Podia haver uma linha a dividir a freguesia de Barcos, entre a parte alta da aldeia, onde as casas são novas e grandes, e a parte de baixo, onde fica o centro histórico e reside uma população maioritariamente envelhecida. Mas a abertura de um Espaço do Cidadão, impulsionado pela Junta de Freguesia, atenuou essas linhas, e hoje a velha Aldeia Vinhateira de Barcos é um centro de convívio ao ar livre, onde se relatam memórias e se costuram afetos.
Ália Cabral tem 81 anos, corpo franzino, sorriso franco e olhar doce. Está encostada numa das casas junto ao largo do adro, na aldeia de Barcos, concelho de Tabuaço. Está feliz, porque acabou de dar uma boa notícia às enfermeiras da Unidade Móvel de Saúde de Tabuaço que, a cada 15 dias, ali estacionam uma carrinha para prestar serviços básicos de saúde aos muitos idosos que vivem na aldeia. Da última vez que a carrinha ali tinha estado, Ália recuperava de uma infeção pelo coronavírus – “nem sei como apanhei o bicho, que eu fiz as três vacinas direitinho e não me junto com ninguém”, conta. Estava muito fragilizada. Não pesava nem 40 quilos.
“A menina do carro da saúde disse-me agora que tinha ido para casa triste como a noite, por me ter encontrado tão fraquinha. Mas agora dei-lhe duas boas noticias: as tensões estão boas e até ja engordei dois quilos. Já comecei a debicar, mas a comida ainda não me sabe a nada…”, conta Ália, com uma voz suave e doce.
A octogenária já tem, de novo, vontade de sair à rua e de rever a vizinhança. “Estive muitos dias sem sair de casa. Mas a minha cunhada andava sempre lá fora a perguntar por mim”, conta. A cunhada é Maria da Conceição Valério, a “São do Valério” como todas a conhecem. E é preciso acrescentar o “do”, porque há mais gente a ser chamada de São, mesmo que não partilhem nome e apelido.
Para além da São do Valério, há a São da Ernestina e ainda a São do Carniceiro, que nem é Maria da Conceição, mas Maria da Anunciação. Não são poucas as vezes que ali se juntam todas, no mesmo adro onde agora mesmo estão Ália e São, a do Valério e a do Carniceiro, e ainda António Pinto e Nair Lurdes, a apanhar sol e a conversar.
Há sempre conversa para pôr em dia e, desta vez, ainda se avançam comentários sobre a festa do fim de semana, que foi rija e animada. Foram dois dias com petiscos e caminhadas, artesanato e produtos regionais, ranchos e grupos de cantares, gaitas de foles e concertinas. A Festa das Vindimas de Barcos já se tornou uma boa tradição, pelo movimento que traz à aldeia, e pelo negócio que ajuda a fazer a muitos.
As festas em Barcos foram sempre animadas – noutros tempos, no São João, tornaram-se proverbiais as rivalidade entre o cimo de vila e o fundo de vila. Agora Barcos já não é vila, mas ainda há o cimo da aldeia, onde as casas são novas e toda a gente tem um carro ou dois, e a parte de baixo da aldeia, onde fica o centro histórico e reside uma população maioritariamente envelhecida. A pandemia ia dando cabo de tudo, que o medo ganhou a muitas emoções, mas a tradição voltou a ser o que era e a aldeia engalanou-se e o povo encheu as ruas.
Fernando Barradas, presidente da Junta, anda a desmontar as decorações da festa. Já arrumou as barraquinhas e desmontou o palco, esteve a “tirar o vinho” do lagar onde, no fim de semana, demonstraram aos visitantes como era uma pisa. “Há gente que conhece bem isto, outros que não fazem ideia como se faz. É preciso mostrar a todos”, remata, acrescentando ficar muito contente com os visitantes que recebe das cidades. “Aqui não lhes falta nada. Até têm onde carregar o carro elétrico”.
Falta só tirar todas as bandeirinhas e bandeirolas que coloriram as ruas. Graciete Calçada, a mulher do presidente, já foi cortar pedaços de tecido e buscar a máquina de costura para refazer as bandeiras que se estragaram.
“O objetivo é guardar tudo direitinho para, quando formos enfeitar no próximo ano, não andarem bandeiras estragadas lá pelo meio”, explica Graciete, que aprendeu a costurar durante a pandemia – a fazer máscaras de tecido para distribuir pela aldeia – e até já comprou uma máquina de costura para a sede do Grupo de Cantares de Barcos, que ajudou a fundar.
O elemento mais velho tem 88 anos; a mais nova tem 21. “Fazemos muitas atuações, sobretudo aqui na região. E participamos em muitos intercâmbios. Gostamos de ter grupos cá, por isso também vamos quando nos convidam. Mas nunca há pagamentos envolvidos”, explica.
Tal como muitos filhos da terra, Graciete e Fernando estiveram emigrados muitos anos. Fernando esteve em Israel, depois foi para a Suíça, e levou a mulher e o filho. Ele trabalhava na construção, ela nas limpezas, ambos faziam horário pós laboral a limpar restaurantes e cafés. “Trabalhamos muito para governar a vida e poder regressar para a nossa aldeia”, limita-se a comentar Fernando Barradas, que aceitou candidatar-se à Junta mal regressou a Portugal.
“Eu tenho muita sorte, porque gosto muito disto, mas a minha esposa ainda gosta mais do que eu”, diz o autarca. Ele com 65 anos, ela com 62, estão casados há 48. “Podia ter corrido mal. Mas correu tudo muito bem. Temos dois filhos lindos e amamos a nossa terra”, diz Fernando. Sem o ter, sequer, ouvido, Graciete haveria de dizer o mesmo, por outras palavras e referindo-se a outras situações.
“Não troco a minha terra por nenhuma. O meu filho vive no Porto, eu vou lá e tudo mas, francamente, não me sinto bem. Eu gosto muito de Barcos e não trocaria a minha aldeia por nenhuma. Eu e o meu marido vivemos isto muito, muito. A nossa aldeia para nós é tudo”, diz, emocionada.
Os habitantes da aldeia parecem atarefados. Os adereços da festa ainda não estão todos recolhidos, é preciso lavar os cestos que acabou a vindima, há lenha para acomodar. Alexandre Mouco, artesão, já abriu o atelier onde cria peças de artesanato em estanho. Pode fazê-lo porque não vai trabalhar para a quinta onde é operador de máquinas agrícolas. Entretanto, pensa-se nas festividades e encontros seguintes. Vem aí os fiéis, depois o São Martinho, depois o Natal.
José Carvalho, 57 anos, funcionário da Junta de Freguesia de Barcos, diz que o melhor que pode haver da vida numa aldeia são os convívios entre todos. José lidera o Grupo de Bombos de Barcos, dá tudo por uma boa festa, nem precisa de ter data marcada. “Uma das coisas que mais gosto aqui na aldeia é quando a gente se junta ao fim de semana ali junto ao santuário do Sabroso e vamos para lá fazer o comer nos nossos potes antigos. Juntamo-nos uns 30 ou 40 e temos ali uma tarde bem passada”, refere.
O santuário do Sabroso é um importante espaço de devoção e peregrinação na freguesia, com uma interessantíssima igreja românica atribuída à fase da reconquista de D. Afonso Henriques. E o espaço contíguo ao santuário está todo infra-estruturado, com um parque de merendas e um parque de autocaravanismo.
A ideia foi arranjar um espaço onde as caravanas que pernoitam nas quintas vínicas que permitem esse aparcamento – uma delas é a Quinta do Monte Travesso – possam ter um espaço onde façam manutenção e despejem águas sanitárias com segurança. Mas pode perceber-se que as caravanas não passam apenas pelo parque para manutenção. É possível encontrar caravanistas que escolheram aquele espaço de natureza e fruição para passar alguns dias. E a Junta de Freguesia não cobra nada pela sua utilização.
Espaço do Cidadão
Nos quase 15 anos em que está à frente da Junta de Freguesia de Barcos, e tendo tido muitas oportunidades para fazer investimentos, candidaturas e projetos, obras nas ruas e recuperação das fachadas (foi ele quem andou, porta a porta, a convencer os moradores a aderir ao projeto das Aldeias Vinhateiras do Douro), há porém uma ideia que Fernando Barradas destaca. “O Espaço do Cidadão é das coisas que mais me orgulho entre todas as que fiz na Junta. Trazer a Junta cá para baixo, para a zona antiga da aldeia, e ter um espaço sempre aberto, onde as pessoas possam fazer tudo e não tenham de sair daqui para fora”.
Num edifício naquele mesmo Largo do Adro, Barradas abriu há cinco anos no rés-do-chão uma loja de produtos regionais, onde todos os que produzam alguma coisa na aldeia ali o possam vender; na parte de cima, um espaço de prestação de serviços, onde duas funcionárias fazem o atendimento ao público.
Uma delas é Joana Guedes, uma jovem de 27 anos que ali foi parar “por um mero acaso”, mas que agora não se consegue ver a fazer mais coisa nenhuma, em lado nenhum. “Consigo ver-me aqui a fazer isto durante muito e muito tempo. Gosto muito do que faço e o melhor de tudo é conseguir ter este tipo de interação com as pessoas”, refere Joana Guedes.
Joana nasceu no Algarve, mas cresceu na aldeia de Barcos. E prefere estar na aldeia de Barcos a estar com os pais, emigrantes na França. Joana ficou em Barcos, com o irmão de 21 anos. “Pode parecer que estou sozinha, mas não estou. A aldeia é a minha família”, diz Joana Guedes.
No dia a dia de Joana cabem bem mais do que tarefas e desafios típicos dos funcionárias administrativas – Joana renova cartas de condução, paga contas da água, luz e telefone, passa licenças de caça e de porte de arma, o registo de cães de companhia ou o pedido para uma nova caderneta predial junto da Autoridade Tributária. “Faço todos os serviços que é possível fazer nestes pontos de atendimento”, diz Joana. Mas faz muito mais do que isso.
Vai a casa de uma idosa se ela não consegue ligar a televisão, liga para a operadora de telemóvel se outra ficou sem plafond, vai buscar medicamentos à farmácia para quem ficou sem o stock que precisa, ajuda a mulher a cortar à medida os sacos coletores para o marido ostomizado.
E dá os ouvidos a todas e a todos que ali entrem para contar uma história ou pedir companhia. “Há tempo para tudo. Tudo se faz”, diz Joana, que terminou o ensino secundário e está ali, no Espaço do Cidadão de Barcos a fazer funções de secretária, psicóloga, assistente social. Joana é, afinal, e para todos, “a menina da Junta”.
Também é à menina da Junta que os interessados vão pedir para guardar a vez no acesso à água da mina. Todos os dias é entregue a uma pessoa diferente a pesada chave do reservatório de água proveniente de uma nascente que a Junta comprou e que é usada para regadio. “Quem precisar vem aqui dar o nome e aguarda a sua vez. Todas as semanas publicamos uma lista, com os nomes de quem pode usar a chave, de segunda a domingo”, explica Joana.
Nesse dia é a vez de Sebastião Pinto. Lá pelas 17h30, hora em que o sol já não anda tão alto (que o Outono lá se anunciava mas os dias ainda iam muito quentes), vem para perto da Igreja Matriz e abre a tampa da mina que está ali, em pleno centro histórico da aldeia. “Na altura da intervenção das Aldeias Vinhateiras, em que a rua foi toda composta, conduzimos a água até uma caixa distribuidora aqui no centro. As pessoas chegam aqui, e dizem se querem a água a ir para a direita, se os campos estiverem deste lado da aldeia, ou para a esquerda”, explicou Fernando Barradas.
Sebastião Pinto tem a esposa junta à leira onde plantou feijões e algumas couves. Fica do lado esquerdo da aldeia. “Esta água dá para 45 prédios”, diz Sebastião Pinto. Prédio é a designação que se dá a cada espaço de terra delimitado por um uso e proprietário. “A água é dada conforme as pessoas pedem. Eu não sei como calha, mas sei que para a semana já tenho uma vezeira outra vez. Como há menos gente a pedir, lá me vai calhando”, explica.
Sebastião tem quase 70 anos, parou de trabalhar aos 57. Era empreiteiro, diz que fez tudo quanto eram obras na parte de cima da aldeia, no chamado Bairro Novo. E fez também em aldeias e freguesias vizinhas, como Adorigo. “Ia para onde havia que fazer. Trabalhei muito”.
Mas estava numa obra em Pinheiros, uma freguesia vizinha, quando caiu de um escadote. “Nem alto era. Estava num primeiro degrau, mas caí desamparado para trás, bati com as costas no chão… tive de ser operado à coluna e nunca mais pude trabalhar”, relata. “Agora não consigo fazer mais nada”. Com locomoção debilitada, vem abrir a mina, mas é a mulher quem anda nos campos a regar.
Solidariedade intergeracional
São Valério é praticamente da idade de Sebastião Pinto. Tem 71 anos, conhece a aldeia como as palmas das mãos. Apesar da diabetes lhe estar a tirar a visão, andar com as tensões altas e ter muitas dores nas palmas e nos pulsos, São é uma verdadeira cicerone na aldeia. E uma apaixonada por Barcos – de uma família com sete irmãos, ela foi a única que ficou na aldeia, nunca quis sair.
Por já ter trabalhado muito durante a vida, hoje em dia, diz, às vezes nem o almoço faz, que lho traz a filha que está à frente de uma churrasqueira em Tabuaço. Tem por isso mais tempo para estar pelo Largo do Adro a conversar com os muitos amigos que, como ela, ali se juntam. E tempo “para tomar conta deles”, como diz São. António Pinto, o habitante mais idoso de Barcos, com 95 anos, é um dos que está sempre debaixo do olhar atento de São. “Às vezes ele vai pela rua abaixo, meio perdido. Ele já não está com a cabeça no lugar, ouve muito mal e não fala quase nada. Por isso ando sempre a ver para onde ele vai”, conta Maria da Conceição.
Ágil e agitadora, São também gosta de ajudar os turistas que chegam à aldeia, sem que o facto de não saber falar qualquer língua estrangeira a impeça de oferecer ajuda e avançar com indicações. “Quando eles aparecem aí e parece que andam perdidos à procura de alguma coisa, eu vou lá ajudá-los. Às vezes estão ali do lado de fora da igreja e nem entram. Eu vou lá, abro-lhes a porta, que aquilo é bonito de se ver é por dentro”, refere.
Muitas vezes os turistas param ao lado do mapa das Aldeias Vinhateiras, onde estão sinalizadas várias sugestões de pontos a visitar. Como a Casa da Roda dos Expostos, onde se deixavam os órfãos para religiosas acolherem; a Mata da Forca, onde se executavam penas capitais, na altura em que havia sentenças em praça pública; e o Pelourinho, onde essas sentenças se decidiam e se diziam.
Atualmente, esses pontos são, de facto, pouco mais do que lugares no mapa. A Casa das Roda dos Expostos tornou-se uma casa particular que viu o exterior completamente remodelado aquando da intervenção das Aldeias Vinhateiras. De uma forca na mata situada no cabeço fronteiro à zona nascente da aldeia de Barcos também não há qualquer indício na existência. E do Pelourinho de Barcos também não há sequer uma imagem ou documento a contar formato ou forma.
O presidente da Junta diz que já tentou encontrar documentos que lhe permitissem mandar fazer uma réplica, mas para já ainda não há nada. Só há a memória dos mais antigos, que reproduzem as histórias que lhes chegaram.
“Eu tenho muito respeito pelos idosos. E custa-me ver tanta gente a virar-lhes as costas. A uma criança todos dão um beijo. Mas dos idosos alguns fogem, alguns até lhes têm nojo. Eu só me preocupo que não lhes falte nada. E eles estavam tão sozinhos, aqui na parte antiga da aldeia”, refere Fernando Barradas, lembrando que a abertura do Espaço do Cidadão foi, também, uma forma de estancar o declínio a que aquela parte da aldeia estava votada.
“Quando nos tiraram daqui os alunos da escola, a aldeia ficou muito perdida. Os alunos vinham às três ou ou quatro da tarde da escola para cima, vinham a cantar e falavam com a gente, boa tarde Senhor Fernando, olá Dona Maria. Os idosos iam ficar isolados em casa. Não tinham nada que dizer a ninguém, não falavam com ninguém”, lamenta o autarca.
E, se a memória dos mais idosos se perde e dela não fica registo, não restarão sequer histórias para contar. Histórias como as que ainda hoje contam Ália Cabral e Maria da Conceição Valério, sobre uma das casas mais vistosas da aldeia – “a casa que mais pena me dá que não tenha sido possível recuperar”, diz Fernando Barradas.
Referem-se, todos, à “Casa do Carniceiro”, um edifício de três andares localizado mesmo ao lado da igreja. Foi comprado pelos pais de Maria da Anunciação, a mais velha de todas as “São”, que tem quase 90 anos e já não tem força física para subir as escadas e estar naquele casarão sozinha. Vive na casa de uma outra irmã, que casou e ficou a viver ali na aldeia. Mas todas as tardes Maria da Anunciação vem sentar-se à porta de casa, junto das vizinhas se sempre.
Ália Cabral conta que aquela é a casa mais antiga da aldeia. Chamavam-lhe a Casa do Militão. “O dono que a comprou era contra a religião. E mandou subir a casa até ela ser mais alta do que a casa de Deus”, relata, referindo-se à torre da igreja, ali mesmo ao lado. “E ele subir, subiu-a. Mas nunca a conseguiu subir. Porque ficou paralisado”, conta Ália, reforçando a ideia de que foi castigado por querer ser mais do que Deus.
Do Militão ninguém sabe paradeiro, a casa foi comprada pelos pais de Anunciação, que matavam animais para venda à porta de casa – daí o apelido de Carniceiro. “Eram muito boa gente, que matavam a fome a quem precisava”, conta São do Valério.
Agora não há fome como naqueles tempos. Mas ninguém está livre de passar dificuldades. Inesperadamente, Ália ganhou uns vizinhos ucranianos durante uns meses. “Vieram fugidos da guerra. Chegaram aqui e não tinham nadinha para comer. Nunca soube falar com eles, mas os gestos ajudam-nos a falar, não é?”, conta Ália.
Da janela da sua casa, ou da porta da rua, Ália tentava sempre perceber se lhes faltava alguma coisa. Primeiro chegou um casal. Depois veio mais uma mulher com uma criança. Estavam todos a viver na mesma casa, imagina que cedida pela Câmara de Tabuaço. “No dia da mãe fui lá levar-lhes uma florzinha, a senhora abraçou-se a mim, chorou tanto agarrada a mim, não fazem ideia…”, recorda.
“Quando não os via já estava aflita. Quando se foram embora até chorei por eles. Eram muito meus amigos. Mas sei que foram para Tabuaço, para uma casinha melhor, para a menina ir para a escola – que aqui na aldeia não há nada. Espero que a vida lhes corra bem”, termina.
Afinal, Ália criou quatro filhos, a quem dedica muito amor e devoção. Mas o coração é elástico e os laços de família não têm de ser apenas de sangue, podem ser de afetos. E, em Barcos, parece que toda a gente pertence à mesma família. “Espero que a vida lhes corra bem”, repete. Assim seja.
Veja também o guia prático com o que fazer em Barcos.
Mais sobre Barcos
O que fazer em Barcos (guia prático)
Guia com tudo o que precisa saber para visitar Barcos, no concelho de Tabuaço (Viseu). Inclui o que fazer na aldeia – monumentos, quintas no Douro e passeios -, onde ficar hospedado e os melhores restaurantes.
Joana Guedes, a “menina da Junta”
Nasceu no Algarve, cresceu em Barcos, estudou até ao 12º ano em Tabuaço. O acaso levou-a a experimentar trabalhar na Junta de Freguesia de Barcos como funcionária administrativa. Está à frente do Espaço do Cidadão da freguesia, onde ajuda os habitantes mais idosos a resolver todo o tipo de problemas. E faz-lhes companhia quando é preciso.
Fernando Barradas, o presidente da Junta
Foi emigrante durante mais de 20 anos, em Israel e na Suíça. Casou com 17 anos, há 48. A mulher é o braço direito, e diz que os moradores da aldeia são a sua família. Ter criado um Espaço do Cidadão onde se presta todo o tipo de serviços aos mais idosos é um dos seus maiores orgulhos. Está a cumprir o último mandato que a lei permite como presidente da Junta de Freguesia de Barcos.
Alexandre Mouco, o artesão do estanho
Nasceu em São João da Pesqueira há 47 anos, mas já passou mais de metade da vida em Barcos, a aldeia a que chegou, por casamento, há 25. É trabalhador agrícola nas quintas da região, mas todos os tempos livres são dedicados ao artesanato em estanho, arte que descobriu por acaso e que o apaixona há 15 anos.