Fundada por um árabe há mais de mil anos, Almalaguês resistiu sempre, fiel às suas tradições. Uma das mais relevantes é aquela que põe as mulheres atrás de um tear, tear atrás de um postigo, a tecer, tecer, tecer. Tapetes e colchas. Foi por estar afastada do centro de Coimbra, isolada atrás de estradas pouco acessíveis, que se acredita que resistiu e persistiu. Com alguns desafios. Mas que têm vindo a ser superados pelo orgulho nas raízes e o gosto em se reinventar. A vida corre em Almalaguês, terra de tecedeiras, gaiteiros, nagalhos e arroz doce.
A sala da antiga escola primária de Anaguéis está cheia de mulheres, cada uma com as suas mãos ocupadas. Leonor enche a canela de fio, Isaura torce farrapos, Lurdes e Lúcia fazem tiras. Tudo tem um propósito, tudo tem um ritmo. Há dois teares na sala. Graça Oliveira, 76 anos, está atrás de um deles; Graça Patrício, de idade incerta, está atrás do outro. Há burburinho na sala. Batidas do tear, cantar dos liços, conversas soltas.
“Antigamente, os cobertores eram assim: pesados, quentes, feitos com trapos. Nada se desperdiçava. Primeiro remendava-se. Depois, quando já não dava mais, cortavam-se tiras para o tear.” O tear já foi o sustento, mas continua a ser um refúgio. Antes, tecia-se até de madrugada. “O barulho dos teares enchia a aldeia. Hoje, se acendemos o rádio à noite, já é barulho a mais”, lamenta Graça Oliveira. Os dias mudaram muito. Mas o tempo que passou não mudou tudo. “O trabalho do tear é solitário. Mas aqui na associação, ensinamos, aprendemos e, acima de tudo, convivemos”, diz Leonor Patrício, 79 anos.
A Associação Herança do Passado foi fundada por várias mulheres, entre elas Maria Emília Pereira, a única que, naquela sala, não nasceu ou cresceu numa das 26 localidades que compõem Almalaguês. Maria Emília nasceu em Seia, mas casou em Anaguéis e foi naquela mesma escola que começou a dar aulas na freguesia. Professora do ensino básico, começou por ser colocada em Coimbra. O amor e o destino levaram-na a Anaguéis e àquela escola, onde agora tanto é professora quanto aluna.
O barulho dos teares enchia a aldeia. Hoje, se acendemos o rádio à noite já é barulho a mais
Graça Oliveira
“A Herança do Passado vai fazer 17 anos. Nessa altura, a tecelagem estava em declínio e decidimos unir-nos para revitalizar esta arte, e conseguimos! Cada uma de nós trouxe as suas ideias, criámos peças diferentes, e hoje temos um grande potencial. Participamos em feiras, temos o apoio da Câmara Municipal e da Junta de Freguesia, e fazemos diversos trabalhos, alguns individuais e outros coletivos. Há uma grande união entre nós”, assegura Maria Emília.
Dois dedos de conversa com cada uma das mulheres que enchem aquela sala de cor e de conversas, e invariavelmente se chega ao mesmo resultado. Esta é uma forma de sair de casa, de evitar a solidão. É um verdadeiro exemplo de envelhecimento ativo, mas de uma forma significativa, fazendo algo que sempre gostaram. Mas não são apenas as antigas tecedeiras que aparecem por ali. Há também pessoas mais jovens a querer aprender a arte e a dar continuidade a esta tradição.
“Temos pessoas de fora da freguesia que nos procuram para aprender. Ensinamos todas as que têm interesse. Além disso, recebemos estagiárias do CEARTE. No dia 24 de fevereiro, por exemplo, começam três novas estagiárias. Para nós, o maior orgulho é quando alguém aprende e decide continuar, como aconteceu no ano passado, quando uma estagiária comprou o seu próprio tear e agora trabalha por conta própria”, diz Maria Emília.
Animadas, as mulheres falam entre si. Falam do que foi a arte, e do que será. Rosa Reis, 72 anos, nascida e criada em Anaguéis, estreou aquela escola primária quando abriu, tinha ela seis anos. Andou na escola até ao fim da quarta classe. Depois, começou a trabalhar. “Eu já fui criada debaixo do tear. A única coisa que tenho de bebé é o meu berço, que era tipo um barco, feito pelo meu pai. Todas as mães tecedeiras criavam os filhos assim: tinham o berço ao lado do tear, e iam abanando enquanto teciam. Eu fui criada assim”, conta.
Rosa aprendeu a tecer vendo a mãe trabalhar. “Ela já era a terceira geração de tecedeiras. Aqui havia pessoas que tinham três ou quatro teares em casa e ensinavam quem quisesse aprender. Eu aprendi com a minha mãe e nunca mais larguei o tear. Ainda aprendi o básico da costura, mas o tear foi sempre o meu trabalho. Casei, tive as minhas filhas e criei-as da mesma forma. Já não foi no berço, foi num parque, mas sempre ao som do tear”, recorda emocionada.
Porquê continuar? Porque é uma terapia. “Às vezes, depois de outros trabalhos, venho ao tear para descarregar as energias. O tear é algo que amamos, que fazemos com gosto. Voltar agora à escola de tecelagem é uma alegria. Se não fosse a professora Emília, isto já tinha acabado. Ela veio de fora, mas apaixonou-se por este ofício, talvez até mais do que nós. E criou a associação, que tem levado o nome do artesanato de Almalaguês bem longe. Nós, sozinhas, não teríamos conseguido”, diz Rosa Reis.
O lema é estar sempre a inovar. Por isso houve alpercatas portuguesas com tecido de Almalaguês. Por isso estão a inventar uma cobertura para as almofadas das gaitas de foles – outra tradição da freguesia, as romarias anunciadas por gaiteiros. Por isso criam peças de vestuário em estilo patchwork, criando a partir dos diferentes tecidos feitos por novas e velhas tecedeiras. “O que eu mais gosto mesmo é de criar coisas novas. Pegar na tradição, claro. Mas inventar. Criar, sempre”, diz Maria Emília.
Tradições reinventam-se
Tradição e inovação são a receita que vem nos manuais de sobrevivência para a coesão territorial, mas que nem sempre é possível concretizar. Em Almalaguês, sim. Não sem sobressaltos ou inquietações, mas, afinal, e no final, pesou sempre mais a perseverança. É ela que explica que, mesmo que pelas ruas de Almalaguês já não haja uma sinfonia de teares, como havia antigamente, ainda há ritmo a sair por detrás dos postigos e poesia a ser desenhada na teia.
Diz-se que Almalaguês foi povoada por um árabe que ali chegou em 1808. Lenda ou realidade, certo é que a Suleiman Alma Laki são atribuídas algumas das mais importantes tradições da aldeia, com os teares e a tecelagem a encimar todas elas. Chegada ao século XXI com pouco mais de 2800 habitantes (foi o que registou o Censos 2021), a freguesia é composta por 26 localidades, pequenas povoações que desenham um curioso mosaico paisagístico. E de onde os teares nunca chegaram a desaparecer.
A orografia acidentada de Almalaguês ajudou-a a isolar-se, preservando-a. Não há quem não fale da dificuldade que antigamente havia em chegar à cidade. De como as mulheres saíam com carradas de tapetes à cabeça, levando as empreitadas que lhes consumiram as horas dos últimos meses. E traziam, também em carradas, na mesma cabeça, quilos de trapos e trapinhos para fazer colchas e tapetes.
Aos dias de hoje, a distância à cidade resolve-se numa dúzia de quilómetros e outros tantos minutos de carro. Mas, no passado, nesses anos em que cresceram Leonor, Rosa ou Graça, as distâncias eram bem difíceis. E não apenas físicas.
Leonor nasceu, cresceu, casou, ficou viúva, sempre a viver em Anaguéis. “Nunca pensei em sair daqui. Não tínhamos meio de transporte. No inverno, para chegar à estação, eram 40 minutos a pé. E o meu pai dizia que quem ia para Coimbra ia para uma má vida. Ele nunca nos deixou sair. Então, ficámos. A trabalhar na terra, no tear… era assim a vida”, desabafa, conformada. Leonor tem 79 anos e começou a tecer quando tinha uns 11, logo depois de sair da escola.
“Fiz a terceira classe, não estudei mais. Aprendi tudo com a minha mãe. Sei fazer tudo: urdir, aparelhar, tecer… tudo, tudo! Para mim, o mais difícil é aparelhar, é chato”, conta Leonor, explicando que é preciso “estar ali com aqueles fiozinhos todos, a enfiar um por um”.
Naquele tempo, não havia um dia sem tear. Se não era tempo da azeitona, não havia mais nada a fazer, então era tear. No inverno, era sempre tear.
Os teares eram, também, lugares de namoro. Os rapazes namoravam ao postigo, até que os pais permitissem que eles entrassem e continuassem o namoro ao fundo do tear. Os postigos são janelas, pequenas frestas por onde entrava a luz necessária para a tecedeira fazer o seu trabalho. Por trás de cada postigo havia sempre um tear.
Graça Patrício tinha autorização para namorar à quarta-feira. “No verão, era ao postigo. Eu atrás do tear, ele do lado de fora da janela. Depois, no inverno e quando já havia mais tempo de namoro, ele podia entrar… mas o tear tinha sempre de se ouvir. Se a minha mãe deixasse de ouvir os liços a bater, batia com o pé lá em cima, como que para avisar: ‘Olha que eu estou a ouvir’”, recorda. Os namoros demoravam quatro, oito, dez anos, o tempo que calhasse.
Mas, quando calhasse em casamento – o que acontecia a quase todos os que foram assim prolongados –, já se sabia que havia de terminar em arroz doce para todos. É uma tradição que ainda se mantém em Almalaguês. Os noivos vão levar arroz doce aos convidados e vizinhos para receber uma prenda em troca. Quando Graça casou a filha, esteve a cozer em leite do dia gordo, aromatizado com canela e limão, 25 quilos de arroz.
Graça tem 71 anos e também está viúva. Perdeu o marido cedo, aos 36 anos, quando o filho tinha 13 anos e a filha apenas sete. “O tear foi sempre uma mais-valia para mim. Uma ajuda. O tempo que ali estivesse a tecer, parece que tudo passa… se calhar é aquele barulho que nos acalma. Ainda hoje, às vezes, a minha filha me diz: ‘Oh mãe, tu estás a precisar de ir para a associação’. E é. Venho para aqui, e passam-me as neuras”, conta.
Certo é que, no início do século passado, não havia mulher que não tecesse, não havia casa que não tivesse tear. E todos trabalhavam na agricultura – que foi sempre ela que garantiu sustento aos habitantes e lhes permitiu fixar raízes. Os que não tinham terra própria trabalhavam para o principal proprietário da freguesia, que teria grandes preocupações sociais e se empenhava em garantir trabalho e sustento a toda a gente.
Quem o garante é Vítor Costa, que foi beneficiário direto dessa generosidade (o pai de Vítor era afilhado do Dr. Álvaro, e Vítor foi criado na Casa Grande, rodeado de cuidados e mimos de todos). Vítor Costa foi, mais tarde, presidente da Junta durante três mandatos e acredita que o isolamento e a distância face à cidade, bem como o facto de haver trabalho para quase todos na aldeia, é que permitiu que Almalaguês, ao contrário de outras freguesias do interior, não sofresse o êxodo rural que deixou exangue muitas localidades.
“Acredito que é isso que permite, por exemplo, que as nossas festas populares decorram em pleno inverno, em janeiro, porque é em janeiro o dia do nosso padroeiro, São Sebastião. Não há necessidade de esperar pelo verão para virem emigrantes, porque em Almalaguês poucos há”, afirma Vítor Costa.
Nos últimos anos, a festa do Mártir São Sebastião também é pretexto para organizar o EGA – Encontro de Gaiteiros de Almalaguês. E, para nonagenárias como a mestra Benvinda Isidoro, dona de uma invejável vitalidade e uma disposição à prova de tudo, rapidamente o EGA se tornou um dos seus dias preferidos. “Por causa da alegria que todos esses gaiteiros trazem à nossa frente. Ainda este ano foi gente até ao fim do mundo. É bonito de se ver”, diz Benvinda.
Almalaguês também é terra de gaiteiros, e há uma escultura no centro da aldeia a prová-lo. O gaiteiro é o conjunto de gaita de foles, caixa e bombo que anima as festas e romarias da região. O Maurício, que tocava gaita de foles e está homenageado na escultura, já faleceu. Mas o filho e o neto mantêm a tradição, e, junto com o amigo Fernando, são um dos três trios que mantêm a atividade na freguesia. “A gaita de foles aprende-se tocando. Aprende-se nas festas, onde há emoção. Cheguei a tocar com o meu pai, inclusive num Encontro de Gaiteiros de Almalaguês, onde ele foi homenageado. Em casa, ele é a minha inspiração. As músicas que tocava são as que eu toco”, diz Licínio Maurício.
Negalhos, arroz doce, arte pública
A existência de um movimento associativo bem estruturado em Almalaguês é, porventura, a chave principal da vitalidade da freguesia. O Encontro de Gaiteiros de Almalaguês é co-organizado pela CANFA – Confraria dos Amigos do Negalho e da Freguesia de Almalaguês – e pela Comissão de Festas do Mártir São Sebastião.
O negalho é uma iguaria gastronómica com origem na vizinha Miranda do Corvo, mas a Confraria é de Almalaguês. Mantendo a bitola na gastronomia, deve-se também mencionar a Confraria do Arroz Doce, antes de passar ao Grupo Folclórico e Etnográfico “As Tecedeiras de Almalaguês”, que, além das atividades expectáveis de uma coletividade deste tipo, mantém uma Casa Museu onde é possível viajar pela história e pelo folclore da região, destacando o trabalho artesanal das tecedeiras.
Mas ainda há mais associações na freguesia, como a Associação Desportiva e Cultural de Almalaguês (ADCA), que organiza uma importante atividade pública na aldeia. É o caso do evento anual “Por Terras de Almalaki”, que, em 2024, deu origem ao projeto “Ao Postigo Contigo”.
Membro da ADCA, Vítor Costa é um dos principais responsáveis por este projeto, que se transformou numa verdadeira galeria de arte pública ao ar livre. Durante um ano (de 12 de outubro de 2024 a 12 de outubro de 2025), a aldeia expõe gratuitamente o trabalho de 18 artistas plásticos. O 19.º artista é o próprio Vítor Costa, que, depois de ter sido muitas coisas na vida, se dedica agora em pleno às artes plásticas – uma paixão que descobriu na escola primária, quando recebeu um prémio de pintura.
Para a exposição “Ao Postigo Contigo”, Vítor Costa convidou 18 artistas, de várias proveniências e sensibilidades, para realizarem uma intervenção artística em torno de um postigo. “Contactámos os donos de casas que tinham postigos. Aqueles que autorizaram passaram-nos uma declaração em como permitiam que um artista interviesse na parede da sua casa e que se comprometiam a não mexer naquela parede durante um ano.
Assim, conseguimos apresentar uma exposição de pintura, muito formal, com catálogo e etiquetas junto às pinturas, de forma a que qualquer pessoa, durante um ano, possa vir, 24 horas por dia, ver a exposição”, explica Vítor.
Cada uma de nós trouxe as suas ideias, criámos peças diferentes, e hoje temos um grande potencial.
Maria Emília Pereira
E tem vindo muita gente. Vítor bem ouve os carros, por vezes, à uma da manhã, a abeirarem-se do trabalho que tem debaixo da sua janela. “A ideia foi essa: fazer com que as pessoas venham, a propósito da pintura, e que vejam o catálogo que está à venda na Junta, no restaurante do Renato, aqui na associação… e que as pessoas possam questionar-se se ainda há gente a tecer por trás destes postigos. E sim, ainda há gente a tecer. Foram cada vez menos, mas começam a ser cada vez mais”, vaticina.
Cristina Fachada, a tecedeira que durante muitos anos foi a única a manter a atividade contínua e a porta aberta no centro da aldeia, concorda que, “finalmente”, voltaram a ouvir-se teares em Almalaguês.
Na localidade vizinha, em Anaguéis, Margarida Patrício começou a dedicar-se ao tear apenas em 2015. “Tinha um ramo de atividade completamente diferente, num aviário, mas acabei desempregada e fui tirar um curso para a Junta de Freguesia. Entretanto, uma vizinha perguntou-me se eu não queria ir para lá aprender. Como não tinha nada a para fazer, fui. A certa altura, comprei um tear e vim para casa. Não sabia tudo, mas fui aprendendo”, conta Margarida.
Começou a criar peças diferentes, com cores distintas da tecelagem tradicional, e ganhou visibilidade e procura. A expensas próprias, aprendeu a gerir redes sociais e a vender na internet. Hoje, é no Facebook que tem a sua principal montra, com o projeto Arte D’Alma.
“A pandemia, que parecia uma coisa má, para mim foi boa, porque comecei a vender o triplo, pois as pessoas estavam sentadas em casa. A partir daí, comprei mais dois teares. E aqui estou.”
Mais sobre Almalaguês
Vítor Costa, o pintor
Foi o menino da aldeia, conhecido de todos por ser afilhado do senhor da Casa Grande, o maior proprietário da terra. Estudou Direito, trabalhou numa farmacêutica, jogou futebol e andebol, mas, se há ofício que o define, é o que expressa através da arte: a pintura. Pinta desde que ganhou uma mala de viagem carregada de materiais num concurso de desenho na escola primária. Foi presidente da Junta e é um dos principais dinamizadores da freguesia – um dos últimos projetos que promoveu foi a exposição de arte pública “Ao Postigo Contigo”.
Maria Emília Pereira, a professora
É conhecida por Mila ou por professora. É, de facto, professora do Ensino Básico e, quando começou a dar aulas em Coimbra, acabou colocada em Anaguéis. Tem 66 anos, está reformada. Hoje em dia, numa das últimas escolas onde deu aulas, é a dinamizadora da Associação Herança do Passado. Mais do que um museu, é um ponto de encontro de novas e velhas tecedeiras, gente com sabedoria e experiência para partilhar e com vontade de aprender. Maria Emília nasceu e cresceu em Seia, mas apaixonou-se pela tecelagem de Almalaguês.
Benvinda Isidoro, a mestra
Com 90 anos acabados de fazer, Benvinda Isidoro diz que não se permite parar. Todos os dias, sempre que pode, volta a pôr-se de gatas para entrar no seu tear e tecer, tecer, tecer. Perdeu a conta às peças que fez e às senhoras que ensinou. Mas não se diz mestra: mestra era a sua avó, que ensinou 57 pessoas. Humilde, não deixa de sublinhar que conseguiu fazer coisas que mais ninguém fez, que preza muito o trabalho “fino” e “criativo”, e que agora continua a trabalhar para doar a pessoas da família.
Licínio Maurício, o gaiteiro
Professor de Matemática, nasceu em Almalaguês e habituou-se às festas da terra, em que o “gaiteiro” — um trio de músicos composto por gaita de foles, caixa e bombo — percorria as ruas da aldeia para avisar da festa. O pai foi o primeiro gaiteiro de Almalaguês. Licínio seguiu-lhe os passos e, hoje, anda com o afilhado-sobrinho e um amigo de infância a animar as festas de rua.
Cristina Fachada, a tecedeira
Tem 56 anos de vida, e mais de 49 passados atrás de um tear. Os trabalhos de Almalaguês são quem lhe leva a criatividade e o desafio, e de onde tira alento, e rendimento. Atualmente é a única tecedeira que tem a porta de casa aberta ao público para mostrar os seus trabalhos todos os dias da semana. Não quer que volte o tempo antigo, mas aprecia que a arte esteja de novo a revigorar. Começa a sentir-se cada vez menos sozinha.
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