Guia com tudo o que precisa saber para visitar as aldeias de Figueiró da Serra e Freixo da Serra, no município de Gouveia (Guarda). Inclui o que fazer em Freixo e Figueiró da Serra – atrações e passeios -, onde ficar hospedado e os melhores restaurantes.
O que fazer em Figueiró e Freixo da Serra
Visitar o Museu do Freixo
No edificio onde outrora havia um forno comunitário está hoje instalado um pequeno museu etnográfico conhecido como Museu do Freixo.
Nele se exibem algumas centenas de objetos e fotografias antigas, maioritariamente doados pelos habitantes da aldeia aquando da criação do museu. Um espaço pequeno mas muito, muito interessante. Fica no coração da aldeia de Freixo da Serra e é um daqueles locais de visita obrigatória.
De resto, aproveite para conhecer a aldeia de Freixo da Serra propriamente dita. Para além do museu etnográfico, destaque para a Igreja Matriz de Freixo da Serra (do século XVIII), e o Cruzeiro no Largo do Adro.
O museu costuma estar de portas fechadas. Para visitar, contacte a Junta de Freguesia. pelos números 271 776 018 ou 960 063 403.
Participar nas atividades da Veredas da Estrela
A Veredas da Estrela – Associação para o Futuro das comunidades de Figueiró da Serra e Freixo da Serra organiza múltiplas atividade ao longo do ano “que contribuam parra tornar as aldeias e as comunidades ainda mais vivas”, incluindo caminhadas, visitas ao projeto Capril da Serra e oficinas mais práticas.
Eu tive a sorte de participar numa dessas oficinas, dedicadas à lá, e onde se praticou boa parte do processo dessa matéria-prima de vital importância na fregião, desde a lavagem da lã até ao feltrar, passando pelas artes de cardar, pentear e fiar. Recomendo vivamente.
Passear pelas ruas históricas de Figueiró da Serra
Parte integrante da rede de Aldeias de Montanha, Figueiró da Serra é uma pequena aldeia recheada de história.
Um passeio pelas ancestrais ruas de Figueiró da Serra é pretexto para falar do período pré-histórico e romano, de arte (na Capela de Santa Eufémia existem dois painéis cuja autoria se atribui a Nuno Gonçalves, conhecido pintor do século XV), de religião (ali esteve sedeada, em tempos, a Ordem de Malta) e, até, sobre a II Guerra Mundial (Hitler abastecia-se de volfrâmio para o fabrico de armas ali mesmo, nas antigas Minas dos Azibrais).
in Aldeias de Montanha
Em suma, não tente escolher entre Freixo da Serra e Figueiró da Serra – ao invés, visite ambas as aldeias do concelho de Gouveia!
Conhecer Folgosinho
Igualmente considerada uma das Aldeias de Montanha, Folgosinho fica a escassos 3km da aldeia de Freixo da Serra.
Nas palavras da rede, “é sobretudo o castelo, a par com a cultura e os sabores locais (…) que atraem turistas a Folgosinho. Diz-se que terá sido Viriato a lançar as primeiras pedras do castelo – uma fortificação certamente muito diferente daquela que encontramos no topo da aldeia nos dias que correm. Reconstruída em 1938, a muralha de Folgosinho – um “castelo inventado”, como alguns lhe chamam – é hoje uma estrutura circular de apenas 10 metros de diâmetro. Mas isso não lhe retira o encanto: erigida em quartzo branco-rosado é uma construção única e oferece uma vista ímpar” sobre a natureza e o horizonte a perder de vista”.
Ou seja, o castelo não é verdadeiramente um castelo – como o de Linhares, por exemplo – e provavelmente deveria ter outra denominação. Mas, ainda assim, é um ponto de observação priviligiado sobre toda a região, e dele se avistam as aldeias de Figueiró e Freixo da Serra. Fica a sugestão, para combinar com um almoço no restaurante O Albertino.
Percorrer o trilho Rota dos Galhardos
Existem sete percursos pedestres do tipo Pequena Rota (PR) no território do concelho de Gouveia. Um deles – provavelmente o melhor! – é a Rota dos Galhardos, um trilho que está implantado na freguesia de Folgosinho, em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, e “valoriza um conjunto de espaços ambientais, geológicos e culturais de valor excecional, num percurso circular de 11km”.
Nas palavras municipais, “os principais elementos culturais são constituídos por duas calçadas, a romana dos Galhardos e a medieval da Serra de Baixo ou dos Cantarinhos, que ligam a sede de freguesia ao alto. São ligadas pelo estradão no alto, correspondendo a um troço da Grande Rota (GR-22) das Aldeias Históricas, entre a Portela de Folgosinho e a Pedra Furada, ligada a lendas e tradições antigas. Neste troço do alto, destacam-se os modelados graníticos apropriados pela comunidade, através do seu antropomorfismo, representados na Cabeço do Faraó e na Cabeça do Lobisomem, que testemunham não só a força da erosão natural, fruto da exposição ao meio–ambiente destes cabeços no alto da serra, mas também a ligação estreita entre comunidade e paisagem a partir da apropriação cultural destes elementos paisagísticos naturais”.
Para mais informações, incluindo um mapa do percurso, veja a página oficial da Rota dos Galhardos no site da Câmara Municipal de Gouveia.
Visitar Linhares da Beira e o seu castelo
É certo que Linhares da Beira pertence ao município vizinho de Celorico da Beira, mas para o turista essas divisões administrativas são irrelevantes. Assim, não poderia deixar de recomendar uma visita à bem cuidada vila de Linhares da Beira, onde, para além das ruas arranjadas e das fachadas bem recuperadas, pontifica o castelo altaneiro. Linhares da Beira fica a apenas 7km de Figueiró da Serra. A visitar, portanto.
Outras coisas a visitar em Gouveia
Como é evidente – e ainda para mais estando Integrado na encosta ocidental da Serra da Estrela! -, há muitas outras atrações no concelho de Gouveia que valem a pena visitar, a começar desde logo pela própria cidade de Gouveia. Assim, deixo aqui mais alguns locais nas proximidades cuja visita pode – e deve! – incluir no seu planeanento.
- Visitar a cidade de Gouveia, sede do concelho.
- Explorar o Geopark Estrela: o miradouro do Cabeço de Alfátima, o penedo da Cabeça do Velho, a Nascente do Mondeguinho, em pleno Parque Natural da Serra da Estrela, próximo do Vale do Rossim.
- Conhecer a Anta da Pedra da Orca (Dólmen do Rio Torto).
- Visitar Melo e a sua Capela de Santa Marta.
Gastronomia e onde comer
Infelizmente não há restaurantes nem em Figueiró da Serra nem em Freixo da Serra. Assim, e caso não queira (ou não possa) cozinhar no seu alojamento, saiba que o restaurante mais afamado da região fica em Folgosinho, a escassos 3km de Freixo da Serra. É o icónico restaurante O Albertino, principal referência gastronómica da região.
Experimente para saborear “cabrito, borrego, arroz de cabidela, feijoada de javali, queijo serra da estrela, requeijão com doce de abóbora, arroz doce feito com leite de ovelha e filhoses, entre outras iguarias”.
Onde ficar em Figueiró da Serra
Caso pretenda visitar Figueiró da Serra e Freixo da Serra, é natural que se interrogue sobre das duas tem a melhor localização para pernoitar. Na verdade, não existem hotéis em nenhuma delas, mas felizmente há várias opções de alojamento nas proximidades, incluindo nas aldeias de Linhares da Beira e Folgosinho.
Eu, pessoalmente, escolhi ficar na Quinta da Barbosa, em Vila Nova de Cortez, muito perto de Freixo da Serra. E posso garantir que é uma casa excelente para um grupo de amigos ou família numerosa.
Alternativamente, considere as excecionais Casa dos Cabritos, Alojamento Pelourinho e O Salgueiro, que ficam a dois passos de Freixo da Serra, no lugar de Melo – provavelmente a aldeia com maior concentração de boas opções de alojamento. Ou então o Agroturismo A Fidalga, a Casa do Penedo ou até o inevitável hotel do Inatel, todos em Linhares da Beira. Por fim, caso prefira ficar em Folgosinho, veja a belíssima Casa dos Limos Verdes.
Seja como for, pode também pesquisar todos os alojamentos disponíveis na região usando o link abaixo, tendo o cuidado de reservar com a máxima antecedência possível.
Quantos dias dormir em Figueiró e Freixo da Serra
Depende, obviamente, do objetivo da visita. Como turista, um dia completo chega perfeitamente para conhecer ambas as aldeias. Mas , para conhecer melhor as atrações do concelho de Gouveia, ir até Linhares da Beira e fazer um caminhada, eu diria que o ideal é ficar um fim de semana.
Seguro de viagem
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Mais sobre Figueiró e Freixo da Serra
Figueiró da Serra e Freixo da Serra, aldeias resilientes
Depois dos incêndios de 2017 e 2022, os habitantes da única freguesia do concelho de Gouveia que teve uma taxa de variação positiva nos últimos censos querem mostrar porque é que as aldeias de Figueiró da Serra e do Freixo da Serra são comunidades vivas e aldeias resilientes. A Veredas da Estrela é o melhor cartão de visita de um território onde ainda há pastores e floresta, onde há memória e passado e, sobretudo, onde há horizonte. E futuro.
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Corinna Lawrenz, a batalhadora
Corinna é programadora cultural, investigadora e facilitadora. Mas também é escritora, editora e tradutora. É alemã e precisa de pouco mais do que uma boa ligação à internet para continuar a trabalhar para o seu país natal. Mas sente vontade, e necessidade, de criar impacto na terra onde escolheu viver. É a presidente da Veredas da Estrela, e uma força de trabalho e de organização inspiradora para os outros membros da comunidade.
Gonçalo Teixeira, o regenerador
A visão do vale de Figueiró da Serra trouxe amor à primeira vista ao jovem casal que, até então, trabalhava numa quinta de permacultura no Algarve. Foi em 2015, quando havia mais gente no vale. Veio o incêndio, e foram todos embora. Gonçalo e Rita ficaram, com uma bebé nos braços. Veio mais um incêndio e um par de gémeos. Gonçalo e Rita aprenderam o lugar dos homens na natureza – e querem ter a certeza que os filhos também vão aprender.
Rafaela Mapril, a estudiosa
Trabalha no mundo das artes, como figurinista para várias companhias de teatro. Mas sempre teve uma pancada pelo Freixo da Serra. Tanto que decidiu estudar turismo e gestão cultural para conseguir investigar e inventariar todas as tradições e património da aldeia onde nasceu a avó. Vendeu a casa que tinha em Lisboa para poder comprar quase um bairro na aldeia do Freixo, e ter finalmente um casa com quintal.
Arménio Teixeira, o regressado
Foi militar em Angola, foi empreendedor nos Estados Unidos. Esteve perto de Providence, em Rhode Island, mais de 50 anos, mas foi na aldeia onde nasceu que escolheu “meter o motor em quinta, e deixá-lo rodar”. Diz que o incêndio de 2017 alterou profundamente a paisagem da região, mas acredita que é possível tentar regenerar a serra. E está empenhado em ajudar.
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