Guia com tudo o que precisa saber para visitar Salzedas, no concelho de Tarouca, distrito de Viseu. Inclui o que fazer na aldeia – monumentos, mosteiros e passeios -, onde ficar hospedado, mapas e contactos úteis.
O que fazer em Salzedas
Visitar a Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas…
Localizado na aldeia vinhateira de Salzedas, o Mosteiro de Santa Maria é um complexo monástico masculino da Ordem de Cister que atualmente integra a Rede de Monumentos do Vale do Varosa. É um dos monumentos mais visitados da região do Douro e Varosa.
Contando no seu espólio com trabalhos de alguns dos maiores nomes da pintura em Portugal, como Vasco Fernandes (Grão Vasco), Bento Coelho da Silveira ou Pascoal Parente, com a extinção das Ordens Religiosas em Portugal em 1834, a igreja foi convertida em igreja paroquial e parte das dependências monásticas vendidas a privados. Classificado Monumento Nacional em 1997, em 2002, ao abrigo de protocolo com a Diocese de Lamego, o Estado Português iniciou o progressivo restauro dos edifícios e espólio.
in Direção Regional de Cultura do Norte
A título de curiosidade, refiro que fazem parte da Rede de Monumentos do Vale do Varosa apenas cinco monumentos. A saber: a Ponte Fortificada de Ucanha; a Capela de São Pedro de Balsemão e o Convento de Santo António de Ferreirim (ambos no concelho de Lamego); e os mosteiros de Santa Maria de Salzedas e de São João de Tarouca. Fica a sugestão.
O Mosteiro de Santa Maria de Salzedas está aberto de terça-feira a domingo. Às terças o horário é das 14h00 às 18h00, enquanto que de quarta a domingo o mosteiro abre ao público das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. A entrada tem um custo de 3€ por pessoa. Note que é possível agendar visitas guiadas ao mosteiro através do e-mail valedovarosa.visitar@culturanorte.gov.pt.
… e o museu do mosteiro
Ao lado da igreja encontra-se a porta que dá acesso ao museu, onde entrei sem grandes expectativas. Visto de fora, aliás, ninguém imagina o que se esconde para lá das grossas paredes de pedra.
No núcleo museológico é possível caminhar pelos claustros do mosteiro; conhecer uma cela da noviciaria, onde dormiam os monges; e visitar a exposição Fragmentos. Expressões da Arte Religiosa do Mosteiro de Santa Maria de Salzedas, onde se exibem várias obras de arte e alguns dos capitéis retirados da igreja.
Mas talvez o mais impressionante seja mesmo a antiga sacristia da igreja. Além dos belíssimos azulejos, chama a atenção um monumental arcaz de pau santo, onde os monges guardavam os paramentos; e ainda um curioso amituário, móvel onde os monges guardavam o seu amito (golas de linho usadas nas cerimónias religiosas).
Absolutamente indispensável ao decidir o que fazer em Salzedas. Não se fique pela igreja!
O museu está aberto das 9h30 às 13h00 e das 14h30 às 18h00. A entrada custa 3€ por pessoa.
Explorar o Bairro do Quelho / Antiga Judiaria de Salzedas
Tradicionalmente considerada a antiga Judiaria de Salzedas (embora não haja certezas sobre a presença de judeus na aldeia), o Bairro do Quelho corresponde, antes de mais, ao “primitivo aglomerado urbano gerado em torno do mosteiro medieval”.
Para o visitante, vale sem dúvida cirandar pelas estreitas e sinuosas ruelas do Quelho, pese embora o mau estado de conservação de muitos dos edifícios. Ali, poderá reparar nos vestígios dos belíssimos alpendres de madeira muito comuns em Salzedas, e absorver o ambiente da aldeia.
Ponte Românica de Vila Pouca de Salzedas
A poucas centenas de metros do coração da aldeia encontra-se a Ponte Românica de Vila Pouca de Salzedas onde, nas palavras da Junta de Freguesia, “existem três moinhos de rodízio, únicos no concelho, porque os três têm características diferentes devido ao cereal que moíam: milho, centeio e cevada”.
Não creio ser fundamental para o comum dos viajantes, mas, caso tenha tempo e não saiba o que fazer em Salzedas, não deixa de ser uma caminhada curta e interessante até à ponte.
Apreciar as vistas a partir do Miradouro da Capela de Nossa Senhora da Piedade
Ao final da tarde, recomendo uma curta visita à Capela de Nossa Senhora da Piedade. Quer dizer, provavelmente encontrará a capela encerrada, mas as vistas sobre a aldeia e o vale justificam a deslocação ao miradouro envolvente. Fica a sugestão.
Fazer o trilho Douro e Cister (PR2 AMM-TRC)
A Pequena Rota Douro e Cister é um percurso pedestre com 28 km de extensão, que liga Folgosa, nas margens do rio Douro (Armamar), à aldeia vinhateira de Salzedas (Tarouca). O trilho percorre um “território de contrastes”, começando junto ao rio com a cultura da vinha em solo xistoso, no norte do concelho de Armamar; passando para os solos argilosos e graníticos do planalto beirão, onde ponfiticam inúmeros pomares de maçãs (Armamar é o maior produtor nacional de maçã e gosta de ser considerada a Capital da Maçã de Montanha); até chegar ao Mosteiro de Santa Maria de
Salzedas, ponto final da caminhada.
Dito isto, o percurso pode naturalmente ser feito em sentido inverso. Mas não é uma caminhada acessível a toda a gente, principalmente por causa da distância.
Para mais informações sobre a Pequena Rota Douro e Cister, veja o folheto informativo (pdf) publicado pela Câmara Municipal de Armamar.
Visitar as Caves da Murganheira
Mesmo para os não apreciadores de vinhos espumantes, visitar as caves da Murganheira é uma experiência magnífica. São centenas de milhares de garrafas que repousam no frio húmido das caves de pedra, proporcionando um espetáculo visual maravilhoso.
Além disso, a visita permite conhecer – e compreender! – o processo vínico da produção do espumante Murganheira, pelo que é uma atividade que recomendo vivamente durante a estada na região de Salzedas.
As terras férteis do vale do Varosa são o berço dos vinhos e espumantes Murganheira, desde sempre associados aos mais altos padrões de qualidade.
in site oficial da Murganheira
As visitas guiadas às caves Murganheira duram sensivelmente 30 minutos e têm lugar de terça-feira a sábado, com início às 09:30, 10:30, 11:30, 14:30, 15:30 e 16:30. Para mais informações, escreva para visitasmurganheira@gmail.com ou ligue o 254 670 185.
Visitar o Mosteiro de São João de Tarouca
Tido como o “primeiro mosteiro masculino cisterciense edificado em território português”, o Mosteiro de São João de Tarouca era uma construção imponente recentemente requalificada. Infelizmente, resta pouco mais do que a igreja.
O ano de 1834 viria a ditar a sucessiva decadência do edificado, consequência direta do decreto da extinção das Ordens Religiosas. A igreja foi convertida em igreja paroquial e as dependências monásticas foram vendidas em hasta pública e os seus edifícios explorados como pedreira até ao início do século XX.
in site oficial do projeto Vale do Varosa
“Na Casa da Tulha, antigo celeiro monástico, o visitante pode ver a reconstituição tridimensional do Mosteiro, sendo este o espaço que acolhe o centro interpretativo do sítio”.
O Mosteiro de São João de Tarouca está aberto de terça-feira a domingo, das 10h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00. A entrada tem um custo de 3€ por pessoa. Note que é possível agendar visitas guiadas ao mosteiro através do e-mail valedovarosa.visitar@culturanorte.gov.pt.
Visitar a aldeia de Ucanha
Localizada na margem direita do rio Varosa, um dos afluentes do grande Douro, Ucanha é uma antiga freguesia do concelho de Tarouca conhecida pela sua torre e ponte fortificada. Fica a apenas 3 km de Salzedas.
Uma vez em Ucanha, pode subir à torre; dar um mergulho na praia fluvial; conhecer as ruínas da abadia velha; e, claro, provar os Milhos no Pote, ex-libris gastronómico da região. Veja, a esse respeito, o artigo sobre o que fazer em Ucanha.
Provar Milhos no Pote
Como referido, estando tão perto de Ucanha seria uma pena não passar por lá para provar os Milhos no Pote confecionados com muita dedicação por Filomena Matias no seu restaurante Tasquinha do Matias. Trata-se de um prato feito com milho, couves e carnes diversas, e cozinhado num tradicional pote de ferro. É delicioso! O restaurante fica junto à ponte fortificada de Ucanha.
Gastronomia e onde comer
Não há atualmente qualquer restaurante na aldeia de Salzedas; mas, felizmente, Ucanha fica a apenas 3 km de distância. Penso ser unânime a afirmação de que a referida Tasquinha do Matias é o melhor restaurante de Ucanha. Dos pratos do dia ao afamado prato Milhos no Pote, passando pelas sobremesas caseiras, tudo o que provei estava absolutamente divinal. Alternativamente, experimente também o restaurante Casa da Eira, igualmente localizado na aldeia de Ucanha.
Caso prefira jantar em Tarouca, posso dizer que fiz uma refeição no restaurante Lumik e gostei bastante (bom e barato). Fica a 5 km de Ucanha.
A terminar as dicas gastronómicas, deixo uma última sugestão. Estando em Salzedas, procure a dona Rumilde, uma biscoiteira perita no tradicional Doce da Teixeira – uma arte que tem passado ao longo das gerações da sua família. Infelizmente, quando visitei Salzedas ela tinha sido operada, pelo que não estava a trabalhar. Mas fica a dica.
Onde ficar em Salzedas
Na aldeia de Salzedas propriamente dita não há muitas opções de alojamento. Ainda assim, fiquei hospedado na excelente Casa da Fonte, a dois passos do mosteiro, e só tenho elogios a fazer ao alojamento e ao seu proprietário, Duarte Morais.
Fora da aldeia, ficará bem instalado na excelente Casa da Botica, recentemente recuperada na vizinha aldeia de Ucanha; na Quinta da Vinha Morta, um belíssimo turismo rural em Gouviães; ou ainda nas várias casas do projeto Cascata do Varosa.
Por fim, caso prefira o ambiente de hotel, o Douro Cister é provavelmente a maior referência hoteleira da região. Fica a 2 km da aldeia de Salzedas, tem piscina, vista para o rio Varosa e boas referências por parte dos hóspedes.
Seja como for, pesquise alojamento em Salzedas (e proximidades) usando o link abaixo, tendo o cuidado de reservar com a máxima antecedência possível.
Quantos dias dormir na aldeia
Depende, obviamente, do objetivo da visita. Como turista, um dia dá para ficar com uma excelente ideia da aldeia de Salzedas (é muito pequena!), visitar o mosteiro e as caves da Murganheira e fazer um ou outro passeio nas redondezas.
Mas, na minha opinião, para vivenciar um pouco melhor a vida na aldeia, conhecer os seus habitantes e explorar o concelho de Tarouca convém, naturalmente, delongar-se um pouco mais – um fim de semana completo, por exemplo. Assim, recomendo vivamente que pernoite em Salzedas ou na vizinha Ucanha, passando pelo menos dois dias na região.
Seguro de viagem
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Mais sobre Salzedas
Salzedas: a banda, o mosteiro e a flor do sabugueiro
O mosteiro cisterciente de Salzedas impõe-se junto ao conjunto de casas que se amontoam à sua volta, como um colosso que tudo sublima à sua volta. Os salzedenses têm muito orgulho no seu mosteiro, na sua banda filarmónica – a mais antiga do país! – e nas suas árvores de sabugueiro.
Ler artigo Salzedas: a banda, o mosteiro e a flor do sabugueiro
Graça Ferreira, a comerciante
Trocou o emprego seguro e bem remunerado de mais de 20 anos para ficar atrás do balcão da única mercearia existente na aldeia de Salzedas. Mais do que um local de comércio, Graça Ferreira está à frente de um estabelecimento onde, afinal, também se fazem serviços sociais. Foi uma das primeiras mulheres a integrar a Banda Sinfónica de Salzedas, tinha 15 anos.
António Malagóia, o tocador de pratos
Tem 58 anos de idade, é pedreiro, e ainda tentou uma vida de imigrante na Suíça. Mas não aguentava estar afastado da banda filarmónica de Salzedas, coletivo que integra há 34 anos. É tocador de pratos e o elemento mais antigo da mais antiga banda filarmónica de Portugal. “Com muito gosto”.
Cátia Custódio, a veterinária
Crescer numa família que sempre adorou a terra natal moldou-lhe a vontade. Nasceu e cresceu em Madrid, mas aos 13 anos mudou-se de vez para Salzedas. Fez o ensino secundário em Tarouca e o curso de veterinária na Universidade de Vila Real, e hoje é uma orgulhosa executiva na Junta de Freguesia local.
António Almeida, o professor
Filho de professores primários que andavam com a casa as costas, tornou-se um deles e instalou-se em Salzedas, onde ocupou muitos cargos e funções. Assinou um livro de recolha das tradições e cantares, e impulsionou os encontros de janeiras para chamar a atenção para a degradação do mosteiro. Com quase 80 anos de idade, é um homem respeitado.