Guia com tudo o que precisa saber para visitar São Pedro do Corval, na freguesia de Corval, distrito de Évora. Inclui o que fazer na aldeia – museus, olarias e vários produtos artesanais -, onde ficar hospedado, mapas e contactos úteis.
O que fazer em Corval
Visitar a Casa do Barro – Centro Interpretativo da Olaria de São Pedro do Corval
É sabido que São Pedro do Corval é tido como “o maior centro oleiro da Península Ibérica”. Uma aldeia com cerca de duas dezenas de olarias em funcionamento, algumas das quais continuam a utilizar métodos de produção artesanais.
Ora, a Casa do Barro – Centro Interpretativo da Olaria de São Pedro do Corval, instalada no edifício de uma antiga olaria, tem por objetivo a “preservação da arte oleira”, “promovendo e divulgando a olaria enquanto património material e imaterial, potencializando uma intervenção ativa por parte dos oleiros”.
Na Casa do Barro encontram-se dois fornos de lenha antigos, outrora usados para cozer a loiça de barro; além de exposições – permanentes e temporárias – dos mestres oleiros e ceramistas da região.
É, para mim, um local de visita obrigatória durante a estadia em São Pedro do Corval.
Conhecer a olaria O Patalim
Rui Patalim é um dos mais novos oleiros no ativo em São Pedro do Corval. Trabalhador incansável, Patalim trabalha numa olaria de dimensões consideráveis, junto à loja onde os visitantes podem apreciar – e comprar! – as peças criadas na sua roda.
Como é evidente, há várias outras olarias e lojas que pode visitar em São Pedro do Corval, nomeadamente as olarias dos mestres Joaquim Tavares e Joaquim Lagareiro, a olaria Polido & Filho ou a Olaria Bulhão. Dito isto, a de Rui Patalim é, seguramente, uma das mais interessantes.
Igreja de São Pedro do Corval
Deambular pelas ruas da aldeia e conviver com os habitantes da aldeia é, seguramente, uma das coisas mais prazeirosas que se pode fazer em São Pedro do Corval. Ora, nessas deambulações será incontornável passar junto à Igreja de São Pedro do Corval, construída no início do século XIX na pequena praça central da aldeia alentejana.
Aproveitando para entrar, encontrará um espaço simples mas bem conservado. Eis algumas palavras da autarquia sobre a igreja.
Da sua decoração exterior constam alguns elementos pombalinos, e no interior destacam-se os revestimentos a mármore. Nos altares laterais, que compõem o corpo principal da igreja, encontramos as imagens de São José, do Menino Jesus, de Nossa Senhora das Dores, de São Sebastião e de Santa Rita de Cássia.
in site oficial da Câmara Municipal de Reguengos de Monsaraz
Em suma, se não sabe o que fazer em São Pedro do Corval, mas tem vontade de conhecer a fundo a aldeia, não deixe de visitar a igreja, ainda que de forma breve.
Fazer uma prova de gin na destilaria Alqueva Lake Gin
Provar um gin artesanal era algo que não estava à espera de fazer em São Pedro do Corval. Mas a verdade é que o Alqueva Lake Gin, nascido das mãos de Marcelo Pinto e sua esposa, foi uma agradável surpresa.
Fica a sugestão de passar no espaço de degustação na aldeia de São Pedro do Corval.
Beber uma cerveja duMato
Tão ou mais surpreendente foi encontrar quem produza cerveja artesanal em São Pedro do Corval. João Teixeira, o permacultor cervejeiro, é o responsável pela cerveja duMato, que provei com imenso prazer. Indague nos cafés e restaurantes da aldeia alentejana – não se vai arrepender.
Conhecer a Fábrica das Mantas e Tapetes Alentejanos
Apesar de não ficar em São Pedro do Corval, mas sim em Reguengos de Monsaraz, sede de concelho, seria uma pena estar na região e não aproveitar para visitar a Fabricaal – Fábrica Alentejana de Lanifícios.
Desde a sua fundação oficial em 1930, a Fábrica Alentejana de Lanifícios tem sido um polo de desenvolvimento artístico, com a criação de uma imagem de marca que se mantém até hoje, através dos padrões característicos que se tornaram particularmente reconhecidos e procurados durante o século XX. Esta arte, que foi mantida ao longo dos anos, conhece agora uma nova vida, com novos produtos, conceitos e cores, que transformam um objeto que tinha uma única função específica – a Manta – num elemento que é essencialmente decorativo, na forma de manta, tapete, passadeira, puf, mala, saco.
in site oficial da Fabricaal
Lá poderá encontrar os típicos – e lindíssimos! – tapetes e mantas alentejanas, bem como outros produtos feitos com o mesmo material e padrões, incluindo carteiras, almofadas e outros acessórios.
Horário: de segunda a sexta-feira, entre as 10:00 e as 17:00.
Explorar a aldeia de Monsaraz
Beneficiando de uma posição altaneira com vista sobre a albufeira do Alqueva, não é segredo que Monsaraz é uma das aldeias mais bonitas de Portugal. As suas ruelas empedradas, de casas caiadas de branco, o contraste com a pedra e um castelo rodeado de paisagens deslumbrantes fazem de Monsaraz paragem obrigatória para quem visita o interior alentejano.
Na verdade, a aldeia percorre-se de ponta a ponta em poucos minutos. Mas é um prazer deixar-se estar, deambular pelas ruelas secundárias, apreciar o ambiente histórico e relaxado e… contemplar. Monsaraz é um lugar para aproveitar com calma. Fica a 9 km de São Pedro do Corval.
Se puder, evite visitar Monsaraz durante o fim de semana. É quando a aldeia fica cheia de turistas, perdendo algum do seu encanto e tranquilidade. Sendo impossível, não deixe de a conhecer; mas vá preparado para dividir a aldeia com muita gente.
Gastronomia e onde comer
Várias pessoas referiram o restaurante Adega do Cachete como sendo o melhor de São Pedro do Corval, mas, infelizmente, esteve sempre encerrado durante os dias em que visitei a aldeia. Fica a referência, caso queira provar algumas das iguarias da gastronomia alentejana – Ensopado de Borrego, Cozido de Grão, Migas à alentejana com carne frita, Sopa de cação, Pezinhos de coentrada ou Gaspacho, por exemplo. Alternativamente, experimente o restaurante A Tarefa (mais barato).
Dito isto, acabei por experimentar um snack-bar simples e despretensioso que me surpreendeu pela positiva. Chama-se Dias, é gerido por um profissional simpático e competente e serve pratos rápidos mas bons. Fica na Rua da Estação (muito perto da Adega do Cachete).
Por fim, caso prefira jantar em Reguengos de Monsaraz, não deixe de experimentar o restaurante O Barril. Fica a pouco mais de 6 km de São Pedro do Corval.
Produtos regionais de fabrico artesanal
Além das já referidas mantas alentejanas, não faltam produtos artesanais regionais criados em São Pedro do Corval. Desde logo, as lindíssimas cerâmicas de Célia Macedo e as peças criadas nas olarias tradicionais, como as de Rui Patalim ou Joaquim Tavares. Mas também as peças de Sandra Pinto, incluindo a emblemática peça “Os vizinhos”, que pode encontrar em D’ Évora com amor.
De resto, há três outros produtos artesanais com raízes na freguesia que não poderia deixar de referir: as malas em borracha feitas à mão sob a marca VADA; os produtos Alqueva Lake Gin; e a cerveja artesanal duMato. Experimente.
Onde ficar em São Pedro do Corval
Há, em São Pedro do Corval, várias casas de alojamento local de grande qualidade, que permitem pernoitar no centro da aldeia – ou muito perto. Entre elas, o grupo de casas conhecido como Casas de Taipa, composto pela Casa do Compadre, a Casa do Lêntejo, a Casa dos Vizinhos e a Casa da Comadre.
São todas igualmente recomendáveis; veja apenas a que mais se adequa ao seu grupo. A esse respeito, a Casa dos Vizinhos é a maior – foi lá que fiquei hospedado quando visitei São Pedro do Corval.
Referência ainda para a moradia 17 da Rua da Estação, localizada a dois passos do Centro Interpretativo da Olaria. E, caso necessite de uma casa maior, veja a casa Recanto da Praça ou Villa do Frade (um pouco mais cara, mas de excelente qualidade).
Seja como for, pesquise alojamento em São Pedro do Corval (e proximidades) usando o link abaixo, tendo o cuidado de reservar com a máxima antecedência possível.
Quantos dias dormir na aldeia
Depende, obviamente, do objetivo da visita. Como turista, um dia dá para ficar com uma excelente ideia da aldeia de São Pedro do Corval, visitar as olarias e fazer um ou outro passeio nas redondezas.
Mas, na minha opinião, para vivenciar um pouco melhor a vida na aldeia, conhecer os seus habitantes e explorar o concelho de Corval convém, naturalmente, delongar-se um pouco mais – um fim de semana completo, por exemplo. Assim, recomendo vivamente que pernoite em São Pedro do Corval (em vez de ir e voltar no mesmo dia), passando pelo menos dois dias na região.
Seguro de viagem
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Mais sobre Corval
Corval, a magia do barro
Há mais de duas dezenas de olarias em São Pedro do Corval, mas não chegam aos dedos de duas mãos os oleiros que sabem tudo da arte e se podem chamar de mestres. Nesta aldeia de Reguengos de Monsaraz tradição ainda é o que era, mas a sua reinvenção parece urgente – e já está a dar sinais no terreno.
Joaquim Tavares, o mestre
Escrever versos é apenas uma das muitas facetas do mestre Joaquim Tavares, com 70 anos de idade e 50 de ofício – um ofício que partilha com o fascínio pelas plantas e pela fitoterapêutica. É o ultimo mestre a fazer ânforas e talhas de vinho em São Pedro do Corval.
Célia Macedo, a ceramista
Ribatejana, licenciada em arquitetura, doutorada em habitação, investigadora e diretora de mestrados na Escola de Arquitetura de Sheffield, no Reino Unido, Célia Macedo, 41 anos, trocou tudo para ir para São Pedro do Corval aprender a arte da olaria e trazer o género feminino à atividade.
Maurício Rebocho, o radialista
Foi uma das primeiras rádios piratas lançadas em Portugal e continua a emitir diariamente, 24 horas por dia, a partir de São Pedro do Corval. Maurício Rebocho, 66 anos professor primário, marionetista e divulgador cultural, é também a companhia das manhãs de todos aqueles que, espalhados pelo Alentejo e pelo mundo, têm nos seus discos pedidos um momento alto do dia.
Rui Patalim, o oleiro
Cresceu no meio dos potes de barro, e não há nenhum exagero nisto. Rui Patalim é filho, neto e trineto de oleiro e um dos mais novos mestres oleiros de São Pedro do Corval. Trabalha muito, e muito rápido. E ainda assim não tem tempo para quase nada.
Marcelo Pinto, o destilador
A experiência de um familiar que produz aguardente vínica em Baião levou-o a querer experimentar fazer uma destilaria em pleno Alentejo. Teria de ser em São Pedro do Corval, a aldeia onde nasceu e da qual nunca quis sair. Marcelo Pinto, 35 anos, abriu com a mulher um negócio familiar e lançou o Alqueva Gin. Ambos esperam que o negócio prospere e possa criar emprego para mais gente da aldeia.
Sandra Pinto, a vizinha
Nascida e criada em Lisboa, formou-se em geografia, mas foi professora durante apenas seis anos. Trocou a docência pelo figurado em barro e sonhava com uma casa no campo para a reforma. Decidiram ir viver na aldeia onde tinham uma casa de férias, e assim chegaram a São Pedro do Corval com duas filhas adolescentes.
João Teixeira, o permacultor cervejeiro
João Teixeira é natural de Sintra e trabalhou décadas no setor financeiro até que decidiu mudar de vida. Pensou em dedicar-se à agricultura e agora divide essa paixão com a arte de fazer cerveja. Escolheu São Pedro do Corval pela vida comunitária que ali encontra.