Guia com tudo o que precisa saber para visitar Campo Benfeito, na freguesia de Gosende, Castro Daire, em plena serra de Montemuro. Inclui o que fazer na aldeia – atividades, trilhos e passeios -, onde ficar hospedado, mapas e contactos úteis.

O que fazer em Campo Benfeito
Visitar a aldeia e contactar com os habitantes

Não me recordo de ter estado numa aldeia portuguesa onde os seus habitantes fossem tão calorosos como em Campo Benfeito. Fruto das três décadas de atividade do Teatro do Montemuro, na aldeia ninguém estranha a presença de gente de fora. Pelo contrário. Os visitantes nunca são olhados com desconfiança. E isso causa uma sensação boa e incrivelmente aconchegante.
É por isso que vale mesmo a pena deixar-se perder pelas ruas de Campo Benfeito, falar com os moradores, mostrar genuíno interesse na vida da aldeia, conviver e partilhar vivências.
Infelizmente, o único café da aldeia fechou há já algum tempo, pelo que senti apenas a falta de um ponto de encontro no coração de Campo Benfeito. Para lá das ruas – ou do terço ao final da tarde na igreja da aldeia.
Não tenho qualquer dúvida em afirmar que Campo Benfeito é das aldeias de Portugal com ambiente mais agradável e acolhedor por onde já passei.
Conhecer o trabalho das Capuchinhas

Além do ambiente de rua, há dois projetos que tem mesmo de conhecer em Campo Benfeito. Desde logo, o incrível trabalho das Capuchinhas, uma cooperativa de produção e venda de vestuário artesanal fundada há mais de 30 anos por mulheres da aldeia como Henriqueta Félix e instalada na antiga escola primária da povoação.
Ali poderá não só observar in loco a preservação do saber fazer de uma arte tradicional, como também adquirir belíssimas peças de vestuário em burel, linho e lã, tecidas num tear artesanal mas com design contemporâneo; e assim contribuir para a independência financeira dessas mulheres serranas.
Assistir a uma peça de teatro

O outro projeto indispensável é, naturalmente, o Teatro Regional da Serra do Montemuro, dirigido artisticamente por Eduardo Correia, um filho da terra.
Durante o verão, o Teatro do Montemuro organiza o Festival Altitudes, que enche a aldeia de gente ligada às artes e com isso transforma completamente o ambiente de Campo Benfeito. Mas, mesmo fora dessa época, vale a pena assistir a uma peça – se estiver em cartaz! – ou a um ensaio, falar com a equipa da companhia e beber um pouco dessa energia e inspiração de quem mantém uma companhia de teatro a funcionar num meio isolado e à priori improvável como a aldeia serrana de Campo Benfeito
Fazer o Trilho dos Carvalhos (PR3 Castro Daire)

Depois de conhecer o trabalho das Capuchinhas e do Teatro do Montemuro, outra das coisas que queria fazer em Campo Benfeito era percorrer o chamado Trilho dos Carvalhos. Trata-se de um percurso pedestre circular, com cerca de 7,5 km de extensão, que tem início em Campo Benfeito e passagem pelas aldeias de Codeçal, Gosende e Cotelo. Não é difícil, e permite conhecer as aldeias envolventes.
Tenha apenas cuidado com os cães que acompanham os rebanhos da região, sempre muito zelosos dos animais à sua guarda. Pelo sim pelo não, evite aproximar-se em demasia.
Veja o folheto informativo sobre o Trilho dos Carvalhos (PR3 Castro Daire) no site da Câmara Municipal.
Praia fluvial da Folgosa
Localizada no concelho de Castro Daire, a praia fluvial da Folgosa, propriedade do Grupo Desportivo e Recreativo de Folgosa, fica na margem direita do rio Paiva, a menos de meia hora de viagem (de carro) de Campo Benfeito. É muito frequentada pelos habitantes do concelho – especialmente no verão! -, até porque as suas águas já foram consideradas pela Quercus como tendo “Qualidade de Ouro”.
Assim, se não sabe o que fazer em Campo Benfeito para entreter as crianças, esta é uma sugestão imperdível para uma tarde de calor diferente e animada.
Gastronomia e onde comer
Não há restaurantes em Campo Benfeito; pelo que, caso não queira – ou não possa – cozinhar no alojamento, terá de fazer as refeições nas aldeias vizinhas. E isso, na verdade – incómodos à parte! -, tem o lado positivo de obrigar o visitante a conhecer melhor a região.
Nesse contexto, recomendo sem reservas o restaurante O Corvo, localizado na vizinha aldeia de Picão, a 7 km de Campo Benfeito. É daqueles restaurantes tradicionais simples e acolhedores, num registo bom e barato que aconselho vivamente.
Em alternativa, foram-me também recomendados restaurantes na aldeia de Gralheira, nomeadamente o Recanto dos Carvalhos e o Encosta do Moinho; e ainda o Restaurante Típico do Mezio, ligado à Associação Etnográfica e Social do Montemuro e afamado pelo seu arroz de salpicão. Note que acabei por não experimentar nenhum deles, mas estou certo de que valem bem a referência.
Quanto às especialidades gastronómicas da região, destaque para o tradicional e invulgar arroz de salpicão, acima referido; e ainda para as inevitáveis costeletas de carne arouquesa.
Produtos regionais de fabrico artesanal

A aldeia de Campo Benfeito é o berço das Capuchinhas, um projeto levado a cabo por quatro mulheres da aldeia – Engrácia, Ester, Henriqueta e Isabel – que visa a produção artesanal de vestuário de burel, linho e lã.
Entre os produtos mais apetecíveis, destaque para as camisolas de lã, os casacos de burel, as camisas de linho e, claro, as icónicas capuchas. A loja, com venda direta ao público, fica junto ao atelier das Capuchinhas, na antiga escola primária de Campo Benfeito; local onde podem conhecer as mulheres, ver como trabalham e, claro, comprar uma ou outra peça de vestuário. Vale muito a pena.
Onde ficar em Campo Benfeito
Há apenas um alojamento local (legalizado) onde ficar em Campo Benfeito mas, felizmente, é de qualidade. Trata-se de uma casa rústica localizada no núcleo urbano da aldeia, chamada Ares do Montemuro, com capacidade para seis pessoas (só recomendo para quatro pessoas). Alternativamente, pode ficar na vizinha aldeia turística do Codeçal, que oferece hospedagem em casas independentes e quartos com kitchenette de grande qualidade.
Seja como for, pesquise alojamento em Campo Benfeito (e proximidades) usando o link abaixo. Note ainda que, durante o Festival Altitudes, em agosto, pode ser difícil encontrar alojamento na região, pelo que convém reservar com a máxima antecedência ou contactar alguém na região que possa conhecer algum alojamento informal para esses dias.
Quantos dias dormir na aldeia
Depende, obviamente, do objetivo da visita. Como turista, um dia dá para ficar com uma excelente ideia da aldeia, conhecer o trabalho das Capuchinhas, fazer um percurso pedestre e mais um ou outro passeio. Mas, na minha opinião, Campo Benfeito merece mais. Para vivenciar um pouco melhor a vida na aldeia convém, naturalmente, delongar-se um pouco mais.
Seguro de viagem
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Mais sobre Campo Benfeito
Campo Benfeito: a aldeia do teatro e das Capuchinhas
Localizada a mais de mil metros de altitude, em plena Serra de Montemuro, alberga o Teatro Regional da Serra do Montemuro e a cooperativa de vestuário artesanal Capuchinhas. Fundadas há cerca de 30 anos, as duas instituições são a prova de que é possível criar postos de trabalho criativos e disruptivos no interior de Portugal.
Ler artigo Campo Benfeito: a aldeia do teatro e das Capuchinhas
Eduardo Correia, o diretor artístico
Fundador, há mais de 30 anos, do Teatro Regional da Serra do Montemuro, Eduardo Correia ainda vive na aldeia onde nasceu. Hoje, é diretor artístico da companhia e não pensa sair de Campo Benfeito.
Henriqueta Félix, a capuchinha
Foi uma das impulsionadoras das Capuchinhas, uma cooperativa de produção e venda de vestuário artesanal instalada há mais de 30 anos na antiga escola primária de Campo Benfeito. O seu dia a dia é fazer peças de vestuário em burel, linho e lã, tecidos num tear artesanal em conjunto com mais três mulheres.
Vanessa Sousa, a socióloga
Quando perguntavam a Vanessa Sousa de onde era, sempre respondeu Campo Benfeito, a terra dos avós. Recuperou a casa da avó, transformou-a num Alojamento Local e tem planos para criar um projeto comunitário de desenvolvimento social.
Afonso Correia, o pastor da aldeia
Afonso nasceu, cresceu, casou e sempre viveu em Campo Benfeito. Tem um irmão no teatro e é casado com uma das Capuchinhas. Adora tratar dos animais, calcorreando a serra com as suas dez vacas de raça Arouquesa. Tentou a vida na cidade, mas não aguentou uma semana.

Vestuário em burel, linho e lã pelas Capuchinhas de Campo Benfeito
Vestuário em burel, linho e lã produzido em teares manuais, usando métodos tradicionais mas com um design contemporâneo, no seio de uma cooperativa composta por quatro mulheres da Serra do Montemuro.