essa hora que António Joseph Matos estaciona a sua carrinha no largo da aldeia e abre a porta da Padaria Fátima, inaugurada em 1940, e cujo interior permanece funcional e inalterado desde então.Porém, não foi Fátima, a proprietária original, quem lá passou mais dias, ou melhor, anos. Foi antes Etelvina, mãe de António, que criou cinco filhos enquanto amassava pão de centeio, milho, trigo.
Etelvina faleceu há dois anos, mas António já ali trabalha diariamente há cerca de 20. Desde que deixou a Suíça, onde esteve emigrado e onde ainda tem filhos a viver – e Joseph é alcunha que lhe deram pela dúzia de anos que passou naquele país.
Faça chuva, faça sol, de segunda a sábado, antes de nascer o dia e muito antes do sino da igreja tocar (o toque diário começa às sete da manhã), António entra na padaria para mais um dia de trabalho. As farinhas ficaram pesadas, o forno cheio de lenha, as próximas horas vão ser passadas a amassar, enfarinhar, enfornar, desenfornar, acomodar o pão em cestos. “As pessoas já sabem que se chegarem à padaria até às 10h00 ainda me encontram. Depois disso já não me apanham aqui, que vou por essas aldeias fora distribuir pão”, diz António.
Esteve vários anos emigrado, trabalhou na construção civil em Riade, na Arábia Saudita, e num hotel na Suíça. Mas sempre suspirou pelo seu “cantinho”. Quando o irmão mais velho, que ajudava a mãe na padaria, faleceu, regressou ele para a ajudar. Agora faleceu a mãe, e António não tem quem o ajude de forma mais constante. Mas continua a procurar.
Desta vez é a prima, Maria Augusta, quem lhe está a “fazer o jeito”. “Afinal também sou neta e bisneta de padeiras, também sei como se faz”, diz Maria Augusta, que tem 56 anos mas pouca saúde para lidar com o trabalho da padaria em modo diário. “Não é qualquer um que aguenta isto. Não é que seja difícil de aprender, mas é um trabalho duro. Pelo horário em que se começa, pelo calor que aqui se apanha. Isto de inverno sabe bem, mas de verão é muito difícil”, diz António.
Passam poucos minutos das oito horas quando começam a chegar os primeiros clientes. Vem Lurdes, a funcionária do Papas Zaide, o único restaurante da aldeia, e que funciona apenas por marcação.
Antes de abrir para as refeições, muitos já se habituaram a passar pelo restaurante para tomar o pequeno-almoço ou beber um café. E com pão fresco tudo sabe sempre melhor.
Logo de seguida é Nuno Gonzalez, proprietário da Quinta Fonte do Milho, quem vem buscar algumas broas. Fá-lo todos os dias, para todos os dias oferecer pão fresco aos turistas que o procuram para provas de vinho, azeite, visitas à vinha e, agora que estão a decorrer, às vindimas.
“Alguns turistas ainda nos pedem para vindimar. E nós dizemos que sim: passamos-lhes para a mão um balde e uma tesoura. Mas a verdade é que não se aguentam muito tempo. Isto é um trabalho difícil”, diz Nuno Gonzalez.
Nuno demitiu-se da vida de escritório que levava na cidade de Vila Real, onde vivia e trabalhava no setor automóvel, para arregaçar as mangas e aprender do zero a produzir vinho e gerir uma quinta no Douro.
“Tem sido uma aprendizagem constante. Agora posso dizer que adoro o meu escritório. Já não são quatro paredes, mas uma paisagem sempre em plena mudança. Pode haver quem pense que isto é monótono, que é sempre tudo igual. Mas nada disso. Os meus dias são sempre a correr, de um lado para o outro, a fazer coisas diferentes. Já não consigo estar muitos dias longe disto”, diz Nuno.
A Quinta Fonte do Milho era uma propriedade que os pais tinham herdado e onde estavam caseiros a trabalhar. Depois, com a morte dos pais, e ao receber a quinta de herança, Nuno dispôs-se a aprender como se faz, em vez de pagar para mandar fazer. “Chegávamos ao fim das contas e não era sustentável. O prejuízo era enorme. Só tinha duas opções: ou vendia, ou vinha para cá eu. Ainda bem que optei pela segunda”, conta Gonzalez.
Nos primeiros anos, a Quinta Fonte do Milho era o local de trabalho onde passava os dias. Agora é também a casa de família, onde passa as noites em conjunto com a mulher e o filho.
“Tudo passou a fazer mais sentido agora. Eles continuam a ir todos os dias para Vila Real, porque a minha mulher trabalha lá e o meu filho continua lá na escola. Mas a nossa casa é aqui”, concretiza o gestor de 47 anos, que que agora se apresenta como agricultor. “A agricultura é a melhor forma de empobrecer alegremente”, sorri.
Na Quinta Fonte do Milho a produção é pequena. E Nuno é um produtor independente que tem conseguido escoar cerca de 90% da sua produção para o mercado estrangeiro – e sem grandes custos de expedição, já que os faz em venda direta. São os estrangeiros quem vêm buscar o material à sua porta, quando visitam a propriedade para fazerem provas de vinho e degustação de azeite.
Há os turistas que estão de passagem, na estrada entre o Pinhão e Sabrosa, e têm curiosidade suficiente para parar e entrar, e há os que vêm com marcações já feitas junto de operadores turísticos (que quase sempre os trazem a partir do Porto) ou através das redes sociais da quinta. Marta Januário, que este ano está a acompanhar as visitas à quinta, diz que “foi um verão intenso, com visitas quase todos os dias”.
Enquanto não recomeça as aulas na Universidade de Vila Real, onde está a tirar uma Licenciatura em Educação Básica, Marta foi o braço direito de Nuno. Este emprego de verão na aldeia onde cresceu e sempre viveu foi uma bela oportunidade. “Nunca pensei em sair da minha aldeia. Tenho amigos que aspiram por sair de casa dos pais e estudar para outros sítios para terem mais liberdade. Eu e o meu irmão sempre tivemos a liberdade que queremos. Estamos bem em casa dos nossos pais”, argumenta.
Com 21 anos de idade, diz que quando tirar a licenciatura vai trabalhar “para onde for preciso”. Mas se tiver se sair da aldeia sabe que vai sentir falta do espírito de entre-ajuda que diz haver entre todos os habitantes.
“Isso é o melhor de viver numa aldeia, todos se darem bem, a calma e a ausência de confusão. O pior é a falta de transportes públicos para quem quer ir à cidade ou à sede do concelho, por exemplo, a um supermercado; se não tiver transporte próprio terá de ir de taxi, e isso é muito dispendioso. Felizmente, a carrinha do talho passa por Provesende duas vezes por semana e a da fruta vem sempre ao sábado”, enumera.
O trabalho de Marta é temporário, mas o de Miguel Ângelo, espera ele, poderá ser mais duradouro. Nascido em Sabrosa há 22 anos, Miguel terminou o curso de Turismo em Lamego e arranjou o primeiro emprego, em forma de estágio profissional, na Loja Amarela, bem no centro da aldeia de Provesende.
Trata-se de um estabelecimento comercial onde se vendem recordações e artesanato de todo o país, e que é ponto de paragem obrigatório dos turistas que chegam ao Pinhão de barco, comboio ou autocarro e sobem até à aldeia vinhateira. “Há quem vá da aldeia trabalhar na cidade. Eu venho da cidade trabalhar na aldeia”, diz, divertido.
Trabalha de segunda a sábado, tem o horário tradicional das 9h00 às 18h00, e diz que nas manhãs em que lhe entram as excursões pelas portas dentro não tem mãos a medir. No restante tempo, é tudo muito calmo. “Serve para conhecer os moradores da aldeia e ter longas conversas com eles”, avisa.
Silvério Cavaleiro, o Riscas, é um deles. Foi agente da Guarda Nacional Republicana, veio trabalhar nos terrenos do pai, arranjou outros, fez crescer as posses. Até que vendeu as propriedades. “Vendi tudo aos ingleses”, avisa. Foi há cinco anos.
“Já viu o que era em pleno verão, eu, com mais de 70 anos e ainda andava de motor às costas a sulfatar às nove da noite?… já chega de trabalho”, argumenta. Os terrenos de Silvério eram contíguos aos da família Symington. Paul e Jane são os maiores investidores da aldeia. Mas não são os únicos.
Passado e presente
A história de Provesende pode ajudar a contar toda a história do Douro Vinhateiro. Implantada num planalto na margem direita do rio Pinhão, e apenas a 5km do rio Douro e do cais onde acostavam os barcos para carregar as pipas de vinho, Provesende foi-se impondo e crescendo na paisagem duriense.
As casas brasonadas e as grande quintas, que chegaram até aos dias de hoje, ainda ali estão para o provar – e a chamada Casa do Santo, onde nasceu Joaquim Pinheiro de Azevedo Leite Pereira será uma das mais relevantes para a história do Douro. Porque foi este violinista que estudou em França e se formou em Direito na Universidade de Coimbra que, quando regressou à aldeia natal para gerir a propriedade agrícola, enfrentou uma das piores crises do setor.
A praga da filoxera que ia dizimando a viticultura um pouco por todo o mundo conheceu o princípio do seu fim no Douro por iniciativa de Leite Pereira, que promoveu o uso de uma variedade da videira americana como porta-enxertos. A escola de enxertadores criada por Pinheiro de Azevedo Leite Pereira acabou por salvar o Douro. Em frente à Casa do Santo, hoje na mão de descendentes, foi colocado um busto em sua homenagem.
Um desses descendentes era Francisco Pinheiro da Veiga, amigo da família de Jorge Tenreiro, um cirurgião vascular nascido no Porto mas que foi criado, também, nas quintas do Douro – se se contabilizar o tempo que passou na Quinta do Ataíde, no vale da Vilariça, em Moncorvo, propriedade da família até aos seus 18 anos; e que agora também integra a Symington Family States; e as vezes que vinha a Provesende passar dias, às vezes semanas, a casa de Francisco Pinheiro da Veiga.
“Foi ele quem insistiu comigo que era em Provesende que eu deveria comprar terrenos, e apontou este cimo da aldeia, este Cume, como a localização ideal”, explica o cirurgião.
Jorge Tenreiro está de tesoura na mão, a encher de uvas tintas um balde que há-de despejar numa caixa, caixa que há-de seguir numa carrinha até à moderna adega que construiu no meio da vinha e onde um dos filhos, Frederico, as aguarda para a primeira prensa. Frederico está paulatinamente a assumir as rédeas da enologia dos vinhos da Quinta do Cume.
É um projeto de família que, diz Jorge Tenreiro, está a ser levado muito a sério por todos. Cláudia Cudell, artista plástica, mãe de Frederico, mulher de Jorge, concorda e enfatiza: “É mesmo um projeto apaixonante. É impossível não nos entregarmos de corpo e alma ao Douro”.
Entre os descendentes dos antigos proprietários e os investidores que escolheram esta aldeia de Sabrosa para comprar vinhas e quintas, certo é que todos enfrentam desafios com a mão de obra. Projetos mais pequenos, como o da Quinta da Fonte do Milho ou a Quinta do Cume, têm conseguido gerir o trabalho ao longo do ano apenas com os habitantes da aldeia. Mas em alturas de pressão, como são as vindimas, a incerteza sobre a disponibilidade de trabalhadores é uma das suas maiores dores de cabeça.
O Douro fez-se assim. De trabalhadores rurais permanentes, que tinham trabalho nas quintas o ano todo, e de trabalhadores sazonais, que a ele acorrem em “rogas” para dar resposta às campanhas das vindimas. São sempre precisas muitas mãos, sobretudo para o corte – porque agora o transporte e os engenhos do lagar estão mais mecanizados.
As irmãs Dalva e Darcília, ambas com mais de 70 anos e ambas a residir no Porto têm, juntas, cerca de 20 hectares de vinha na aldeia. É Joaquim, que lá mora todo o ano, que vai gerindo os trabalhos.
Este ano contratou uma “roga” com 26 trabalhadores, que todos os dias se deslocavam de Vinhós, concelho da Régua, para Provesende, em Sabrosa, para fazer a vindima. Entram às sete ao trabalho para saírem às quatro da tarde – o que significa que se levantam da cama para se fazer à estrada lá pelas 5h30. “Ainda não começaram as vindimas na Régua, por isso andamos aqui”, explica um dos trabalhadores.
Dalva vai cumprimentá-los ao fim do dia, desejar-lhes boa viagem e bom regresso, no dia seguinte. “Venho cá os dois ou três dias em que a a vindima dura”, explica.
O futuro do Douro
Virgínia Damião é uma das trabalhadoras rurais que podia ir para todo o lado – desde que lhe dessem transporte – mas tudo faz para ficar pelas aldeias mais perto da sua, em Vilela, também no concelho de Sabrosa. Nasceu no seio de uma família italiana que emigrou para França, tem uma formação de educadora de ballet, vivia em Paris, trabalhava na área dos eventos.
Dá-se o caso de que o marido, Martinho, é do Douro, pelo que a primeira vez que Virgínia viu aqueles socalcos e encostas convenceu-o a ficar e não mais quis ir embora. “Viemos cá na Páscoa. Quando cheguei aqui e vi burros a puxar uma caleche, pensei, isto ainda existe? Pensei que estava extinto.”… Foi há sete anos.
O marido avisava que o estilo de vida seria modesto e que o trabalho era duro. Tinham uma filha de sete anos – e que hoje já tem 15. Depois de chegarem a Sabrosa, tiveram outra filha, agora com cinco anos e meio. “Todos os dias tenho alguma razão para agradecer. Olho para esta paisagem, respiro fundo, e está tudo bem”, diz.
Não são frases batidas, garante, é “filosofia de vida”. Virgínia faz o que pode e consegue no trabalho de campo. Nunca tinha feito trabalhos rurais até vir parar ao Douro, mas já tinha estado em aldeias – a sua família tem origem numa zona rural de Nápoles, em Itália. “Mas pensava que esta vida genuína, estas tradições, este lidar das pessoas, esta vida no campo, já não existia. Foi isso que me apaixonou em Portugal, o respeito pelas tradições. Eu gosto deste respeito – além desta paisagem fantástica, que eu olho para o miradouro de São Domingos, todos os dias e tenho vontade de sorrir!”, diz a italiana, enquanto enche o balde de uvas na Quinta Fonte do Milho.
Martinho é trabalhador rural. Virginia também é artesã, vende no Instagram pequenas peças de croché que faz com as próprias mãos. O trabalho físico nas vinhas é intenso, mas, diz ela, não é duro. “Duro é suportar pessoas que não gostas. E dizer bom dia a quem não queres. Aqui as pessoas são humildes. Ainda ontem andei aqui a cortar uvas o dia toda com a Ti Angelina, e ela cantava o dia todo. Não há como não andar bem disposta”, conta Virginia.
Fluente em cinco línguas, podia estar a trabalhar num hotel ou a receber turistas no Pinhão. Mas prefere andar no campo, a moer o corpo. “É um cansaço bom”. “Tenho feridas nas mãos e dores em todo o lado, mas sinto-me viva. No ballet também magoavas o corpo. Mas não é dor. É uma sensação inexplicável. Enfim, é como o amor. Às vezes dói. Isto é viver”, insiste.
Virginia tem um sonho. Ter uma carrinha para poder ir de aldeia em aldeia oferecer aulas de ballet às meninas que quiserem experimentar. “Os pais dessas meninas trabalham muito no campo, não têm tempo, ou dinheiro, para as levar a Sabrosa. Eu chegava lá, com um molhe de tutus e ensinava-lhes alguns passos. Que menina é que não gostaria disso?”, pergunta.
Mas volta a pensar nisso “depois”. Que agora são as vindimas e, garante Virginia, esta é “sem dúvida a altura do ano em que é melhor viver no Douro”. Trabalho não lhe vai faltar, que há sempre quem precise das suas mãos. Às vezes tem pena de não poder dar resposta a todos que a solicitam – sobretudo quando as épocas das vindimas coincidem – e não pode estar, ao mesmo tempo, nos patrões que lhe dão trabalho noutras alturas do ano. Este ano está na Fonte do Milho, mas também já fez vindimas na Quinta do Cume. E este ano estão as duas a decorrer ao mesmo tempo.
Jorge Tenreiro diz que a mão de obra é, de facto, um problema, mas vai continuar a tentar fazer o serviço com gente da família, gente da aldeia e amigos que se queiram juntar. As preocupações com a mão de obra somam-se àquelas que as alterações climáticas começam a fazer despontar, e que tornam mais imprevisíveis os cenários.
No Morgadio da Calçada, uma casa brasonada bem no centro da aldeia, em cujos armazéns resistem alguns dos mais antigos pipas da região (são de 1750 e têm uma capacidade de 16 mil litros), Manuel Villas Boas refere que o ano extremamente seco está a aumentar as dificuldades aos produtores. “Houve aqui o chamado escaldão, que era uma coisa que eu nunca tinha ouvido falar na minha vida, e eu já não sou miúdo nenhum”, repara, antecipando que as videiras mais antigas, das quais se produzem vinhos grande reserva, podem não se recuperar.
As vinhas do Morgadio da Calçada ocupam cinco hectares numa superfície plana a 700 metros de altitude, onde, diz Villas Boas, “há uma concentração de água muito grande”. “Mesmo num ano de seca, a nossa vinha está um espetáculo. Este ano, por precaução do calor, não fizemos a desfolhagem – se forem ver hoje as vinhas estão todas despenteados.
E isso ajudou-nos a proteger as uvas de uma grande saraivada que aqui caiu. É impressionante, devemos ter um microfilma aqui no planalto, porque não chove em mais lado nenhum à volta e aqui em cima cai-nos saraivada da grossa”, relata este antigo publicitário que, desde há 15 anos, está à frente do projeto de alojamento turístico que tem permitido fazer a manutenção do solar.
“Não sei quando é que vamos fazer as vindimas. A equipa de enologia está sempre atenta, a tentar ver qual é a altura melhor. Um dia de cada vez”, diz Manuel Villas Boas.
Na aldeia de Provesende, só os dias de António Joseph é que são, verdadeiramente, dias previsíveis, iguais. Pelas 17h30 regressa à padaria, para pesar as farinhas, limpar as cinzas do forno e carregá-lo de lenha. Para que, 12 horas depois, volte ali a entrar para fazer tudo de novo. Mais uma fornada de pão. Um dia de cada vez.
Veja também o guia prático com o que fazer em Provesende.
Mais sobre Provesende
O que fazer em Provesende (guia prático)
Guia com tudo o que precisa saber para visitar Provesende, no concelho de Sabrosa (Vila Real). Inclui o que fazer na aldeia – monumentos, quintas no Douro e passeios -, onde ficar hospedado, mapas e contactos úteis.
Graça Monteiro, a lutadora
Nasceu em Angola, mas vinha a Provesende, a aldeia do pai, a cada cinco anos e regressou de vez a Portugal na altura do 25 de abril. O pai sonhava ter os filhos formados, e Graça fez-lhe a vontade. Mas não acertou no curso: foi parar a Engenharia Mecânica, a única mulher numa turma de homens. Agora é a única mulher a gerir um negócio na aldeia, o Papas Zaide, um restaurante que só funciona por reserva e que está quase sempre esgotado. Casou quase aos 40, tem duas filhas a quem se empenha em ensinar o espírito de independência e liberdade.
António Matos, o padeiro
Andou pela Arábia Saudita e pela Suíça, mas tenciona acabar os seus dias de trabalho junto ao forno onde sempre viu a mãe a cozer pão. É António Joseph, como lhe chamam na aldeia, que todos os dias, e já há mais de 20 anos, coze ora trigo, ora centeio para servir Provesende e muitas outras aldeias da região. Diz que a vida na padaria não é fácil nem é para todos. Mas espera poder continuar por muito tempo.
Margarida Ribeiro, a bombeira
Foi na Banda de Música de Sabrosa que descobriu o gosto pela música, o talento com o fagote e, por causa destes dois, a paixão do canto lírico. Nascida e criada em Provesende, Margarida Ribeiro, com 18 anos, esteve três anos a estudar no Conservatório de Música do Porto e agora está de malas aviadas para Castelo Branco, onde vai tirar uma licenciatura. Mas nunca perdeu a ligação à terra. Este verão integrou o pessoal dos Bombeiros Voluntários de Provesende – a instituição mais importante da aldeia.