Guia com tudo o que precisa saber para visitar Podence, no concelho de Macedo de Cavaleiros (Bragança). Inclui o que fazer na aldeia e arredores – museus, praias fluviais e passeios -, onde ficar hospedado e os melhores restaurantes.
O que fazer em Podence
Participar no Entrudo Chocalheiro de Podence
O Carnaval é, naturalmente, a época do ano em que a aldeia de Podence fica mais vibrante. Os filhos da terra, muitos deles emigrados, regressam à aldeia para participar nas festas do entrudo Chocalheiro. Milhares de turistas visitam Podence para assistir aos desfiles dos Caretos à Solta e à apoteótica Queima do Entrudo. E é um tempo de festa para uns e outros.
Uma celebração que a UNESCO classifica como Património Cultural Imaterial da Humanidade. Recomendo vivamente.
Visitar a Casa do Careto
Dinamizada pela Associação Grupo de Caretos de Podence, a Casa do Careto é um espaço que pretende contribuir para “a valorização e sustentabilidade da tradição, divulgação e preservação dos rituais dos Caretos de Podence”.
No interior do pequeno museu encontram-se “registos da tradição carnavalesca da aldeia de Podence”, bem como “os fatos, os chocalhos, as máscaras e toda a indumentária” das “figuras sedutoras e enigmáticas” que são os Caretos.
Visitar a Igreja Matriz de Podence
A Igreja Matriz de Podence é um dos principais marcos da aldeia. Nas palavras da Direção-Geral do Património Cultural, “a igreja salienta-se pelo seu contraste entre a simplicidade exterior e a riqueza decorativa interior, com os retábulos em talha dourada e pintada, cobrindo os períodos estilístico que vão do maneirismo ao rocaille.”
Atualmente, a igreja está a ser alvo de obras de reabilitação e restauro, pelo que não se encontra aberta ao público. Assim que reabrir, inclua-a na sua lista com o que fazer em Podence. Fica a dica.
Dar um mergulho na Praia Fluvial do Azibo
Idealizada para o regadio agrícola, a Albufeira do Azibo ganhou o estatuto de Paisagem Protegida. Os seus predicados ambientais, integram-na também na Reserva da Bisosfera Transfronteiriça da Meseta Ibérica, assim classificada pela UNESCO, a maior reserva da Europa. Mais do que nome de rio, de albufeira ou de um sítio, Azibo é sinónimo de qualidade ambiental, beleza paisagística e de praias fluviais.
in site da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros
Seguramente um dos locais mais procurados em Macedo de Cavaleiros, especialmente durante o verão, as praias fluviais da Albufeira do Azibo proporcionam belos mergulhos para arrefecer o corpo nos dias quentes, espaço para relaxar e confraternizar, e até a possibilidade de fazer passeios num barco movido a energia solar (ver abaixo). São elas a Praia da Fraga da Pegada e a Praia da Ribeira – e o melhor é que ficam a dois passos da aldeia de Podence.
Visitar Macedo de Cavaleiros
Localizada a poucos minutos da aldeia de Podence, Macedo de Cavaleiros é a sede de concelho e uma povoação que, apesar de parca em atrações turísticas a visitar, é uma urbe tranquila que não deixa de ter alguns motivos de interesse.
Desde logo a histórica Casa Falcão, uma casa senhorial que alberga o Museu de Arte Sacra. Mas também a barroca Igreja Matriz de São Pedro – com as suas capelas da Paixão e da Sagrada Família – e, porque não, o jardim do Largo da Câmara Municipal de Macedo de Cavaleiros. Fica a dica, caso queira conhecer a sede do concelho.
Outras coisas a visitar em Macedo de Cavaleiros
Na região de Macedo de Cavaleiros, onde a aldeia de Podence se insere, há outros motivos de interesse que eu não tive oportunidade de visitar durante a minha estada, uma vez que o foco era o Carnaval. Deixo aqui mais alguns locais cuja visita pode – e deve! – incluir na sua lista com o que fazer em Podence.
- Dar um mergulho numa das praias fluviais da Albufeira do Azibo, com a Sun Azibo
- Fazer um passeio de barco solar na Albufeira do Azibo
- Visitar a Estação de Biodiversidade de Santa Combinha
- Conhecer o Convento de Nossa Senhora de Balsamão, em Chacim
- Fazer um ou vários percursos pedestres no Geopark Terras de Cavaleiros, nomeadamente o PR16 Rota do Balsamão
- Explorar a aldeia Vale de Pradinhos
- Visitar o Núcleo Museológico do Azeite “Solar dos Cortiços”, na na aldeia dos Cortiços
- Geossítio do Poço dos Paus
- Gnaisses de Lagoa
Gastronomia e onde comer
Infelizmente, não há muitos restaurantes na aldeia de Podence que permaneçam abertos durante o ano, pelo que, fora do Carnaval, a solução mais prática será fazer as refeições no restaurante Casa do Careto, à entrada da aldeia, ou então na cidade de Macedo de Cavaleiros. Nesse caso, tenho uma sugestão imbatível chamada Real Domus, restaurante que experimentei por recomendação de um habitante local. Vá à confiança!
Onde ficar em Podence
A oferta hoteleira na aldeia em Podence é relativamente vasta mas, durante o Carnaval, é preciso reservar com muitos meses de antecedência. Felizmente, nos arredores da aldeia ou até em Macedo de Cavaleiros há também algumas opções muito interessantes.
Eu fiquei hospedado numa das duas Casas do Serradouro, no coração da aldeia, e creio que é a melhor opção para quem quer participar no Carnaval de Podence. Desta forma, estará no coração das atividades e não precisará do carro para nada. Ainda na aldeia, atente no excelente alojamento de turismo rural Quinta da Moagem.
Alternativamente, considere ficar na Quinta do Azibo, a dois passos da aldeia e do mesmo proprietário das Casas do Serradouro; ou então no não menos interessante Monte Bela Vista..
Longe mas perto, na vizinha aldeia de Arrifana fica o muito elogiado turismo rural PureAzibo; e em Santa Combinha fica a Muralha Azibo Dreams, a dois passos da albufeira do Azibo. São duas opções muito boas e afastadas da confusão do Carnaval.
Por fim, caso prefira o ambiente urbano de Macedo de Cavaleiros recomendo o icónico Hotel Muchacho. Seja como for, pode também pesquisar todos os alojamentos disponíveis na região usando o link abaixo, tendo o cuidado de reservar com a máxima antecedência possível.
Quantos dias dormir em Podence
Depende, obviamente, do objetivo da visita. Como turista, um dia completo chega perfeitamente para conhecer a aldeia de Podence, dar um mergulho na Praia Fluvial do Azibo e fazer um ou outro passeio nas redondezas. Dito isto, para conhecer melhor as atrações do concelho de Macedo de Cavaleiros, recomendo dois ou três dias completos.
De resto, se a ideia é embrenhar-se no ambiente carnavalesco, sugiro que permaneça na aldeia entre sábado e terça-feira de Carnaval. Dessa forma, viverá uma experiência muito mais rica e ficará com um conhecimento muito mais profundo sobre as tradições do Entrudo Chocalheiro de Podence.
Seguro de viagem
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Mais sobre Podence
Podence, muito mais do que um Entrudo
A aldeia rebenta pelas costuras com os visitantes que querem ver os Caretos de Podence, e explode de alegria com o regresso dos da terra. A felicidade de fazer parte de algo que é Património da Humanidade só acrescenta ao orgulho que os habitantes de Podence têm por ver uma das suas mais antigas tradições a reinventar-se, sem nunca perder as raízes. Dizem que é o Carnaval mais genuíno de Portugal – e continuam a conseguir vivê-lo.
Egas Soares, o “velho” Careto
Vive em Podence há 32 anos, veio para a aldeia atrás da mulher que conheceu numa discoteca no Azibo. É Careto há 28 anos e, tendo quase 70, é o Careto com mais idade dentro do grupo daqueles que continuam a envergar o fato. Mas diz que rejuvenesce de cada vez que o veste. Não troca o sossego da aldeia por lugar nenhum.
José Luís Desidério, o Facanito
Em 1985, quando o Grupo de Caretos de Podence foi convidado a participar nas Jornadas da Cultura Popular, em Coimbra, José Luís era o mais novo do grupo. Era o “Facanito”, o nome que se dá aos Caretos mais jovens, que ainda são crianças mas já integram o grupo. É esse o nome que se dá também à taberna que abre na aldeia por altura do Carnaval.
Cecília Rosa Reis, a mulher-careto
Cecília Rosa foi das primeiras mulheres a vestir um fato de Careto. Fê-lo incentivada pelo pai, quando os homens da terra estavam emigrados, ou mobilizados na guerra do Ultramar. Saiu de Podence aos 12 anos, foi professora do ensino especial no Porto, está reformada, tem 70 anos. Regressa à aldeia todos os fins de semana, sempre que não está doente ou não está a viajar.