Guia com tudo o que precisa saber para visitar Provesende, no concelho de Sabrosa (Vila Real). Inclui o que fazer na aldeia – monumentos, quintas no Douro e passeios -, onde ficar hospedado, mapas e contactos úteis.
O que fazer em Provesende
Conhecer a igreja de Provesende
Localizada no centro da aldeia, a Igreja Matriz de Provesende foi construída em 1720 no local onde haveria uma igreja mais pequena, e é considerada “uma das jóias do património religioso do Douro Vinhateiro”. Nas palavras da Câmara Municipal de Sabrosa, “trata-se de um templo de estilo maneirista com rica decoração barroca em talha dourada”, que “possui um altar-mor e quatro altares laterais em talha dourada”.
Para o visitante, destaque para a talha dourada que decora o templo e para o órgão de tubos “que testemunha a riqueza do passado”.
Para visitar a igreja, note que muitas vezes a porta principal está encerrada. Não desespere: a entrada lateral está quase sempre aberta.
Prova de vinhos na Quinta Fonte do Milho
Nuno Gonzalez é um pequeno produtor de vinho. Gere a Quinta Fonte do Milho, uma pequena mas lindíssima propriedade agrícola às portas da aldeia de Provesende.
Apesar de não ter alojamento, recebe turistas de todo o mundo para fazerem provas de vinho e de azeite na Quinta Fonte do Milho. E, com isso, escoa em venda direta a esmagadora maioria da sua produção de vinho e azeite.
“O turismo é uma alavanca muito grande para os pequenos produtores como nós”, garante. “É a maneira de conseguirmos mostrar os nossos produtos lá fora. E escoá-los. 90% das vendas que fazemos são ali, naquela pequena lojinha de venda direta. E as pessoas vêm, provam, compram”.
Pela minha parte, só posso recomendar. Tanto o vinho como o azeite são de excelente qualidade, e a equipa da Quinta Fonte do Milho é de uma simpatia inexcedível!
Apreciar os socalcos do Douro no Miradouro da Filoxera
Mais até do que no mais famoso Miradouro São Cristóvão do Douro, que tem vistas desafogadas sobre o Pinhão e o rio Douro, gostei especialmente de parar no chamado Miradouro da Filoxera para apreciar as paisagens em socalcos do Douro Vinhateiro.
É certo que dali não se vê o rio, mas pude contemplar não só os homens e mulheres no árduo trabalho das vindimas, como também as vistas para a aldeia de São Cristóvão do Douro, no fundo do vale, e todas as quintas vinícolas envolventes.
E, caso queira parar no Miradouro São Cristóvão do Douro e espreitar o Pinhão, basta continuar a estrada N323 por mais um quilómetro.
Fazer o percurso pedestre Trilho Vinhateiro de Provesende
Caso goste de caminhar, uma outra forma de chegar ao Miradouro São Cristóvão do Douro é caminhando. Até porque existe um trilho de Pequena Rota bem marcado que liga a aldeia de Provesende ao Pinhão, com passagem pelo miradouro.
O percurso pedestre chama-se Trilho Vinhateiro de Provesende (PR4 SBR) e tem apenas 6,4km de extensão, a maioria dos quais atravessando os belíssimos vinhedos da região. Tem início junto à igreja de Provesende e termina na margem esquerda da foz do rio Pinhão.
Para mais informações sobre o Trilho Vinhateiro de Provesende (PR4 SBR), veja o folheto oficial em pdf disponibilizado pela Câmara Municipal de Sabrosa.
Participar nas vindimas
Algumas quintas da região permitem que os turistas participem de forma esporádica nas vindimas. É certo que o trabalho é muito duro e a maioria dos turistas atrapalham mais do que ajudam, mas é uma forma adicional de algumas propriedades proporcionarem experiências únicas aos seus visitantes.
Uma das quintas que permite aos turistas viver a experiência é, precisamente, a já referida Quinta Fonte do Milho.
Visitar o Espaço Miguel Torga
Localizado na aldeia de São Martinho de Anta, no concelho de Sabrosa, o Espaço Miguel Torga tem por objetivo principal “estudar e divulgar a obra poética e literária de Miguel Torga”.
Para além da inegável beleza do edifício, que tem a assinatura do arquiteto Eduardo Souto Moura, o espaço permite ficar a conhecer melhor a vida e obra do escritor duriense que um dia, a propósito do Miradouro de São Leonardo da Galafura, escreveu que o Douro é um “excesso de Natureza”, um “poema geológico”, “a beleza absoluta”. A visitar!
O Espaço Miguel Torga está aberto de terça a sexta-feira entre as 09h00 e as 12h30 e das 14h00 às 17h30, sendo que, durante os fins de semana, o horário varia consoante a época do ano. Se abril e outubro abre no horário 10h00-12h30 e 14h00-18h30, e de novembro a março no horário 09h00-12h30 e 14h00-17h30. Encerra às segundas-feiras e feriados.
… e a Casa-Museu de Miguel Torga
A dois passos do Espaço Miguel Torga fica a casa de família do autor, “onde os seus pais viveram, onde nasceu e permaneceu até ao início da adolescência, e para onde regressava com periodicidade até ao fim da sua vida”.
Tendo sido doada à Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN) por Clara Crabbé Rocha, filha de Miguel Torga, e posteriormente “adaptada a um espaço museológico, onde se preservam as memórias das vivências quotidianas do escritor na sua terra natal”, a pequena casa abriu ao público em janeiro de 2022 – nas palavras do jornal Observador. Na minha opinião, é o complemento perfeito à visita ao Espaço Miguel Torga.
Para visitar a Casa-Museu de Miguel Torga, solicite uma visita guiada junto dos funcionários do Espaço Miguel Torga.
Gastronomia e onde comer
Atualmente, em Provesende há apenas um local onde se pode fazer refeições – e apenas por encomenda. Graça Monteiro gere o afamado restaurante Papas Zaide, atualmente muito frequentado por grandes grupos de turismo organizado que reservam a totalidade do estabelecimento. Dito isto, recomendo que tente reservar com antecedência, porque a experiência merece.
Caso fique hospedado no Morgadio da Calçada, poderá também fazer uma ou outra refeição na sala de jantar do palacete (dizem muito bem, mas não experimentei!). Mas, tirando estas opções e descontando a opção de cozinhar (caso o seu alojamento permita), recomendo sem reservas o Restaurante Típico, à entrada de Sabrosa, sede do concelho. Foi-me recomendado por um habitante local e revelou-se uma escolha excelente. Fica a 7km de Provesende e vale bem a viagem.
Onde ficar em Provesende
Ao contrário de outras aldeias vinhateiras, a oferta hoteleira em Provesende é variada.
Assim, as opções mais procuradas e de maior qualidade são o excelso Morgadio da Calçada – uma imponente casa senhorial no centro da aldeia – e a Quinta Manhãs Douro. Não menos recomendável, a Mesão Provesende é uma lindíssima casa de turismo rural igualmente acolhedora, com localização excecional e um pouco mais barata.
Por fim, caso prefira ficar uma pequena casa de alojamento local, saiba que a Casa Cimo de Vila é um espaço muito simples e sem qualquer luxo, mas com uma localização imbatível junto à igreja de Provesende.
Seja como for, pode também pesquisar todos os alojamentos disponíveis na região usando o link abaixo, tendo o cuidado de reservar com a máxima antecedência possível.
Quantos dias dormir em Provesende
Depende, obviamente, do objetivo da visita. Como turista, um dia completo dá para ficar com uma excelente ideia da aldeia de Provesende, visitar uma quinta de produção vinícola e fazer um ou outro passeio nas redondezas.
Mas, para explorar melhor a região de Sabrosa e o Douro Vinhateiro em geral, e ainda vivenciar melhor o quotidiano de Provesende, naturalmente, delongar-se um pouco mais – um fim de semana completo, por exemplo. Assim, recomendo que passe pelo menos duas noites na região.
Seguro de viagem
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Mais sobre Provesende
Provesende, as vindimas são uma festa
A história da aldeia de Provesende ajuda a contar a história de todo o Douro vinhateiro. Situada no concelho de Sabrosa, a cinco quilómetros do Pinhão, a aldeia mantém muitas das tradições que desde há séculos a transformaram numa das mais importantes do Douro, ao mesmo tempo que vai acomodando a inovação tecnológica, as alterações climáticas e a procura turística.
Graça Monteiro, a lutadora
Nasceu em Angola, mas vinha a Provesende, a aldeia do pai, a cada cinco anos e regressou de vez a Portugal na altura do 25 de abril. O pai sonhava ter os filhos formados, e Graça fez-lhe a vontade. Mas não acertou no curso: foi parar a Engenharia Mecânica, a única mulher numa turma de homens. Agora é a única mulher a gerir um negócio na aldeia, o Papas Zaide, um restaurante que só funciona por reserva e que está quase sempre esgotado. Casou quase aos 40, tem duas filhas a quem se empenha em ensinar o espírito de independência e liberdade.
António Matos, o padeiro
Andou pela Arábia Saudita e pela Suíça, mas tenciona acabar os seus dias de trabalho junto ao forno onde sempre viu a mãe a cozer pão. É António Joseph, como lhe chamam na aldeia, que todos os dias, e já há mais de 20 anos, coze ora trigo, ora centeio para servir Provesende e muitas outras aldeias da região. Diz que a vida na padaria não é fácil nem é para todos. Mas espera poder continuar por muito tempo.
Margarida Ribeiro, a bombeira
Foi na Banda de Música de Sabrosa que descobriu o gosto pela música, o talento com o fagote e, por causa destes dois, a paixão do canto lírico. Nascida e criada em Provesende, Margarida Ribeiro, com 18 anos, esteve três anos a estudar no Conservatório de Música do Porto e agora está de malas aviadas para Castelo Branco, onde vai tirar uma licenciatura. Mas nunca perdeu a ligação à terra. Este verão integrou o pessoal dos Bombeiros Voluntários de Provesende – a instituição mais importante da aldeia.
Nuno Gonzalez, o herdeiro
A Quinta da Fonte do Milho estava na posse da família de Nuno Gonzalez há décadas. Mas nem os avós, nem os pais chegaram a lá viver. Foi quando teve de optar entre vender a propriedade ou assumi-la como o seu trabalho principal que este apaixonado por automóveis, formado em gestão, largou a cidade de Vila Real, onde nasceu e cresceu, para se mudar de armas e bagagens para a aldeia. Não sabia nada de vinha vem de vinho, mas dispôs-se a aprender. E o negócio não tem parado de crescer.