Iniciativa de turismo social, inclusivo e de natureza dinamizada pela ASTA – Associação Sócio Terapêutica de Almeida, com uma oferta estruturada de um, dois dias ou uma semana direcionada para adultos e crianças, empresas e famílias, todos os que procurem uma experiência turística humanizada e humanizadora.
O turismo pode ser uma importante ferramenta para a integração social, humana e económica de pessoas com necessidades de cuidados especiais. O programa “Contigo, há Descoberta”, lançado pela ASTA – Associação Sócio Terapêutica de Almeida em 2000, tem produzido muitas provas nesta matéria, transformando os companheiros da associação (que se destina a pessoas com deficiência cognitiva, mental e multideficiência) em verdadeiros guias turísticos.
Toda a gente tem capacidade para fazer coisas, seja quem for, seja o que for.
Maria José Dinis, fundadora da ASTA
A ideia surgiu em 1998, mas só iniciou as atividades em 2000, quando Anémone Leton, uma cidadã belga licenciada em Turismo, que estava a fazer voluntariado na associação e acabou contratada, começou a montar o programa.
A matéria-prima estava já na associação: alguns dos companheiros eram já verdadeiros mestres em alguns dos saberes que praticam diariamente nas oficinas de trabalho ministradas pela ASTA. Há tecelagem, há olaria, há cozinha pedagógica. E na região onde a instituição está sediada, (a aldeia de Cabreira do Côa) pontuam aldeias históricas como Almeida e Castelo Mendo.
O trabalho de Anémone Leton foi trabalhar ao lado desses companheiros para os preparar para fazer visitas guiadas, à ASTA e à região. O resultado são vários programas para um dia, dois dias ou uma semana, com visitas guiadas por companheiros com deficiência mental cognitiva ou multideficiências, mas que revelam no terreno muita competência.
A ASTA apresenta o programa como estando assente no conceito dos mesmos cinco “S” que norteiam a experiência diária dos companheiros: o silêncio, que se sente naquele território em plena natureza; os saberes, das práticas artesanais como a olaria, a tecelagem, o ciclo e transformação da lã; os sabores, com refeições confecionadas na Cozinha São Francisco com produtos endógenos cultivados na horta das aldeias, ou com pão cozido no forno da aldeia; a simplicidade, com que os companheiros transmitem o conhecimento e interagem com os visitantes; e, por fim, a sustentabilidade, que, de uma forma transversal, atravessa o programa por rentabilizar equipamentos sociais e partilhar aprendizagens, criar riqueza social e económica, defendendo e preservando ecossistemas e criando mais emprego na região.
Esta é uma das partes mais relevantes deste programa, porque oferece às pessoas portadoras de deficiência uma oportunidade de emprego digno e adaptado às suas capacidades.
O projeto começou a ganhar prémios logo nos primeiros anos de vida: Prémio José Manuel Alves, um concurso de empreendedorismo turístico, promovido pelo Turismo Centro de Portugal em 2021; Prémio Fidelidade Comunidade, em 2022, e Prémio Lidl Mais Ajuda, em 2022. Mas o mais importante de todos os prémios é mesmo a satisfação que estes programas imprimem, tanto aos companheiros que os fazem, como aos visitantes que os experimentam.
A ASTA divulga algumas datas em que oferece alguns programas já construídos (vale a pena ficar atento às informações nas redes sociais e consultar o site da associação, onde está publicado o calendário de atividades), mas também está disponível para construir um programa de raiz para outras datas. O programa não garante alojamento para todos os participantes – uma vez que as instalações são limitadas.
São estes os programas:
- “ Um dia Contigo” corresponde a um dia de atividades (dois workshops nas oficinas de artesanato/ou um workshop e um percurso pedestre/ou uma visita guiada numa aldeia histórica; e dinâmicas sócio-terapêuticas (danças de roda, etc.)), um almoço na nossa Cozinha S. Francisco, na aldeia da Cabreira do Côa, os lanches da manhã e da tarde.
- “Um fim de semana Contigo” corresponde à experiência de um fim de semana diferenciador, incluindo: dois dias de atividades, dois almoços na nossa Cozinha S. Francisco, na aldeia da Cabreira do Côa, uma noite em alojamento local com pequeno-almoço e os lanches da manhã e da tarde. Excluído está o jantar, que é livre.
- “Uma semana sazonal do Contigo, Há Descoberta…” inseridos nos ritmos da ASTA, que corresponde a cinco dias de atividades, cinco almoços na nossa Cozinha S. Francisco, na aldeia da Cabreira do Côa, quatro noites em alojamento local com pequeno-almoço, os lanches da manhã e da tarde. Os jantares são livres.
Para mais informações sobre os passeios “Contigo, Há Descoberta” contacte a ASTA – Associação Sócio Terapêutica de Almeida pelo telefone +351 271 036 143.
Mais sobre Cabreira
Cabreira do Côa, a aldeia dos companheiros
Conta-se que, desde há muito tempo, num pequeno vale abrigado por grandes pedras arredondadas, na raia com Espanha e a oeste de um rio que corre para norte e se chama Côa, vivia uma pequena comunidade de gente corajosa, simples e afável. Desde há 25 anos que a aldeia da Cabreira, no concelho de Almeida é também a morada da ASTA, uma associação sócio terapêutica dedicada à deficiência mental, que não tem utentes nem clientes. Tem companheiros e é um caso sério de compromisso com a integração social.
Maria José Dinis, a mãe
Natural da Cabreira, aldeia de Almeida onde nasceu há 69 anos, Maria José aprendeu a ser pedagoga e socioterapeuta por causa do Marco, um filho que lhe nasceu deficiente. Maria José apresenta-se como mãe de Marco e é, também, mãe da ASTA, a associação sócio terapêutica com 44 companheiros e 42 colaboradores que ajudam a povoar e a dar sentido a esta pequena aldeia do Interior. Uma aldeia que tem magia.
Anémone Leton, a viajante que encontrou a paz
Nasceu na Bélgica, viajou pelo mundo, é profissional de turismo. Aos 34 anos diz ter a sorte, e o privilégio, de ter encontrado no projeto da ASTA um sentido para a vida e um espaço onde quer montar um ninho familiar, e continuar a aprender. É coordenadora do projeto “Contigo, há Descoberta!”, uma iniciativa de turismo social, inclusivo e de natureza. Agora só está preocupada em continuar a aprender, vai tirar o curso de Socioterapia e Pedagogia Curativa para poder partilhar com os companheiros muitas descobertas.
Guilherme Anjos, o guia turístico
Nasceu numa aldeia de Figueira de Castelo Rodrigo, mas passou a infância e a juventude numa casa de acolhimento para jovens em risco, perto do Porto. Antes de chegar aos 18 anos, foi ele quem pesquisou na Net e procurou o seu destino. Encontrou a ASTA e desde há três anos é um dos companheiros que vive na Casa da Oliveira, bem no centro da pequena aldeia de Cabreira do Côa. É, entre muitas outras coisas, um apaixonado guia turístico.
Luís Fonseca, o braço direito
Foi quando uma amiga de infância lhe pediu contactos que ele entregou toda a sua ajuda. Ajudou-a a montar a associação, e desempenhou nela muitos papéis. Foi voluntário, depois funcionário, foi pai de casa e agora é responsável pela parte agrícola do projeto ASTA. É presidente da Junta.
Milene Sieiro, a miúda forte e valente
Tem energia inesgotável, um eterno ar de menina traquina, um sorriso contagiante. Milene Sieiro tem 30 anos mas sente-se com 19. Não é residente da aldeia, mas é uma das companheiras que vem para a ASTA todos dos dias, há já 9 anos. É, também, uma das guias turísticas habilitadas para acompanhar visitantes no programa “Contigo, há Descoberta”.
