Guia com tudo o que precisa saber para visitar Coruche, distrito de Santarém. Inclui o que fazer na aldeia – monumentos, mosteiros e passeios -, onde ficar hospedado, mapas e contactos úteis.

O que fazer em Coruche
Fazer um passeio de balão

Para quem procura coisas para ver ou fazer em Coruche, há uma recomendação que não tem qualquer risco de ser uma desilusão. Isto, claro, desde que o vento colabore, uma vez que são necessárias condições meteorológicas específicas. Falo, naturalmente, de fazer um passeio de balão em Coruche.
No meu caso, o vento permitiu a descolagem. Aparentemente, o vento levar-nos-ia para sul, em direção à freguesia de Santana do Mato, passando por cima de uma região de montado e do Açude do Monte da Barca. E assim foi.
Depois de os pilotos e seus ajudantes terem enchido os balões, os enormes envelopes coloridos (parte principal do balão, que tem a função de reter o ar quente) foram ganhando forma com a ação de uma enorme ventoinha e, depois, foram-se erguendo do chão com a ajuda de maçaricos gigantes.
Alcides, o piloto, transmitiu as instruções básicas e, assim que levantámos voo, uma sensação incrível de liberdade apoderou-se de mim. Era o meu primeiro voo de balão – nunca tinha feito um passeio de balão nas minhas viagens pelo mundo – e estava extasiado. Foi uma experiência extraordinária!
Visitar o Núcleo Rural de Coruche

Instalado no edifício do antigo quartel dos bombeiros municipais, o Núcleo Rural de Coruche – Centro de Artes, Ofícios e Saberes Tradicionais (NRC-CAOST) é um daqueles locais de visita obrigatória em Coruche.
O Núcleo Rural de Coruche – Centro de artes, ofícios e saberes tradicionais corresponde, no âmbito da missão do Museu Municipal, à implementação do projeto local para a investigação, a salvaguarda e a valorização do património agrícola e das memórias e práticas associadas às artes, aos ofícios e aos saberes tradicionais caídos em desuso na comunidade coruchense no contexto da evolução tecnológica e das transformações estruturais ocorridas ao longo do século XX.
in site oficial do Museu Municipal de Coruche
Entre tratores, debulhadoras e demais maquinaria e instrumentos agrícola, a exposição regista as “profundas alterações ocorridas nas paisagens do vale do Sorraia e as mudanças económicas, sociais e culturais vivenciadas pelas comunidades coruchenses durante o longo processo de mecanização da agricultura no território”. Imperdível.
Conhecer a (renovada) Igreja da Misericórdia

A Igreja da Misericórdia é um dos espaços mais surpreendentes de Coruche. Foi recentemente renovada, num processo que pôs a nu algumas preciosidades decotarivas, incluindo no altar-mor. O órgão de tubos, deslumbrante, é oitocentista e “assinado por António Cerveira, filho de Manual Machado, autor do órgão do Mosteiro dos Jerónimos”. Vale a pena visitar.
Apreciar os murais de arte urbana

Talvez se surpreenda ao descobrir a existência de um número considerável de intervenções de arte urbana nas ruas e escadarias do coração da vila de Coruche.
Assim, das escadarias da Travessa do Castelo ao arco da Rua Direita, passando pela Rua da Música e da antiga Rua do Cinema, vale apena vagabundear pelo centro histórico em busca dessas intervenções – muitas das quais resultantes da Bienal de Coruche – Percursos com Arte, um evento que, a cada dois anos, promove “os valores urbanísticos e arquitetónicos de Coruche”, criando “a simbiose entre a obra e o espaço que a envolve”.
Observatório do Sobreiro e da Cortiça

Localizado na zona industrial de Coruche, o Observatório do Sobreiro e da Cortiça é um belíssimo e “provocador” edifício, da autoria do arquiteto Manuel Couceiro, que tem com um revestimento de cortiça ímpar e original. Tem, nas palavras oficiais, “o intuito de criar uma orgânica que remeta para a metáfora do sobreiro enquanto elemento vivo”, valorizando o “montado de sobro como nicho ecológico de grande valor”. Vale a pena conhecer, nem que seja para apreciar o exterior do edifício. Fica a sugestão.
É possível visitar o observatório de segunda a sexta-feira, nos horário 09h00 – 13h00 e 14h00 – 17h30, e durante o fim de semana com marcação prévia.
Fim de tarde no Miradouro Nossa Senhora do Castelo

Sobranceiro à vila de Coruche, o miradouro instalado junto à Ermida de Nossa Senhora do Castelo proporciona belas vistas sobre Coruche, o rio Sorraia, a várzea e a planície envolvente. É especialmente bonito sob as cores quentes do final da tarde.
Praia Fluvial do Sorraia
No verão, é habitual as temperaturas subirem para valores muito elevados, pelo que dar um mergulho no rio Sorraia pode muito bem ser a forma ideal de refrescar corpo e mente após um dia a explorar a região. Chama-se Praia Fluvial do Sorraia e fica na margem direita do rio, junto ao Parque do Sorraia, em Coruche.
Visitar o atelier de António Lourenço (cestas de junco)

Para além dos criadores que usam a cortiça como matéria-prima na região [ver “Comprar produtos em cortiça”, abaixo] , há artesãos em Coruche que vale a pena conhecer. Entre eles, António Lourenço – que, com a ajuda da sua mulher Fátima, seca e usa o junco para produzir cestas tradicionais lindíssimas (também chamadas de ceiras ou alcofas). Um trabalho artesanal maravilhoso, levado a cabo nos arredores de Coruche, e que muito prazer me deu conhecer.
O atelier fica na Rua do Artesanato 17, em Foros do Paul – mas será melhor ligar antes. Peça ajuda no posto de informação turística de Coruche.
Veja também a Juncus, marca do filho do senhor António, que confere um toque de modernidade à arte de trabalhar o junco de forma tradicional.
Fazer o trilho Caminhos do Vale ao Montado

Com 9,7km de extensão e início da povoação de Vila Nova daErra, este é um percurso pedestre que decorre entre o vale do rio Sorraia e as vastas florestas de montado do concelho de Coruche. É, pois, um excelente pretexto para caminhar pelas características paisagens do montado de sobro e cortiça da região de Coruche, incluindo pelo chamado montado misto – composto por sobreiros e pinheiro manso.
Para mais informações sobre o percurso pedestre Caminhos do Vale ao Montado veja o folheto oficial em pdf.
Gastronomia e onde comer
De todos os restaurantes que experimentei em Coruche, não posso deixar de referir três excelentes opções gastronómicas que recomendo vivamente. São eles o Gran´gula (comida contemporânea divinal); o Stein Grill, para pratos de peixe; e o Sabores de Coruche, provavelmente o mais afamado da vila.
Onde ficar em Coruche
Antes de mais, convém dizer que a oferta hoteleira em Coruche não é assim tão vasta como seria de esperar. Dito isto, há pequenas unidades de cariz familiar ou turismo rural muito interessantes. Em concreto, a Casa do Rio Sorraia e a Casa dos Ingleses são guesthouses de qualidade e muito bem localizadas junto ao rio.
Alternativamente, um pouco afastado da cidade, o Monte Macário é uma magnífica opção para quem procura contacto com a Natureza. Ou, preferindo ficar na freguesia de Santana do Mato, não deixe de espreitar a quinta Do Água Boa, propriedade da belga Camille Hoyas e sua família.
Seja como for, pesquise alojamento na vila de Coruche (e proximidades) usando o link abaixo, tendo o cuidado de reservar com a máxima antecedência possível.
Quantos dias dormir em Coruche
Depende, obviamente, do objetivo da visita. Como turista, um dia completo dá para ficar com uma excelente ideia da vila de Coruche e fazer um ou outro passeio nas redondezas.
Mas, para fazer o passeio de balão (que normalmente ocorrem de manhã muito cedo) e vivenciar melhor o quotidiano local e explorar o concelho de Coruche convém, naturalmente, delongar-se um pouco mais – um fim de semana completo, por exemplo. Assim, recomendo que passe pelo menos dois dias na região.
Comprar produtos em cortiça
Para adquirir produtos com “a melhor cortiça do mundo”, oriunda da região do Montado de Sobro e Cortiça, veja a loja online montado.pt. Tem sede em Benedita (não em Coruche) mas, para os amantes de peças em cortiça, vale muito a pena.
E, claro, não deixe de visitar a Ficor – Feira Internacional da Cortiça que todos os anos decorre em Coruche.
Seguro de viagem
Mesmo em Portugal, não deixe de viajar com a tranquilidade de ter um seguro que o proteja em situações inesperadas. A esse respeito, a IATI Seguros tem um seguro de viagem barato e desenhado para pequenas viagens – chamado IATI Escapadinhas -, que é, provavelmente, o melhor e mais completo seguro para viajar em Portugal. Faça uma simulação no link abaixo.
Texto adaptado ao artigo Coruche, o que fazer e visitar na Capital Mundial da Cortiça do blog Alma de Viajante
Mais sobre Coruche
Coruche: aqui é o princípio do futuro de todos nós
Coruche é o município português com maior área coberta por montado de sobro. Em aldeias como Azerveira, Santana do Mato ou Lamarosa estão os ranchos de tiradores, onde os mestres perpetuam os saberes ancestrais da tiragem da cortiça, um ofício que se mantém manual e tradicional.
Ler artigo Coruche: aqui é o princípio do futuro de todos nós
José Alves, o empreiteiro florestal
José Alves tem 70 anos de vida e 50 deles dedicados à floresta. É um dos maiores empreiteiros florestais do país e um reconhecido empresário do setor, tanto na pinha como na cortiça. Vende matéria-prima para vários países do mundo, e nunca quis sair da sua terra natal, São José da Lamarosa, em Coruche. Gosta que lhe chamem “Cabeça de Ferro”.
Ângelo Mesquita, o proprietário
Herdeiro de três propriedades agrícolas, o rendimento não lhe permite viver em exclusivo da atividade florestal. É maquinista da CP, vai trabalhar todos os dias para Lisboa, mas os turnos livres e as folgas são todas passadas a fazer manutenção aos sobreiros e aos pinheiros. “Galinha do mato, gosta é de estar no mato”.
Fábio Gabriel, o construtor de machadas
Andava à procura de comprar uma machada nova, e acabou por comprar todo o espólio de um dos mais conhecidos fabricantes da machada corticeira. Com 36 anos, nado e criado no meio de tiradores de cortiça e de homens da floresta, Fábio Gabriel é hoje o mais novo serralheiro a levar à forja as reconhecidas machadas montargileiras.
António Matias, o tirador de cortiça
Começou a trabalhar com seis anos de idade e só parou aos 82. Foi preciso um AVC para António Matias pousar as machadas corticeiras e as enxós com que toda a vida tirou cortiça – é dos poucos tiradores que ainda sabe usar a enxó para tirar cortiça aos galhos velhos dos sobreiros. Já fez de tudo na sua longa vida de agricultor – e ainda faz parte do grupo Os Camponeses, de Santana do Mato.