Guia com tudo o que precisa saber para visitar Manhouce, no concelho de São Pedro do Sul (Viseu). Inclui o que fazer na aldeia – monumentos, mosteiros e passeios -, onde ficar hospedado, mapas e contactos úteis.
O que fazer em Manhouce
Conhecer a Igreja Matriz de Manhouce
Uma das maiores curiosidades que ouvi em Manhouce foi precisamente sobre a sua igreja. Dela se diz que serviu de hospital de sangue durante as invasões francesas, facto que lhe confere um significado histórico muito para lá do património edificado e templo religioso.
A igreja fica no coração de Manhouce e, aos meus olhos, no interior sobressaem um teto de madeira muito bonito e os azulejos junto ao altar-mor. É uma igreja simples e elegante, mas nem sempre está de portas abertas. Caso não esteja, indague na loja de informação turística, localizada em frente ao adro.
Ponte romana de Manhouce
A Ponte de Manhouce foi construída pelos romanos entre os séculos II a.C. e I d.C., e “integrava a Via Cale, a Estrada imperial que ligava Emérita Augusta (Mérida) a Bracara Augusta (Braga), com passagem por Viseu”. É uma ponte de arco simples e relativamente pequena, mas encontrei-a de certa forma elegante e rodeada de verde. Muito bonita!
Ora, embora sendo certo que ninguém decide visitar Manhouce apenas para conhecer a sua ponte romana, fica a referência histórica para os interessados.
Fazer o trilho Rota de Manhouce (PR1 – SPS)
Para quem visita Manhouce com mais tempo e gosta de caminhar, o percurso pedestre Rota de Manhouce é uma bela sugestão de desafio de atividade. O trilho percorre o coração do maciço da Gralheira, tem 14,5 km de extensão e é considerado “difícil”.
Nesta região montanhosa, “encontraram-se vestígios arqueológicos que atestam povoamentos do Neolítico, da Idade do Bronze, da Idade do Ferro e do período Romano”, além de paisagens de grande beleza. Se procura o que fazer em Manhouce e gosta de caminhar, fica a sugestão.
Para mais informações sobre o percurso pedestre Rota de Manhouce veja o folheto oficial em pdf.
Dar um mergulho nos poços de Manhouce
Uma das principais atrações turísticas de Manhouce está ligada à água: são os chamados poços de Manhouce.
Os poços de Manhouce localizam-se no troço mais alto do rio Teixeira, onde abundam as quedas de água e os poços ou piscinas naturais. O Poço Negro no rio Teixeira, os poços da Cilha e da Barreira na ribeira da Vessa, e o Poço da Gola na ribeira de Manhouce, são alguns dos mais conhecidos e frequentados, e todos eles foram esculpidos na rocha dura pela força das águas. Muitos destes poços são precedidos de cascatas, o que os torna pequenos pedaços de paraíso que surpreendem pela sua beleza e enquadramento”.
São muito frequentados pelas populações locais e pelos emigrantes nos meses de verão, altura em que as temperaturas na região convidam a banhos nos rios de Manhouce. Fica a dica.
Ouvir as Vozes de Manhouce
Se puder assistir a um espetáculo das Vozes de Manhouce – ou pelo menos do Rancho de Manhouce -, não perca essa oportunidade. Isabel Silvestre tudo tem feito para levar o canto polifónico feminino de Manhouce além-fronteiras, e o seu trabalho na comunidade merece ser apreciado. Fica a dica
O evento Cantos e Encantos acontece anualmente, em data variável durante o mês de agosto. Consulte o site da Junta de Freguesia para novidades sobre a próxima edição.
Conhecer o novo mural em S. Pedro do Sul
Tinha planeado conhecer o novo mural na antiga Escola Primária de São Pedro do Sul, mas infelizmente não consegui. Trata-se de um mural pintado “em homenagem às mulheres do concelho”, da autoria da artista local Margarida Fleming. Na inauguração, esteve presente precisamente Isabel Silvestre, representando o Canto Polifónico Feminino. Fica a sugestão de visita.
Visitar o Centro de Interpretação das Pedras Parideiras
Estando na região, seria uma pena não aproveitar para explorar um pouco da serra da Freita. Em concreto, e além de inúmeros trilhos como o da Frecha da Mizarela, referência especial para algo absolutamente único no panorama mundial. Falo das pedras parideiras.
A Pedra que Pare Pedra” é um fenómeno de granitização único em Portugal, que corresponde ao afloramento de pedras que, eventualmente, acabam por se soltar da rocha-mãe. Tal processo fez com que a sua designação mais popular passasse a ser pedras parideiras.
in National Geographic Portugal
Visitar a Casa das Pedras Parideiras é, pois, uma experiência única que recomendo vivamente! Fica a pouco mais de 10 km de Manhouce.
O centro de interpretação está aberto diariamente das 09h30 às 12h30 e das 14h00 às 17h00. A entrada custa 3€ e inclui a visita à área do afloramento coberto + visualização de documentário 3D (as áreas exteriores são de visita livre). Note que a visita à área do afloramento exterior, onde estão as pedras parideiras mais espetaculares, é gratuita – mas eu recomendo vivamente que veja o documentário antes.
Apreciar a paisagem no Miradouro do Detrelo da Malhada
Não faltam locais com vistas espetaculares na serra da Freita. E essa é, porventura, uma das razões para haver tantos miradouros. Entre eles, referência para o chamado Miradouro do Detrelo da Malhada.
A infraestrutura de apoio à observação que aqui se encontra assenta sobre rochas de caráter «xistento», praticamente verticalizadas, como se fossem muralhas protetoras da serra da Freita. A abrupta vertente norte da serra da Freita e o fecundo vale do Arda (onde assenta a vila de Arouca) estendem-se à sua frente”.
Fica a 13 km de Manhouce.
Gastronomia e onde comer
Atualmente, em Manhouce há apenas um local onde se pode fazer refeições – e apenas ao almoço e por encomenda. A Casa da Barreira, assim se chama o café-restaurante, tem apenas um prato por dia servido em doses generosas. Passe por lá ou ligue 232790451.
Para jantar, pode sempre ir a Santa Cruz da Trapa, onde encontrei um restaurante simples mas agradável chamado Recanto da Paulinha; ou até a São Pedro do Sul, sede de concelho onde não faltam restaurantes de qualidade – como o Laranjeira, gerido pelo atual Presidente da Junta de Manhouce.
No que toca a especialidades gastronómicas, o destaque vai inteirinho para os pratos de vitela. Não por acaso, todos os anos, durante o mês de maio, tem lugar a Festa da Vitela de Lafões em Manhouce.
Onde ficar em Manhouce
Antes de mais, convém dizer que a oferta hoteleira em Manhouce é muito escassa. Na verdade, há apenas um alojamento nas proximidades, mas felizmente é de qualidade. Chama-se Quinta das Uchas e é a melhor base para explorar Manhouce.
Alternativamente, um pouco mais afastada da aldeia, a Casa Amarela, no lugar de Cabreiros, é uma séria opção a considerar. Se preferir, as excelentes casas de férias Recantos da Montanha ou a independente Casa da Leira Pereira, ambas localizadas no lugar de Candal, são uma alternativa. A Casa da Leira Pereira foi, aliás, onde fiquei hospedado, uma vez que a Quinta das Uchas estava lotada. De Candal a Manhouce são apenas 9 km de distância, mas tenha em atenção que a estrada é muito sinuosa.
Por último, apesar de mais distante, considere ficar no Agro-Turismo Quinta do Pendão, em Santa Cruz da Trapa, pelo melhor acesso a Manhouce e a proximidade a restaurantes.
Seja como for, pode também pesquisar alojamento na cidade de São Pedro do Sul usando o link abaixo, tendo o cuidado de reservar com a máxima antecedência possível.
Quantos dias dormir em Manhouce
Depende, obviamente, do objetivo da visita. Como turista, um dia completo dá para ficar com uma excelente ideia da aldeia de Manhouce, dar um mergulho no Poço Negro e fazer um ou outro passeio nas redondezas.
Mas, para explorar melhor a região de São Pedro do Sul e da serra da Freita – que fica a dois passos! -, e vivenciar melhor o quotidiano local convém, naturalmente, delongar-se um pouco mais – um fim de semana completo, por exemplo. Assim, recomendo que passe pelo menos dois dias na região.
Seguro de viagem
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Mais sobre Manhouce
Manhouce, a aldeia onde até as pedras cantam
“A música anda sempre aliada a quem quer que tenha nascido e posto o pé aqui nesta terra, nestas serras e nestes montes”. A terra é Manhouce, a serra é a Gralheira e os montes são de perder de vista e vestem um inesquecível traje de gala quando as giestas os pintam de amarelo. A frase é de Isabel Silvestre, a mais conhecida voz de Manhouce, e enquadra o sentimento de pertença que os habitantes desta aldeia de São Pedro do Sul têm para com as suas coletividades e tradições.
Isabel Silvestre, a voz
Tem 81 anos, mas é como se tivesse 18 se em causa estiver a força de vontade e as coisas que ainda quer fazer. Sempre em prol das tradições da aldeia em que nasceu. Isabel Silvestre, a professora da Benta, correu mundo. Com Rão Kyao, com Rui Reininho, com Vitorino, com as Vozes de Manhouce. Ela é a Pronúncia do Norte, e está agora empenhada em levar o canto de mulheres a três vozes a Património Cultural Imaterial.
Celeste Duarte, a costureira
Andou nas minas a apanhar volfrâmio, andou nas terras a lavrar milho, andou a sachar batatas. Mas é como costureira que se apresenta, se sente e se mostra. Ti Celeste, a Celeste do Alves, Celeste Gomes tem 85 anos, olho azul, memória viva e uma alegria de viver imbatível. Todos os trajes do Rancho de Manhouce lhe passaram pelas mãos. Diz que o melhor da vida e o melhor do mundo são os netos.
Hugo Gomes, o artista
É cantador no rancho e também sabe tocar bandolim e dançar. Tem 22 anos, está a terminar a licenciatura em Artes Plásticas e admite que gostaria de ser professor de desenho numa escola secundária. O que não concebe é desvincular-se das tradições de Manhouce e dos costumes da aldeia onde cresceu e onde vai todos os fins de semana, sem exceção. Hugo Gomes pinta lousas com os trajes tradicionais e é o mentor do projecto Amanhouçar, no qual recolhe as tradições e costumes, recentes e antigos, da aldeia que o apaixona.