Guia com tudo o que precisa saber para visitar Barcos, no concelho de Tabuaço (Viseu). Inclui o que fazer na aldeia – monumentos, quintas no Douro e passeios -, onde ficar hospedado e os melhores restaurantes.
O que fazer em Barcos
Visitar o Santuário de Nossa Senhora do Sabroso
Localizado a apenas 2km do centro de Barcos, o Santuário de Nossa Senhora do Sabroso é uma pequena capela de arquitetura românica instalada num antigo castro celta. Infelizmente, a capela está quase sempre fechada, pelo que não a consegui visitar por dentro. Mas, felizmente, o ambiente exterior é muito bonito e tranquilo, com infraestruturas que convidam a uma paragem mais demorada.
Nas proximidades da capela há um parque de merendas, com bancos e mesas resguardados pela sombra de muitas árvores, e ainda uma área de serviço para autocaravanas totalmente gratuita, com casas de banho e local para despejo de águas residuais.
Visitar a Igreja Matriz de Barcos
Localizada no coração do bairro histórico de Barcos, a dois passos do atual Espaço do Cidadão e da chamada Casa do Carniceiro, a Igreja Matriz é uma das principais atrações da aldeia, Nas palavras oficiais, “este templo, de origem medieval, foi edificado no período de transição do românico para o gótico, mas continua a dispor de de uma decoração tipicamente românica”.
Apesar de exibir uma fachada principal modesta – onde me foi indicada a existência de uma hipotética caravela esculpida na pedra! -, na nave da igreja sobressaem “um púlpito maneirista e as pinturas de flagelação de Cristo, de São Miguel e da Assunção de Nossa Senhora”.
É, seguramente, um dos locais a visitar na Aldeia Vinhateira de Barcos.
Absorver o ambiente da velha Barcos
Barcos é uma das seis Aldeias Vinhateiras do Douro e, mesmo não tendo a ponte fortificada de Ucanha ou o mosteiro de Salzedas, o seu centro histórico é verdadeiramente interessante.
Mas, porventura ainda mais interessante do que visitar igrejas e monumentos, vale a pena dedicar algum tempo a usufruir do ambiente tranquilo da Aldeia Vinhateira de Barcos.
Ali, vive-se um raro ambiente de comunidade e entreajuda, difícil de encontrar noutras aldeias de Portugal. Há sempre gente na rua, pessoas a conversar nos bancos do Largo do Adro, gente a usufruir dos serviços do Espaço do Cidadão e alguns turistas.
Prova de vinhos na Quinta do Monte Travesso
Visitar o Douro vinhateiro e não provar os vinhos da região seria uma pena. Ora, estando em Barcos, há um punhado de quintas onde é possível fazê-lo em bom estilo. Uma delas é a Quinta do Monte Travesso, que tive oportunidade de visitar e conhecer, e onde provei um tinto delicioso.
Vale a pena referir que a Quinta do Monte Travesso pertence à mesma família desde a sua fundação, em 1896, e que há cinco gerações – agora com Bernardo Nápoles aos comandos – se dedica à produção de vinhos do Douro e do Porto.
Tendo sorte, pode até ser que seja convidado a conhecer a casa-mãe da família, um casarão histórico absolutamente extraordinário.
Nota: é possível pernoitar na Quinta do Monte Travesso – Country Houses & Winery.
Subir ao Miradouro do Fradinho
Localizado às portas de Tabuaço, em direção à freguesia de Távora, as Fragas do Fradinho são penedos “uma bela surpresa natural que tem também o seu lado intimidativo, uma espécie de Adamastor do Távora, que corre lá no fundo”. As palavras são do Turismo do Porto e Norte, que destaca ainda “os muitos aventureiros que arriscam a escalar estas verticais e longas rochas do Fradinho”.
Pela minha parte, e não sendo praticante de escalada, decidi usufruir da escadaria de madeira que, por entre grandes rochas graniticas, permite chegar ao miradouro a partir de onde se desfruta de vistas magníficas desde as escarpas do Fradinho até ao rio Távora.
Nota: o escadório de madeira está em mau estado de conservação, sendo que alguns dos 420 degraus apresentam graves problemas de segurança. Não é uma subida perigosa, mas vale a pena estar atento para evitar acidentes.
Visitar Tabuaço
Sendo a sede do concelho, não faria sentido não incluir Tabuaço numa lista com o que fazer em Barcos. É, aliás, o local onde a maioria dos visitantes escolhe pernoitar, pelo que, apesar do foco da viagem ser, naturalmente, as paisagens vitivinícolas do Douro, vale a pena dedicar algum tempo a explorar a malha urbana de Tabuaço.
Desde logo, visitar o posto de informação turística, onde se guarda um tesouro chamado Rijomax [ver abaixo]. mas também a igreja matriz e o pelourinho de Tabuaço, o Jardim Conde Ferreira e o MIDU – Museu do Imaginário Duriense (que, infelizmente, não consegui visitar.
Nas palavras oficiais, o “MIDU pretende ser um espaço de divulgação e preservação de todas as manifestações do imaginário tradicional do Douro, tanto na vertente do património imaterial herdado (lendas, tradições, cancioneiro, romanceiro, etc.), como na vertente da utopia e da imaginação das novas gerações”. Ficam as sugestões.
Conhecer o relógio Rijomax
Como referido, o posto de informação turística de Tabuaço guarda uma das atrações mais espetaculares e inusitadas de todo o concelho. Trata-se de um relógio de fabrico artesanal chamado Rijomax, de que se diz ser “o relógio mais completo do mundo”.
O relógio é absolutamente genial, sendo que todo o sistema foi engendrado por um curioso local, chamado Amândio José Ribeiro, que faleceu sem deixar pistas sobre o funcionamento do relógio. Por essa razão, não há quem consiga pôr o relógio a funcionar.
O relógio Rijomax indicava os movimentos aparentes do Sol e da Lua, hora universal e hora lunar, e assinalava ainda os anos bissextos, suprimindo automaticamente 24 anos de 128 em 128. Indicava o nascer e o pôr-do-sol, marcava os equinócios, os solstícios e as fases da lua – entre muitos outras indicações, como os dias da semana, por exemplo. É mesmo fascinante!
Apreciar Tabuaço do Miradouro do Pedregal (ou “Alto da Escrita”)
Para contemplar a urbe de Tabuaço a partir de um ponto de vista mais abrangente, não deixe de visitar o Miradouro do Pedregal, mais conhecido como “Alto da Escrita”. Fica a dica.
Contemplar o rio Douro desde o Miradouro de Adorigo
Ora, do afamado São Leonardo de Galafura ao mais anónimo dos rochedos, se há coisa que não falta na região do Douro são miradouros com vistas magníficas sobre a paisagem vinhateira duriense. E o concelho de Tabuaço não é, naturalmente, exceção.
Assim, entre os muitos miradouros existentes, destaque para o chamado Miradouro de Adorigo, no extremo norte do território do município. Tem fácil acesso – à face da estrada EM512 – e oferece vistas desafogadas sobre o rio Douro e os socalcos que a UNESCO classifica como Património Mundial. A visitar!
Se aprecia miradouros, veja este artigo sobre os mais bonitos miradouros do Douro Internacional.
Visitar a Quinta do Tedo
Um dos lugares mais extraordinários que já tive oportunidade de visitar na freguesia de Barcos é a Quinta do Tedo. Fica junto à foz do rio homónimo, organiza provas de Portos, vinhos tintos e azeite, e tem um dos melhores restaurantes da região [ver “Gastronomia e Onde Comer”, abaixo].
Para além disso, é possível fazer uma visita completa à Quinta do Tedo, incluindo “explicações sobre os vinhedos e pomares de oliva, a produção do Vinho do Porto e Vinho Tinto, pisa a pé nos lagares, envelhecimento nas adegas do século XIX e engarrafamento”.
Se procura o que fazer em Barcos, Tabuaço, não hesite.
Apreciar a curva do rio junto à Foz do Rio Tedo
Junto ao local onde está instalada a Quinta do Tedo, na foz do Rio Tedo, o curso de água faz uma curta e contracurva muito apertada, proporcionando uma visão espetacular sobre esse trecho final do rio Tedo. Imperdível!
Outras coisas a visitar em Tabuaço
Na região de Tabuaço, onde a aldeia de Barcos se insere, há outros motivos de interesse que eu não tive oportunidade de visitar durante a minha estada na aldeia vinhateira. Deixo aqui mais alguns locais cuja visita pode – e deve! – incluir na sua lista com o que fazer em Tabuaço.
- Ermitério de São Pedro das Águias
- Aldeia de Granja do Tedo
- Fazer um ou vários percursos pedestres no concelho de Tabuaço, nomeadamente
- Trilho Socalcos do Douro (PR3 TBC), que passa pelas freguesias de Tabuaço, Barcos e Adorigo;
- Trilho História e Natureza (PR5 TBC), que une Barcos a Santa Leocádia;
- Trilho Vale do Tedo (PR1 TBC).
Gastronomia e onde comer
Infelizmente, não há restaurantes na aldeia de Barcos, pelo que a solução mais prática é fazer as refeições em Tabuaço. Tendo isso em conta, recomendo sem hesitação os excelentes Tábua d’Aço e O Tachinho da Té, que estão, seguramente, entre os melhores restaurantes de Tabuaço. Experimente.
Na freguesia de Barcos, de referir ainda o excelente Bistro Terrace, na Quinta do Tedo, onde fiz uma refeição absolutamente divinal no tempo do chef José Fernandes, que entretanto deixou o projeto. Atualmente ao leme do restaurante encontra-se a chef brasileira Melina Lemos, que seguramente manterá a gastronomia do Bistro Terrace num patamar de excelência.
Onde ficar em Barcos
Antes de mais, convém saber que a oferta hoteleira em Barcos é muito reduzida, pelo que a maioria dos visitantes optará por pernoitar em Tabuaço.
Ainda assim, a guesthouse Refúgio d’Anita Douro Vally House fica no centro da zona velha de Barcos, com uma localização imbatível para quem quer sentir o pulsar da aldeia. Tendo disponibilidade de quartos, não hesite.
Alternativamente, caso prefira o ambiente vinhateiro de uma quinta duriense, não deixe de considerar as casinhas independentes da Quinta do Monte Travesso – Country Houses & Winery. Ou, se referir uma villa maior (com três quartos), dificilmente encontrará melhor do que a Quinta da Padrela Winery House. Não são baratas mas, se procura conforto e exclusividade, podem muito bem ser as escolhas perfeitas para a sua estadia em Barcos. E isto sem falar na icónica Quinta do Tedo, localizada junto ao rio Douro e seguramente um dos melhores locais onde ficar em Barcos.
Por fim, caso prefira ficar na vila de Tabuaço, considere o Hotel Douro Inn (três estrelas) ou o bed & breakfast Casa dos Ruis. Ficam ambos no coração de Tabuaço.
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Quantos dias dormir em Tabuaço
Depende, obviamente, do objetivo da visita. Como turista, um dia completo chega perfeitamente para conhecer a aldeia de Barcos, visitar uma quinta de produção vinícola e fazer um ou outro passeio nas redondezas.
Mas, para explorar melhor a região de Tabuaço e o Douro Vinhateiro em geral, e ainda vivenciar tranquilamente o quotidiano de Barcos, ficar pelo menos um fim de semana completo é uma excelente decisão.
Seguro de viagem
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Mais sobre Barcos
Barcos, a aldeia que é uma família
Podia haver uma linha a dividir a freguesia de Barcos, entre a parte alta da aldeia, onde as casas são novas e grandes, e a parte de baixo, onde fica o centro histórico e reside uma população maioritariamente envelhecida. Mas a abertura de um Espaço do Cidadão atenuou essas linhas, e hoje a velha Aldeia Vinhateira de Barcos é um centro de convívio ao ar livre, onde se relatam memórias e se costuram afetos.
Joana Guedes, a “menina da Junta”
Nasceu no Algarve, cresceu em Barcos, estudou até ao 12º ano em Tabuaço. O acaso levou-a a experimentar trabalhar na Junta de Freguesia de Barcos como funcionária administrativa. Está à frente do Espaço do Cidadão da freguesia, onde ajuda os habitantes mais idosos a resolver todo o tipo de problemas. E faz-lhes companhia quando é preciso.
Fernando Barradas, o presidente da Junta
Foi emigrante durante mais de 20 anos, em Israel e na Suíça. Casou com 17 anos, há 48. A mulher é o braço direito, e diz que os moradores da aldeia são a sua família. Ter criado um Espaço do Cidadão onde se presta todo o tipo de serviços aos mais idosos é um dos seus maiores orgulhos. Está a cumprir o último mandato que a lei permite como presidente da Junta de Freguesia de Barcos.
Alexandre Mouco, o artesão do estanho
Nasceu em São João da Pesqueira há 47 anos, mas já passou mais de metade da vida em Barcos, a aldeia a que chegou, por casamento, há 25. É trabalhador agrícola nas quintas da região, mas todos os tempos livres são dedicados ao artesanato em estanho, arte que descobriu por acaso e que o apaixona há 15 anos.
Bernardo Nápoles, o viticultor velejador
Nasceu e cresceu nas quintas do Douro, interessa-se pela agronomia desde os 14 anos. Está à frente de um projeto vitivinícola e turístico na Quinta do Monte Travesso, propriedade que está na sua família desde que foi comprada por um bisavô, um dos fundadores da Casa do Douro. E é um entusiasta da vela que acumulou medalhas na juventude e ainda alimenta o sonho de dar a volta ao mundo.