Em Ucanha, todas as ruas vão dar à ponte. Aliás, a ponte, com a sua inesperada torre fortificada, moldou a disposição geográfica da aldeia. Todo o vale do rio Varosa é uma espécie de Vale Encantado – chamam-lhe assim desde que os monges de Cister ali se instalaram. Dos monges ficaram os milhos no pote; do Marquês de Pombal ficaram as árvores de sabugueiro. Dos dias de hoje fica o orgulho dos habitantes na aldeia que continua a parecer saída de um conto de fadas.
Adelisa Oliveira está encostada à torre fortificada, à entrada da ponte que atravessa o rio Varosa, em Ucanha. Nasceu, cresceu, casou e criou 10 filhos, sempre nesta aldeia do concelho de Tarouca, numa casa ali bem pertinho da ponte.
Hoje, com 88 anos, conta com 23 netos. Viu-os sair da aldeia, ir governar a vida. Mas ela não quis, não quer, ir para mais lado nenhum. “Vivo sozinha, com a graça de Deus. Sem ela não se pode viver em lado nenhum. Já me levantei, lavei a cara e estive a pentear-me. Agora estou só à espera do pãozinho, para o levar para casa e ir fazer a minha caminhada. Vou caminhar todos os dias”, conta. É sábado, está sol, a luz obriga-a a tapar os olhos com as mãos enquanto aguarda a chegada do padeiro. O rosário de Fátima está guardado no bolso, para ser usado durante a caminhada.
O pão chega à aldeia de manhã cedo. Mas, ao sábado, a carrinha que diariamente larga de Castanheiro do Ouro, uma freguesia vizinha, do mesmo concelho de Tarouca, chega um bocadinho mais tarde. Serão já perto das dez horas, mas Adelisa não tem pressa. Isso era antes, quando havia muito trabalho e muitas coisas para fazer, para governar a vida. “Andávamos todos com a enxada na mão, no campo a trabalhar. Tudo era cultivado, semeado. Batatas, feijão, milho, centeio. Agora está tudo mais de monte, mas também porque não vive cá tanta gente”, explica. Até trigo para o pão “há muito menos”.
Adelisa aponta para o moinho de água ali mesmo, junto à torre, para lembrar que o rio Varosa fazia girar a mó de sete moinhos: “tudo trabalhava, tudo moía”. “Não há nada como o pãozinho cozido no forno da gente. Eu também cozia pão num forninho que tinha em casa. E tinha semanas de o cozer duas vezes. Chegava à quinta-feira e já não tinha pão”, recorda Adelisa. Havia muitas bocas a comer em casa. Agora vive sozinha, não tem forno para cozer e tem pão à porta todos os dias.
A carrinha pára junto à torre, à porta do café que Glória Cerdeira abre diariamente, seja de verão ou de inverno. Glória foi das que ainda tentou uma vida de emigrante e experimentou a sorte em Bruxelas. Mas só aguentou quatro anos, de 1979 a 1983. Regressada à aldeia, estabeleceu-se com os três filhos e, em 2001, assumiu a exploração do espaço comercial que é propriedade da Associação Recreativa e Cultural de Ucanha.
“Quando abri o estabelecimento, havia cinco cafés na aldeia. Agora só há o meu”, repara. O café de Glória é o natural ponto de encontro da aldeia – onde alguns vão tomar o pequeno-almoço de manhã, onde se bebe uma cerveja ao fim do dia de trabalho para refrescar ou um bagaço para aquecer. Em Ucanha todas as ruas vão dar à ponte. E à entrada da ponte está o café.
Durante muitos anos, além de servir os convivas da terra e os visitantes da aldeia, Glória Cerdeira era também a guardiã da torre. Era ela que tinha a chave que franqueava a porta de quem quisesse conhecer a torre por dentro. “Mas as visitas começaram a ser tantas que não dava para estar sempre a ir lá acima. Ainda bem que decidiram colocar alguém a tempo inteiro, para receber os visitantes e dar a conhecer o monumento”, diz Glória. Esse alguém é Flávio Veloso, um jovem de 28 anos, também ele natural da Ucanha, e que há já seis anos é o entusiasta responsável pelas visitas à ponte e à torre da Ucanha.
Quando chegou ao 10º ano e escolheu seguir uma via de ensino profissional e tirar o curso de Turismo, não estava propriamente a seguir a vocação. Estava simplesmente a aproveitar a oferta letiva que havia na escola. Estava, por isso, também muito longe de imaginar que iria ser guia no monumento que sempre se habituou a ver no centro da sua aldeia. “A ponte e a torre sempre estiveram aqui, e sempre receberam visitas. Mas eu nunca sonhei ser guia turístico, muito menos na minha aldeia. Mas há acasos felizes, e hoje em dia não me vejo a ir para mais lado nenhum”, remata.
Por causa das funções que começou a exercer, Flávio tornou-se um incansável estudioso do monumento. Responde a todas as curiosidades que possa trazer quem lhe entra pela porta adentro, ou então provoca-as, caso não lhe apresentem nenhuma. “O tempo passa melhor quando tenho visitas. Às vezes as pessoas não fazem perguntas porque acham que vão incomodar, ou porque pensam que se paga. Mas essa é a primeira coisa que digo, ainda as pessoas não entraram, e ficam no fundo das escadas: “podem entrar que não se paga, e a vista da aldeia aqui de cima é bem mais bonita”, exorta Flávio. E, acrescenta, por uma fotografia as pessoas fazem tudo.
Quando franqueiam a pesada porta, ao cimo de umas escadas de ferro, podem ficar a conhecer a vida e obra de José Leite de Vasconcelos, o mais ilustre filho da terra, considerado um dos fundadores da etnografia em Portugal e da dialetologia (foi o responsável pelo registo do dialeto mirandês). No segundo andar encontram uma exposição temporária e umas incríveis vistas sobre o vale e a aldeia.
“Em bem aviso que vale a pena vir cá acima”, sorri Flávio que, confessa, também é dos que gosta de tirar fotografias. “Não só cá de cima, mas também pertinho do rio e debaixo da ponte. Gosto muito de ir até lá. Relaxa-me sempre”, diz Flávio, contando que as pessoas que veem publicadas as suas fotos nas redes sociais estão sempre a comentar que ele deve gostar muito da sua aldeia. “E é verdade, gosto mesmo. Apaixono-me todos os dias”, afirma.
Flávio Veloso garante que aquele local proporciona sempre aos visitantes uma sensação de surpresa. Não tanto pela ponte, de construção do tipo romano, muito bonita e bem conservada, mas, ainda assim, semelhante a outras existentes no país – a entidade responsável pela gestão e conservação do património português, o IPPAR, confirma e aponta afinidades com a ponte de Lagoncinha, sobre o rio Ave; com a ponte de São Salvador da Aramenha, sobre o rio Sever; ou com a ponte de Sequeiros, sobre o rio Côa.
Em Ucanha, original e surpreendente é a imponente torre de planta quadrangular, expectável para a defesa e vigia de coutos e reinados, tantas vezes palcos de batalhas sangrentas. A torre serviu de vigia, sim, mas para evitar que a ponte pudesse ser atravessada sem deixar os dízimos impostos pelos monges de Salzedas. Diz-se que foi deles a ideia de cobrar aquela que, aparentemente, foi a primeira portagem da Península Ibérica.
Antes da ponte e da torre serem construídas já ali existia uma importante via romana. Quando Teresa Afonso, esposa de Egas Moniz que recebeu os terrenos por oferta de D. Afonso Henriques, faz uma doação aos monges de Cister, eles criam ali a entrada do couto monástico – na altura Salzedas chamava-se Algeriz, e Ucanha era a Vila da Ponte. Quem a pretendesse atravessar, para seguir para Roma, Santiago de Compostela, Braga ou Lamego tinha de ali deixar um pagamento em bens, géneros, produtos agrícolas, dinheiro. “Quem não pagasse, abriam os matacães no cimo da torre, e deitavam azeite a ferver lá para baixo”, relata Flávio. Ninguém se atrevia. Em 1504 a portagem é abolida, a torre é usada como armazém, muitas vezes como celeiro. A ponte, antes, como agora, serve de passagem – e só lá não passam carros há 40 anos.
Flávio conta todas estas histórias com entusiasmo, como se estivesse a relatar um filme que tinha acabado de ver no cinema e os pormenores ainda estivessem vívidos na sua memória. Tanto o faz com convicção como, quando não a tem, assume que não sabe, não conhece, não descobriu. Afinal, há sempre tanto a aprender. E quem entra na torre tem também, muitas vezes, algo para ensinar. “Vêm cá professores de escolas primárias e de universidades. Em calhando, aprendo com todos”, diz Flávio.
É por causa da ponte e da torre fortificada que chegam tantos visitantes e turistas a Ucanha. Tanto chegam de forma autónoma, em carros familiares, como vêm em autocarros, em excursões organizadas por vários operadores turísticos que trazem sobretudo séniores alojados num dos hotéis da região. Glória Cerdeira já conhece todas as empresas e respetivos guias – os que entram e os que não entram no seu café; os que procuram interagir com os habitantes e os que não. “Há de tudo como na farmácia”, brinca Glória. “Alguns nem bons dias nos dão!”, atira.
Os habitantes de Ucanha não desdenham o turismo – bem pelo contrário. Afinal, mesmo que não façam compras diretas aos habitantes, criam postos de trabalho – como o de Flávio. Ou como aqueles criados por Filomena Matias que, no seu restaurante, mesmo à saída da ponte e com vista privilegiada para a torre e para o vale, desenvolveu um prato que atrai visitantes por si só.
“Quando reabri a Tasquinha do Matias sabia que não podia ficar à espera que as pessoas aparecessem. Tinha de criar um prato que trouxesse as pessoas cá”, explica, enquanto mostra as carnes já partidas (carne da costela e carne da barriga) alinhadas com hortaliça cuidadosamente limpa e cortada. O refogado, feito nas velhas panelas de ferro com três pés – concebidas para estarem ao lume, mas que também funcionam em cima de um fogão a gás – já vai avançado, seguem-se as carnes temperadas com vinho, louro, sal e tomate. E, só no fim, já quando o pote está para chegar à mesa, se envolvem os milhos que tornam este prato uma refeição completa (mesmo que muitos a peçam como entrada).
A receita terá sido inventada pelos monges de Cister e popularizada pela população mais humilde, que a executava com as carnes de porco que a nobreza rejeitava, como os couratos. Pode haver muita gente a fazer milhos no pote, mas ninguém conseguirá igualar o toque que lhe dá Filomena Matias, que os cozinha, diariamente, vai para 14 anos. E que tem sempre mesa posta e casa cheia.
Também é a pensar nos turistas que Marco Oliveira, um filho da terra emigrado na Suíça durante 24 anos, decidiu investir na sua aldeia natal. Foi na Suíça que conheceu os atuais sócios – um australiano e um chinês -, que com ele investiram na recuperação do Douro Cister Hotel, um empreendimento que ficou estacionado no mal-parado bancário pela falência do antigo proprietário.
Marco trabalhava numa estância de esqui Suíça, tem experiência com turismo. Reabriu o hotel em 2019, mas apanhou a pandemia poucos meses depois. Confinou, reabriu. Não tem, ainda assim, razão de queixa, porque foi procurado por portugueses. “Neste momento já está quase sempre cheio e deve ter 60% de estrangeiros e 40% de portugueses”, afirma o empresário que, mesmo tendo cafetaria e restaurante no hotel, veio tomar o café da praxe ao balcão da dona Glória.
O hotel tem 50 quartos e 30 funcionários. “Na altura de abrir o hotel tinha um dilema muito grande sobre quem iria contratar; se ao mercado, se gente da aldeia. À última da hora decidi pela aldeia. O nosso grupo tem hotéis também no Algarve. Veio de lá uma equipa dar um curso aos daqui, ensinou-os e contratei só gente da aldeia”, assegura Marco Oliveira.
”O bom daquele hotel, e que deu resultado, foi ter posto gente daqui da terra. É gente que sabe receber”, garante. O empresário está também a construir um hotel rural na aldeia vizinha de Salzedas – o Cascata do Varosa – pelo que também tem funcionários da construção civil. “Entre hotéis e construção civil, aqui e no Algarve, já são cerca de 100 funcionários a trabalhar para o grupo em Portugal”, contabiliza.
O Douro Cister Hotel foi construído na chamada Quinta da Abadia Velha, num local onde chegou a ser pensada a construção do Mosteiro de Salzedas – e as fundações ainda lá estão, a confirmar a história. Este acaba também por ser mais um argumento de visita para quem se desloca ao concelho de Tarouca e à freguesia de Ucanha, e cumpre a rota que passa inevitavelmente pelo Mosteiro de São João de Tarouca e pelo Mosteiro de Salzedas. Mas, além dos monumentos e vestígios cistercienses, existem no concelho atividades económicas de relevo, que ajudam a inscrever Ucanha no mapa. E, também, nos rótulos do milhão de garrafas de espumante que todos os anos saem das caves da Murganheira.
A aldeia de Murganheira existe, mas as caves subterrâneas escavadas na rocha granítica onde se faz uma das mais importantes fases de fermentação deste espumante são mesmo em Ucanha. E Marta Lourenço, nascida e criada na serra de Arganil, e agora habitante do Douro e enóloga da Murganheira e da Raposeira, não se coíbe de dizer que o que de melhor encontrou em Ucanha foram mesmo as pessoas que com ela trabalham na Murganheira.
“Quando cheguei aqui encontrei uma coisa extraordinária: toda a gente ajuda o outro. Em 90% das empresas eu diria que não é assim que se trabalha, cada um faz o seu serviço e vai para casa. Aqui toda a gente faz de tudo”, explica a enóloga, que também gere os Recursos Humanos e a direção de Higiene e Segurança da empresa. A Murganheira orgulha-se de ser uma empresa familiar, composta por pessoas da terra, quase sempre. Tão familiar que Marta se refere às funcionárias como “a minha Tila”, a Lena, a Augusta, a Paula, a Mila, a Bruna. A cumplicidade entre a engenheira e as funcionárias é quase palpável.
O turismo veio trazer novas atividades à aldeia, mas o principal da sua estrutura de rendimentos continua a ser a agricultura. O vale do Varosa é um vale fértil e mesmo que, como recorda Adelisa, haja menos campos cultivados para a subsistência das famílias, continuam a ser visíveis a vinha, o olival, os pomares e, sobretudo, o sabugueiro.
Por conta da proibição do Marquês de Pombal, que mandou arrancar todas as árvores de sabugueiro do Douro Vinhateiro – para dessa forma impedir que a baga fosse usada como corante nos vinhos tintos -, eles vieram a ser plantados “com toda a força” no Vale do Varosa. Neste momento, Tarouca é o concelho do país onde há mais sabugueiro. E Luísa Gouveia, uma funcionária pública reformada, é uma das suas principais produtoras.
Luísa regressou à agricultura a tempo inteiro depois de trabalhar 38 anos como auxiliar de ação educativa na escola primária da Ucanha. Todos os dias se levanta com vontade para trabalhar nas suas culturas, mas não tem medo de assumir que é o sabugueiro, na altura da floração, que lhe ganha o coração. “A aldeia de Ucanha é bonita o ano todo, mas no mês de maio, quando estão as árvores todas floridas, é o espetáculo mais bonito que há”, garante.
Luísa Gouveia não troca esta aldeia por nada – e nem a filha a viver em Lisboa a convence de que há vidas melhores na cidade. “Gosto de lá ir, por saber que logo a seguir vou voltar. Prefiro o sossego”, explica.
Muitos dos que nasceram em Ucanha esperam pela reforma para voltar de vez. Entretanto, vão recuperando casas, vêm passar as férias de verão. A aldeia de Ucanha, com menos de 300 habitantes durante o ano, está toda organizada em função da torre e da ponte. As casas alinham-se junto à estrada que serpenteia monte acima, até à Capela de Nossa Senhora da Ajuda, o lugar cimeiro da aldeia e onde tem lugar a festa mais rija do verão, no dia da padroeira, a 20 de agosto.
As casas estão bonitas, com fachadas recuperadas, a capitalizar a intervenção trazida pela inclusão na rede das Aldeias Vinhateiras, que fez uma requalificação urbanística em seis aldeias do Douro. Mas a maior parte do ano não vive lá ninguém. De verão é que é uma festa. “Às vezes os de cá nem têm sítio para estender a toalha na praia fluvial”, brinca Luísa Gouveia, apontando para a zona ribeirinha requalificada.
Flávio Veloso, que frequenta a praia e as festas de verão, não se queixa. Gosta do movimento. Garante que há nas aldeias do Douro muito que possa interessar e entreter jovens como ele. Adelisa não quer saber da praia, mas quer saber do lavadouro público, improvisado na mesma zona ribeirinha. A par e passo ainda lá vai lavar umas peças. Fica à porta do moinho cujo edifício a Junta de Freguesia já conseguiu recuperar. Mas falta ainda voltar a pô-lo em funcionamento. “A nossa aldeia é bonita o ano todo”, insiste Adelisa. E, com os seus 88 anos de sabedoria e experiência, não há como duvidar.
A carrinha do pão já chegou; e Adelisa já o foi pôr em casa. Segue para o seu ritual. A caminhada diária dá-lhe saúde – “vou sempre a rezar o terço a Nossa Senhora; rezo por mim, pelos meus filhos, pelo mundo todo” – e a alegria de viver em Ucanha também. “O dia que eu mais gosto aqui na aldeia? Os dias de festa são mais bonitos, e os dias de procissão são uma alegria. Mas, na verdade, todos os dias em Ucanha são dias bons”, remata Adelisa. Assim seja.
Veja também o guia prático com o que fazer em Ucanha.
Mais sobre Ucanha
O que fazer em Ucanha (guia prático)
Guia com tudo o que precisa saber para visitar Ucanha, no concelho de Tarouca, distrito de Viseu. Inclui o que fazer na aldeia – monumentos, mosteiros e passeios -, onde ficar hospedado, mapas e contactos úteis.
Flávio Veloso, o guardião da torre
Tirou o curso profissional de Turismo por acaso, sem sonhar que um dia poderia ter a chave da torre de Ucanha e ser guia num dos mais importantes monumentos da aldeia. Mas assim é há já seis anos. Com 28 anos de vida, Flavio diz que há muito na aldeia que possa agradar a um jovem como ele.
Marta Lourenço, a enóloga
Nasceu numa aldeia de Arganil e queria aprender a ser terapeuta de crianças em Alcoitão. Mas “quis o destino” que fosse parar a Engenharia Agroalimentar e a um estágio na Murganheira. Hoje, com 44 anos, dois filhos e uma paixão pelo Crossfit e pelo BTT, é a enóloga responsável pelos três milhões e meio de garrafas de espumante produzidas anualmente na Murganheira e na Raposeira.
Filomena Matias, a cozinheira
Saiu de Ucanha tinha menos de dois anos, viveu em Lisboa, foi emigrante na Suíça. Quis regressar à aldeia dos avós há 17 anos, e decidiu que havia de (re)criar um prato que justificasse uma romaria. E conseguiu. Na Tasquinha do Matias, os milhos no pote são quase tão conhecidos quanto a Ponte Fortificada de Ucanha.
Luísa Gouveia, a produtora de sabugueiro
Foi durante 38 anos auxiliar na escola primária da aldeia. Mas, depois de se reformar, ficou com mais tempo para se dedicar a uma das atividades que mais gosta: andar no campo, e ver as culturas a crescer. O seu momento do ano preferido é a primavera.